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À revelia, ex-presidente da Tunísia e esposa são condenados a 35 anos de prisão

20 de junho de 2011

O processo do ex-presidente tunisino Zine El Abidine Ben Ali e da esposa teve lugar esta segunda-feira na capital do país do norte africano. Tribunal estabeleceu multas equivalentes a 46 milhões de euros.

Ex-presidente da Tunísia, Ben Ali, contesta todas as acusações de que é alvoFoto: picture-alliance/dpa

O ex-presidente tunisino, que foi julgado à revelia, continua no exílio na Arábia Saudita. Ben Ali e a esposa, Leila Trabelsi, eram nomeadamente acusados da posse de grandes quantidades de dinheiro e jóias, bem como estupefacientes e armas. Eles foram condenados a 35 anos de prisão cada um. As penas são acompanhadas de multas de 25 milhões de euros para Ben Ali e de 20,5 milhões de euros para a sua esposa.

Na Tunísia, as reações concernentes ao julgamento à revelia de Ben Ali e Leila Trabelsi são várias: "Quero ver Ben Ali na prisão... é só isso", ri-se Mohammed, ao manifestar esse desejo. Ri, porém está muito descontente com a política que Ben Ali levou a cabo durante 23 anos na Tunísia. Os cinco meses decorridos desde a fuga do ex-presidente destituído não limparam da memória dos tunisinos todos os rancores.

Leila Trabelsi, esposa do ex-presidente da Tunísia, Ben Ali, também julgada à revelia por um tribunal de TunesFoto: dapd

"Processo não será transparente"

A esposa do ex-chefe de Estado, Leila Trabelsi, é também objeto de inúmeras críticas. Co-acusada do seu marido, ela também se encontra na Arábia Saudita - que recusa extraditar o casal presidencial deposto.

Muitos cidadãos tunisinos, entre eles Taoufik, lamentam que os acusados não estiveram presentes no tribunal para responderem sobre os seus atos. "Gostaria que estivessem no tribunal para poderem defender-se. É importante", afirmou. "Mas o processo é principalmente organizado pela opinião pública". Antes de conhecer a sentença, Taoufik dizia que "está claro que Ben Ali vai ser condenado a 200 ou 300 anos de prisão, mas isso não vai mudar nada".

Um outro tunisino, Nabil, acrescentou que "não esperava nada deste processo porque não seria transparente. Acusa-se Ben Ali de tráfico de armas e de drogas, mas ele fez muito pior do que isso", avalia.

Mais de 90 acusações foram recenseadas contra Ben Ali e seus colaboradores mais próximos. Os inquiridores terão encontrado também 27 milhões de dólares em notas pequenas num dos palácios presidenciais.

Ben Ali rompe silêncio e recusa acusações

Pouco antes da abertura do processo, Ben Ali decidiu romper o silêncio e através dos advogados de defesa recusou todas as críticas e acusações que pesam contra ele.

Segundo a defesa, Ben Ali nunca terá estado na posse de 27 milhões de dólares em dinheiro líquido. No que concerne às armas, foram sempre armas de caça, presentes dos chefes de Estado estrangeiros que visitaram a Tunísia.

A defesa denunciou, por outro lado, o que considerou ser "a justiça dos vencedores". Um dos advogados disse que vai exigir mais tempo, por forma convencer o acusado a deslocar-se pessoalmente ao tribunal.

Observadores notam que alguns quadros do regime Ben Ali se encontram ainda a ocupar cargos na administração do país. Daí que muitos pensem que este processo possa ser o primeiro de uma longa série.

Protestos na Tunísia que derrubaram Ben Ali, em janeiro deste ano; ele deteve poder por 23 anosFoto: picture alliance/dpa

Autor: Marc Dugge (Rabat) / António Rocha

Edição: Renate Krieger

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