ANC confirma discussão sobre a saída de Jacob Zuma da presidência do país, mas ainda não foi tomada nenhuma decisão. E o partido quer discutir o caso sem pressões.
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O partido no poder, o ANC, Congresso Nacional Africano, confirmou nesta segunda-feira (22.01.) que debateu no fim de semana a saída de Jacob Zuma da presidência do país. Em causa estão sucessivos escândalos envolvendo o nome de Zuma durante os nove anos a frente dos destinos do país.
Jacob Zuma tem estado sob crescente pressão para se demitir desde que Cyril Ramaphosa o substituiu na liderança do ANC em dezembro de 2017.
Segundo o secretário-geral da ANC, Ace Magashule, "haverá interação entre responsáveis do partido, o Presidente Zuma e o presidente do partido, Ramaphosa."
Quanto ao tempo que essa discussão pode durar, Ace Magashule diz: "Não há um plano, nós não conduzimos as coisas dessa forma. Nós nos engajamos e discutimos."
O analista político Daniel Silke reconhece que "reformar o presidente Zuma de forma antecipada é um processo delicado".
Zuma, um historial suspeito
A presidência de Jacob Zuma foi profundamente manchada por escândalos de corrupção e por um enfraquecimento da economia. A situação fez o partido perder a popularidade junto do seu eleitorado. E as eleições gerais são já em 2019.
Na sede do partido em Johanesburgo, Magashule disse ainda que o "ANC está empenhado em recuperar a legitimidade moral" e pediu uma "ação urgente na luta contra a corrupção".
"O nosso foco é educação, terra, agricultura, recuperação da economia e garantir a medida que vamos seguindo em frente que nos foquemos nos assuntos relacionados à saúde", afirmou o secretário-geral do ANC.
O partido disse ainda que "agiria de forma decisiva" para reconstruir a sua reputação afetada por vários escândalos envolvendo o nome de Jacob Zuma.
O atual Presidente enfrenta vários processos judiciais por suposta corrupção, incluindo mais de 783 pagamentos recebidos por um acordo de compra de armas antes de chegar ao poder.
Que futuro para a África do Sul?
Segundo analistas, Ramaphosa quer ver-se livre de Zuma o mais rapidamente possível, para permitir que o ANC possa reconquistar o eleitorado nas legislativas de 2019. Em caso de vitória do partido, Ramaphosa tornar-se-á Presidente do país.
De lembrar que Ramaphosa venceu Nakosazana Dlamini-Zuma, ex-esposa de Zuma e ex-presidente da Comissão da União Africana, na corrida renhida para a liderança do ANC.
8 de fevereiro é dia em que se apresentará o discurso do estado da nação, independentemente de quem for o Presidente do país. Entretanto, por ora Ramaphosa já está na Suiça, para participar no Fórum Económico de Davos.
O ANC é o partido histórico da África do Sul. Governa o país desde 1994, depois do fim do regime segregacionista do Apartheid. Nelson Mandela ganhou as primeiras eleições multi-raciais.
Nelson Mandela: Uma vida pela liberdade
Sorridente: assim a maior parte dos sul-africanos pensa em Mandela. Carinhosamente apelidado de "Madiba" (seu nome xhosa), foi símbolo da nova África do Sul, de paz e tolerância. No dia 18/7/2018 teria cumprido 100 anos.
Foto: Getty Images
Primeiro escritório de advocacia para negros
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 na província do Cabo Oriental, na África do Sul. Já durante os estudos de Direito, mostrava-se politicamente ativo, lutando contra o sistema de segregação racial apartheid. Em 1952, passou a trabalhar no primeiro escritório de advocacia do país dirigido por negros – que oito anos mais tarde seria consumido por um incêndio.
Foto: AP
Apartheid
O apartheid – a separação estrita entre negros e brancos na África do Sul, na época governada pela minoria branca – marcou a infância e juventude de Nelson Mandela. Seu pai lhe deu o nome Rolihlahla, que na língua xhosa significa "o que quebra ramos", ou, figurativamente, "agitador". A placa mostra uma "área branca" numa praia sul-africana.
Foto: AP
O boxeador
Na juventude, Mandela foi um entusiasta do boxe. "No ringue, classe, idade, cor da pele e prosperidade não representam nada" – assim ele explicava o seu amor pelo esporte. Mesmo durante os anos de prisão, ele se manteve em boa forma física. Treinamento com pesos, abdominais e flexões faziam parte de seu programa diário.
