Milhares de sul-africanos prestaram uma última homenagem a Winnie Mandela, no estádio de Orlando, em Joanesburgo. A ativista faleceu a 2 de abril, aos 81 anos de idade.
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Canções e discursos marcaram o dia de homenagens oficiais à ativista anti-apartheid Winnie Mandela. Entre as milhares de pessoas que lotaram o estádio de Orlando estavam moradores locais de Soweto, a família Mandela, diplomatas estrangeiros e políticos.
O vice-Presidente sul-africano, David Mabuza, enalteceu no seu discurso, na quarta-feira (11.04), a luta da ex-mulher do ícone da resistência contra o regime segregacionista do apartheid, o falecido ex-Presidente Nelson Mandela.
Últimas homenagens a Winnie Mandela
Mabuza recordou que "Winnie Mandela travou uma boa luta liderando as massas desprezada, esmagou a tirania da opressão racial, humilhação e tortura". Segundo ele, a "sua coragem diante da morte e da prisão abriram os nossos olhos e inspiraram gerações de combatentes da liberdade. É uma personificação da nossa luta, da nossa libertação."
Winnie Mandela, "santa de Soweto"
Durante o seu tributo a Winnie Mandela, o líder do Partido da Liberdade Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, sublinhou que a ativista "é uma santa aos olhos do povo de Soweto". Para ele, Mandela estendeu sempre as mãos aos pobres e oprimidos e, por isso, "será lembrada como uma santa".
Os netos de Winnie Mandela também prestaram homenagem à avó. Mambatha Mandela contou que cresceu na casa da ativista e descreveu-a como uma líder que lutou pelo povo, viveu com o seu povo e deu a vida pelo povo.
Agradecendo a onda de condolências vinda de várias partes do mundo, Mambatha Mandela disse que a África do Sul "vive uma época de luto, mas também um momento de celebrar a vida" da sua avó.
"Perdemos uma mulher extraordinária, uma mãe, uma lutadora e um ícone. O vosso apoio é comovente e muito bem-vindo", afirmou.
Os sul-africanos vão continuar a prestar homenagem a Winnie Mandela em celebrações religiosas em todo o país. O funeral da ativista será realizado no estádio de Orlando no sábado (14.04) e, depois disso, ela será enterrada num cemitério em Joanesburgo.
Ascenção e queda do apartheid
Nenhum outro meio reflete a história de forma tão impressionante quanto a fotografia. O Museum Africa, em Joanesburgo, mostrou numa grande exposição fotográfica a história de repressão e libertação da África do Sul.
Foto: Museum Africa
Fotografias como testemunhas
O Museum Africa de Joanesburgo exibiu 600 fotografias que contam a história de repressão e libertação da África do Sul. Em meados dos anos 50, membros da organização de direitos civis Black Sash (ou "Faixa Preta", na tradução literal) foram às ruas contra o regime do apartheid. A Black Sash foi fundada por mulheres brancas. Em 1990, Nelson Mandela chamou-a de "consciência da África do Sul branca."
Foto: Museum Africa
A câmera como arma
Peter Magubane, um dos mais famosos fotojornalistas negros, começou como motorista e mensageiro da lendária revista Drum. O alemão Jürgen Schadeberg treinou-o na câmara. Magubane tornou-se mundialmente famoso com imagens da revolta nas townships, áreas habitadas na época por não brancos. Muitas vezes, ele escondeu sua câmera das autoridades, em uma Bíblia oca. Na foto, é preso pelas autoridades.
Foto: Museum Africa, Johannesburg
O fim de Sophiatown
O regime do apartheid começou nos anos 50 a dividir áreas residenciais de acordo com as "raças". Como parte da lei Group Areas Act, o bairro multiétnico de Sophiatown, centro cultural da maioria negra, foi demolido e os moradores realocados à força. No lugar de Sophiatown, sugiu o Triumph, um bairro no qual eram permitidos exclusivamente moradores brancos.
Foto: Museum Africa
Comboios sobrelotados
Intermináveis eram as viagens que levavam os moradores dos subúrbios negros para os seus empregos ao centro da cidade. Muitos morreram durante as viagens nos comboios sobrelotados. Mas também havia momentos de espiritualidade. O fotógrafo Santu Mofokeng registou-os numa série impressionante de imagens. O papel da fé e da religiosidade ainda é um dos principais temas para a sociedade sul-africana.
Foto: Museum Africa, Johannesburg
Julgamento por Traição
Nesta fotografia de 1956, a imprensa acompanha o chamado Treason Trial ("Julgamento por Traição"), em que 156 sul-africanos foram acusados de trair o país. Um ano antes, eles haviam publicado a "Carta da Liberdade" que propagou uma derrota do apartheid. Entre os réus estava também Nelson Mandela. O processo resultou em uma solidariedade dos grupos de oposição contra todas as barreiras raciais.
Foto: Museum Africa, Johannesburg
Ícone da Luta de Libertação
Uma das imagens mais famosas da exposição do Museum Africa é hoje um monumento no centro de Soweto, em memória à revolta dos jovens estudantes que protestaram contra a política racial discriminatória em 1976. Hector Pieterson, de 12 anos, foi baleado na manifestação. O fotógrafo Sam Nzima captou a tragédia. A imagem ficou conhecida em todo o mundo.
Foto: DW/Ulrike Sommer
Luto e rancor
Volta e meia a exposição do Museum Africa mostra fotografias de luto coletivo. Os funerais tornam-se grandes eventos políticos, como o enterro dos Craddock Four, quatro membros do grupo da oposição United Democratic Front. Eles foram sequestrados e assassinados em 1985. Mais tarde, soube-se que o ato foi iniciado por oficiais das forças de defesa sul-africanas que agiam de forma oculta.
Foto: Rashid Lombard
Uma nova era
Uma nação esperançosa celebra o vencedor. Em 3 de maio de 1994, está claro: Nelson Mandela será o primeiro Presidente de uma África do Sul democrática. "Foi um momento incrível," lembra o fotógrafo George Hallet. Ele havia retratado exilados sul-africanos por 20 anos. Para acompanhar as primeiras eleições livres com sua câmera, Hallet voltou para sua terra natal.
Foto: George Hallett
Herança pesada dos homelands
Durante décadas, os "homelands" ou "bantustões", as áreas reservadas à população de cor e com alguma autonomia governamental, foram sofrendo cortes: de acesso à educação e cuidados de saúde ao progresso económico. 20 anos após as primeiras eleições livres, muitas regiões ainda lutam contra as consequências da segregação racial territorial.