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África do Sul aguarda eleição do novo líder do ANC

Reuters | AFP | mjp
17 de dezembro de 2017

Após vários atrasos, resultados são esperados na manhã de segunda-feira. Este domingo, Cyril Ramaphosa e Nkosazana Dlamini-Zuma foram formalmente nomeados na corrida à sucessão de Jacob Zuma.

Nkosazana Dlamini-Zuma e Cyril Ramaphosa no arranque do congresso do ANCFoto: picture-alliance/AP Photo/T. Hadebe

O Congresso Nacional Africano, partido no poder na África do Sul, está prestes a eleger o sucessor do Presidente Jacob Zuma, numa altura em que o partido atravessa a mais grave crise desde que subiu ao poder, em 1994, quando Nelson Mandela venceu as primeiras eleições livres da história do país.

Depois de vários atrasos no primeiro dia do congresso do ANC, no sábado (16.12), a corrida à liderança continua demasiado renhida para se prever um vencedor. Os delegados do ANC vão de escolher entre o vice-Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, de 65 anos, ou a candidata apoiada por Jacob Zuma, a sua ex-mulher, a ex-líder da União Africana Nkosazana Dlamini-Zuma, de 68.

A eleição é considerada o momento mais crucial dos 23 anos do ANC no poder. A presidência de Jacob Zuma ficou marcada por escândalos e acusações de corrupção e o partido está profundamente dividido, com uma imagem machada dentro e fora do país.

Resultados só na segunda-feira

Devido aos atrasos, o resultado final só deverá ser anunciado na segunda-feira. "Esperamos começar a votar esta tarde e teremos os resultados possivelmente amanhã de manhã”, disse este sábado a vice-secretária-geral do ANC Jessie Duarte. "Tivemos que atrasar a acreditação para analisar as muitas decisões judiciais", explicou à imprensa a vice-secretária-geral do partido, Jessie Duarte. 

A porta-voz do ANC, Khusela Sangoni, adiantou, entretanto, que o partido confirmou os nomes dos delegados que vão ser autorizados a participar na votação: 4.776 dos 6 mil delegados do partido.

Delegados do ANC reunidos no congresso, em JoanesburgoFoto: Getty Images/AFP/M. Safodien

Ramaphosa conseguiu a maioria das nomeações dos braços do ANC em todo o país. Mas a complexidade da corrida à liderança significa que a vitória não pode, de todo, ser dada como certa.

Segundo as regras do ANC, uma maioria nas nomeações não é o mesmo que a maioria dos votos no congresso. Os delegados não são obrigados a votar num determinado candidato. A forma como votam está também sujeita à compra de votos e intimidação – práticas que influenciaram corridas à liderança no passado.

Com apoio da ala moderada do partido, Cyril Ramaphosa promete reavivar a economia e denunciou violentamente a corrupção do clã Zuma. No sábado à noite, recebeu o importante apoio da presidente do Parlamento, Baleka Mbete.

Contra ele, Nkosazana Dlamini Zuma retomou o discurso do seu ex-marido sobre a redistribuição das riquezas em benefício da maioria negra.

Fonte do partido citada pela agência Reuters diz que a corrida "vai ser apertada. Os dois campos têm folhas onde calcularam o número de delegados que estão do seu lado e ambos têm previsões muito diferentes”.

O novo Presidente?

Jacob Zuma discursa na abertura do congresso do ANCFoto: picture-alliance/AP Photo/T.Hadebe

Quem assumir a liderança do ANC, este domingo, pode ser o próximo Presidente da África do Sul, após as eleições de 2019.

No entanto, como o próprio Presidente Jacob Zuma admitiu no sábado (16.12), o partido de Nelson Mandela tem vindo a perder força. "O nosso fracasso na resolução de problemas começou a pesar sobre o nosso movimento", afirmou Zuma no seu discurso de despedida da liderança do ANC, citando "corrupção, crime e emprego".

Enfraquecido pela crise económica e as acusações de corrupção contra Jacob Zuma, o ANC sofreu um sério revés nas eleições locais de 2016: grandes cidades, como Joanesburgo e Pretória, passaram para as mãos da oposição.

Muitos analistas preveem uma derrota histórica e a perda da maioria absoluta nas eleições gerais de 2019. "O nosso povo está frustrado. Perdemos tempo a discutir uns com os outros em vez de resolvermos os desafios diários do país", declarou Zuma no sábado.

Consciente das divisões na formação política, o chefe de Estado pediu união aos candidatos do partido: "Acordaram respeitar os resultados".

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