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África Austral: "A cólera não conhece fronteiras"

José Adalberto
7 de fevereiro de 2024

OMS alerta para risco de epidemia na África Oriental e Austral. Angola e Moçambique estão vigilantes. Presidente João Lourenço diz que é "urgente" resposta "coordenada e eficaz" entre os países da SADC.

Vacinas contra a cólera
Foto: JEKESAI NJIKIZANA/AFP/Getty Images

A cólera representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável dos povos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Os países da região desdobram-se em ações de modo a responder de forma eficaz ao aumento dos casos da doença.

Esta terça-feira (06.02), a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que em janeiro houve um aumento "grave dos casos de cólera" em dez países da região Oriental e Austral, incluindo Moçambique, e alertou para o risco de uma epidemia. 

Presidente angolano, João LourençoFoto: João Carlos/DW

Na abertura da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da SADC dedicada à questão, no fim de semana, o Presidente angolano, João Loureço, que assume atualmente a presidência rotativa da organização, defendeu a necessidade de uma maior interação e cooperação no combate à doença, pois, disse, "a crise de saúde pública que assola a região representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar dos povos".

O Presidente angolano defendeu ainda que é necessária, e "urgente", uma "resposta coordenada e eficaz", uma vez que "a cólera não conhece fronteiras e exige uma abordagem regional para a enfrentar".

Cólera em Angola

A última vez que Angola enfrentou um surto de cólera foi entre 2016 e 2017. A doença afetou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com um total de 252 casos e 11 mortes.

Neste momento, o Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Mundial de Saúde, elaborou um plano nacional de contingência, com medidas de prevenção e resposta. As autoridades sanitárias estão a reforçar a vigilância e outras medidas em zonas de alto risco ao longo da fronteira com a Zâmbia e a República Democrática do Congo - que enfrentam surtos prolongados da doença.

Em entrevista à DW, Walter Firmino, oficial de emergência da OMS em Angola, explica que "o plano foi elaborado para fazer face a três etapas do possível surto: pré epidémica, durante e pós. Ou seja, no momento da prevenção, a resposta e recuperação".

11 mil casos em Moçambique desde outubro

Já em Moçambique, o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direção Nacional de Saúde Pública e com dados até 31 de janeiro, regista um acumulado de quase 11 mil casos de cólera desde 1 de outubro de 2023. O documento avança ainda que foi registada, no mês passado, a 26ª vítima mortal do atual surto.

Nelson Clinton, mestre em saúde pública, considera que o combate à cólera passa também pela aposta na educação das populações sobre as medidas de prevenção.

Nesse sentido, afirma, "os agentes comunitários devem ser formados para trabalhar com as comissões de moradores e levar o conhecimento sobre os riscos da própria doença que, muitas vezes, nós somos os causadores".

Segundo o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, de janeiro de 2023 a janeiro de 2024, foram documentados cerca de 253.000 casos e quase 4.200 mortes em 19 Estados membros da União Africana, com 72,5% das infeções detetadas no sul do continente. 

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