Na União Europeia ponderam-se medidas para reduzir os sacos de plástico, mas há muito que estes já são proibidos em Marrocos, na Mauritânia, na Tanzânia e no Ruanda. Em 2017, o Quénia juntou-se ao grupo.
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Em agosto de 2017, o Quénia tornou ilegal produzir, vender e usar sacos de plástico. Significa que até quem visita o país terá de cumprir com a lei. Por exemplo, quem chegar ao aeroporto com os sacos duty free, terá de os deixar lá. Quando a lei saiu, estimava-se que, cada mês, o país usasse cerca de 24 milhões de sacos de plástico.
Njoki Mukiri trabalha como inspetora ambiental em Nairobi. Passeia por um mercado e a sua função é assegurar que ninguém continua a usar sacos de plástico. Apesar de grande parte já cumprir a lei, há que fazer inspeção para se alcançarem objetivos.
Fiscalização é necessária
"Temos de andar por aí e ver o que se passa. Ainda que possamos dizer que 80% já está em conformidade com a lei, ainda há muito para fazer. Estamos a apontar para estarmos mesmo livres de plástico dentro de dois anos”, conta.
Há dois meses, Njoki Mukiri encontrou um monte de sacos de plástico num mercado de carne. Dez talhantes foram presos na sequência do incidente. Na altura, a inspetora não foi muito bem recebida pelos comerciantes mas hoje garante que já está tudo bem e contribuiu para que mais gente cumprisse a lei.
Antes da proibição de sacos de plástico, até se viam árvores cobertas de sacos de plástico. Priscilla Mamadi, é uma pastora perdeu quase 50 cabeças de gado devido à poluição de plástico. Para ela, a lei veio melhorar a situação.
"A situação melhorou, há menos sacos de plástico. O campo costumava estar coberto de sacos, agora está muito mais limpo”, disse.
Todos os anos, só as lojas davam mais de 100 milhões de sacos de plástico aos clientes. Hoje, as pessoas usam sacos feitos de materiais mais sustentáveis. Mas nem toda a gente obedece à lei.
Totalmente ilegal, como as drogas
Njoki Mukiri também inspeciona empresas que fazem embalagens plásticas, que têm de seguir regras estritas, pois nem todo o tipo de embalagens são permitidas. Numa delas empresas, Mukiri deparou-se com a produção de sacos de plástico que vão contra a lei. Para ela, esta é uma batalha muito séria.
África à frente da Europa na guerra ao plástico
"Sacos de plástico, já passámos essa fase. Ponto final. Está na lei. É quase como uma guerra contra drogas. É totalmente ilegal no Quénia”, explica.
Não cumprir a lei tem um preço, com multas que podem ir até 30 mil euros ou 4 anos a prisão. E o gestor da empresa incumpridora ficará sob custódia. É um grande preço a para pagar, mas o Quénia espera que estas leis ajudem o país a ficar livre de sacos de plástico para sempre.
Outros exemplos
O Quénia não é caso único em África. No Ruanda, os sacos de plástico já são proibidos há 10 anos, havendo uma "política de tolerância zero” contra esses sacos.
O Zimbabué também já implementou políticas que proíbem embalagens feitas a partir de certos tipos de materiais que são prejudiciais para o ambiente.
Em média, todos os anos, mais de 600 mil milhões de sacos de plástico são produzidos a nível mundial.
Rios de Plástico
Segundo um estudo, 90% do plástico encontrado nos oceanos chega através de dois rios em África e oito na Ásia. Saiba quais são os rios que mais despejam plástico no mar e os problemas ambientais que enfrentam.
Foto: Imago/Zumapress
África - Rio Nilo
O Rio Nilo atravessa 11 países africanos antes de desaguar no Mediterrâneo, no Egito. Cerca de 360 milhões de pessoas vivem na sua bacia hidrográfica. As suas águas apoiam a agricultura, principal atividade económica da região. A irrigação e a evaporação impedem o Nilo de chegar ao mar, nos períodos secos. É o quinto na lista dos rios que mais despejam plástico no mar.