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Prisão perpétua
A polícia contém uma multidão reunida diante do tribunal onde se realizam as audiências contra Mandela e outros ativistas anti-apartheid, em 1964. No chamado Processo Rivonia, Nelson Mandela é condenado à prisão perpétua por suas atividades políticas.
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Décadas de confinamento
A vida em cinco metros quadrados: nesta pequena cela na Ilha de Robben, Mandela passa 18 de um total de 27 anos de pena. Ele é o detento número 46664. "Lá, eu só era conhecido como um número", comentou, após sua libertação em 1990.
Foto: cc-by-sa- Paul Mannix
A luta continua
Enquanto Nelson Mandela estava na prisão, outros faziam avançar a luta contra o apartheid, sobretudo a sua então mulher, Winnie Mandela (c.). Ela se tornou líder ativista contra o governo minoritário branco.
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Apoio mundial
No Estádio de Wembley, em Londres, promove-se em julho de 1988 um concerto beneficente por Mandela. Músicos de renome internacional celebram seu 70º aniversário e protestam contra a segregação racial. Cerca de 70 mil espectadores assistem no estádio às dez horas de show, outras centenas de milhares acompanham pela televisão o evento transmitido para 60 países.
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Enfim, livre
Após 27 anos de prisão, Nelson Mandela é libertado em 11 de fevereiro de 1990. Ele e a esposa Winnie erguem os punhos em sinal de orgulho pela luta de libertação negra contra o regime de minoria branca do apartheid.
Foto: AP
Retorno à política
De volta à liderança do Congresso Nacional Africano (CNA), em maio de 1990 Mandela inicia as primeiras conversas com o então presidente sul-africano, Frederik Willem de Klerk (e.). Juntos, eles preparam o caminho para uma África do Sul sem apartheid. Por esses esforços, ambos são laureados com o Prêmio Nobel da Paz em 1993.
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Companheiros de luta
Oliver Tambo (e) und Walter Sisulu (d) contam entre os companheiros mais próximos de Mandela. Em 1944, fundaram a ala jovem do CNA e organizaram manifestações contra o regime racista. Sisulu foi condenado à prisão perpétua, juntamente com Mandela; Tambo passou 30 anos no exílio, principalmente em Londres. Após 1990, todos os três ocuparam cargos de liderança no CNA.
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Posse como presidente
Em 10 de maio de 1994, a África do Sul escreve história: após as primeiras eleições livres e democráticas, Nelson Mandela é eleito primeiro chefe de Estado negro do país. Ele permanece no cargo até 1999, quando passa a presidência ao seu herdeiro político, Thabo Mbeki.
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Reconciliação em vez de vingança
Para esclarecer os crimes do apartheid, Mandela cria a Comissão da Verdade e Reconciliação em 1996. O arcebispo sul-africano e futuro Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu é indicado para presidi-la. A atuação da comissão não fica livre de críticas: muitas vítimas não conseguem aceitar que basta os criminosos admitirem seus atos publicamente para ficarem impunes.
Foto: picture-alliance/dpa
A caminho da Copa 2010
Em 15 de maio de 2004, a África do Sul é escolhida como sede da Copa do Mundo de Futebol de 2010. Orgulhoso, Nelson Mandela ergue a taça. O país inteiro o aclama, em júbilo, como aquele que abriu os caminhos para o grande evento esportivo. Tratou-se do primeiro Mundial de futebol realizado em solo africano.
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Sombras sobre a Nação do Arco-Íris
Em 2008, a xenofobia e a violência eclodem em diversos bairros pobres das metrópoles sul-africanas. A brutal caça aos imigrantes leva à morte de várias pessoas. Muitos se perguntam: terá fracassado a "Nação do Arco-Íris" fundada por Mandela, em que todos deveriam conviver em paz?
Foto: AP
Da política à família
Nos últimos anos de vida, Nelson Mandela ficou mais afastado dos palcos públicos, recolhendo-se cada vez mais ao círculo familiar. Aqui, em 2011, ele festeja seus 93 anos, ao lado dos netos e bisnetos.
Foto: dapd
Funeral de Nelson Mandela
A 5 de dezembro de 2013, "Madiba" morreu em Joanesburgo. Dez dias mais tarde, teve lugar a cerimónia de despedida de Mandela na localidade de Qunu onde passou a sua juventude. Velas iluminaram um perfil do líder sul-africano. O luto foi universal: nos EUA, o então Presidente Barack Obama mandou hastear as bandeiras a meio mastro. Em 18 de julho de 2018, teria festejado o seu 100° aniversário.