Foto: Imago/Zumapress
Rio Níger
O Níger é o principal rio da África Ocidental - apoia mais de 100 milhões de pessoas - e é um dos ecossistemas mais exuberantes do planeta. Atravessa cinco países, antes de desaguar no Oceano Atlântico, na Nigéria. Além do plástico, a construção de barragens está a afectar a disponibilidade de água. Frequentes derrames de petróleo no Delta do Níger causaram uma contaminação generalizada da água.
Foto: Getty Images
Ásia - Rio Yangtzé
Yangtzé é o rio mais longo da Ásia e o terceiro mais longo do mundo. Está no topo da lista dos rios que mais levam resíduos plásticos aos oceanos, do Centro Helmholtz para Pesquisa Ambiental. O Yangtzé desagua no mar da China Oriental, perto de Xangai, e é crucial para a economia e a ecologia do país. Sua bacia é o lar de 480 milhões de pessoas.
Foto: Imago/VCG
Rio Indo
O Centro Helmholtz para Pesquisa Ambiental descobriu que 90% do fluxo de plástico para os oceanos pode ser atribuído a dez rios. O Indo ocupa o segundo lugar na lista. Um dos maiores rios da Ásia, atravessa partes da Índia e do Paquistão até chegar ao mar da Arábia. Enquanto muito plástico é descartado no rio devido a falhas na infraestrutura de resíduos, o despejo de esgotos também contribui.
Foto: Asif Hassan/AFP/Getty Images
Rio Amarelo
O plástico pode entrar na cadeia alimentar, quando os peixes e outros animais marinhos e de água doce o ingerem. O rio Amarelo, berço da civilização chinesa, é o terceiro da lista dos que mais despejam resíduos plásticos nos oceanos. Além disso, a poluição contaminou grande parte de sua água. Cerca de 30% das suas espécies de peixes também desapareceram.
Foto: Teh Eng Koon/AFP/Getty Images
Rio Hai
Também na China, o Hai ficou em quarto lugar no ranking. Liga duas das áreas metropolitanas mais populosas da China, Tianjin e Pequim, antes de entrar numa das vias marítimas mais movimentadas do mundo, o Mar de Bohai. Segundo o estudo, os rios estão localizados em áreas densamente povoadas, com falta de infraestruturas de eliminação de resíduos e pouca consciência de reciclagem.
Foto: Imago/Zumapress/Feng Jun
Rio Ganges
O Ganges é fundamental para a vida espiritual indiana e fornece água a mais de meio bilião de pessoas. Devido ao despejo de esgotos e resíduos agrícolas e industriais, é um dos rios mais poluídos do mundo. Grandes quantidades de plástico são descartadas no Ganges. Limpar - como estudantes estão a fazer nesta imagem - é importante, mas especialistas aconselham parar a poluição na fonte.
Foto: Getty Images/AFP/S. Kanojia
Rio das Pérolas
Trabalhadores limpam os resíduos flutuantes do notoriamente sujo rio das Pérolas, na China. Ele desagua no mar da China Meridional, entre Hong Kong e Macau. O fluxo de esgoto e resíduos industriais no delta do rio, deve-se à incrível taxa de expansão urbana da região. Desde o final da década de 1970, o delta transformou-se numa das maiores áreas urbanas do mundo.
Foto: Getty Images/AFP/Goh Chai Hin
Rio Amur
É nas áreas urbanas e industriais que os rios sentem os piores efeitos da poluição. Ainda assim, de acordo com estudos recentes, detritos plásticos são encontrados mesmo em locais remotos e "prístinos". O rio Amur nasce nas colinas do nordeste da China e forma grande parte da fronteira entre a província chinesa de Heilongjiang e a Sibéria, na Rússia, antes de desaguar no mar de Okhotsk.
Foto: picture-alliance/Zumapress/Chu Fuchao
Rio Mekong
As barragens estão a ter grandes impactos ecológicos e sociais no Mekong. Cerca de 20 milhões de pessoas vivem no Delta do Mekong. Muitos dependem da pesca e da agricultura para sobreviver. O rio flui por seis países do Sudeste Asiático, incluindo o Vietname e o Laos, e é o décimo na lista dos que transportam cerca de 90% das oito milhões de toneladas de plástico lançadas nos mares, a cada ano.