África do Sul: ANC promete mudanças com Zuma sob pressão
AFP | mjp
20 de janeiro de 2018
O partido no poder na África do Sul afirmou este sábado que “tem de agir de forma decisiva” para restaurar a sua reputação. Imprensa local diz que o Presidente Jacob Zuma pode ser forçado a abandonar o poder em breve.
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O Presidente Jacob Zuma está sob crescente pressão para se demitir, desde que foi substituído como líder do Congresso Nacional Africano (ANC), em dezembro, pelo seu vice, Cyril Ramaphosa. A Presidência de Zuma tem sido marcada por escândalos de corrupção e uma economia cada vez mais fraca, com o partido a perder apoio público a caminho das eleições gerais do próximo ano.
Os apoiantes de Ramaphosa querem que o vice assuma o cargo de Presidente e tente reavivar a economia antes de uma eleição em que o ANC arrisca perder o poder pela primeira vez desde o fim do apartheid.
"O ANC tem de agir de forma decisiva e com determinação para reconstruir os laços de confiança entre o povo e o movimento”, diz o comunicado final de um encontro de dois dias entre veteranos do partido, este sábado (20.01).
O documento responde às vozes que criticam o facto de a África do Sul ter atualmente dois centros de poder – com Zuma ainda no cargo de Presidente, enquanto Ramaphosa lidera o partido no poder: "Os membros do partido, liderados pelo Presidente Ramapgosa, vão continuar o seu compromisso com o Presidente Jacob Zuma para garantir uma coordenação efetiva entre o ANC e o Governo”.
Zuma de saída?
O site News 24 afirma que a reunião executiva do partido decidiu que Zuma tem de abandonar o cargo, mas que não foi definida uma data exata para o efeito. "Teremos um novo Presidente nas próximas semanas”, prevê um membro do partido sob anonimato citado pela página de informação sul-africana.
Os aliados mais próximos de Zuma continuam a ocupar posições cimeiras no partido e, em teoria, o chefe de Estado pode continuar a ser Presidente até às eleições de 2019, que marcam o fim do seu segundo e último mandato. O controlo de Zuma sobre o ANC foi afetado quando a sucessora que o Presidente tinha escolhido – a sua ex-mulher Nkosazana Dlamini-Zuma – perdeu para Cyril Ramaphosa na corrida à liderança do partido.
Jacob Zuma, de 75 anos, pode abandonar o cargo demitindo-se, perdendo uma moção de censura no Parlamento ou através de um processo de impugnação. O ANC pode também forçar o Presidente a demitir-se.
Ramaphosa, de 65 anos, é um antigo sindicalista que liderou as negociações para pôr fim ao poder da minoria branca nos anos 90, tornando-se mais tarde um homem de negócios multi-milionário, antes de regressar à política.
O ANC, que governa desde 1994, quandon Nelson Mandela venceu as primeiras eleições multi-raciais, registou o seu pior resultado de sempre nas eleições autárquicas de 2016.
Nelson Mandela: Uma vida pela liberdade
Sorridente: assim a maior parte dos sul-africanos pensa em Mandela. Carinhosamente apelidado de "Madiba" (seu nome xhosa), foi símbolo da nova África do Sul, de paz e tolerância. No dia 18/7/2018 teria cumprido 100 anos.
Foto: Getty Images
Primeiro escritório de advocacia para negros
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 na província do Cabo Oriental, na África do Sul. Já durante os estudos de Direito, mostrava-se politicamente ativo, lutando contra o sistema de segregação racial apartheid. Em 1952, passou a trabalhar no primeiro escritório de advocacia do país dirigido por negros – que oito anos mais tarde seria consumido por um incêndio.
Foto: AP
Apartheid
O apartheid – a separação estrita entre negros e brancos na África do Sul, na época governada pela minoria branca – marcou a infância e juventude de Nelson Mandela. Seu pai lhe deu o nome Rolihlahla, que na língua xhosa significa "o que quebra ramos", ou, figurativamente, "agitador". A placa mostra uma "área branca" numa praia sul-africana.
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O boxeador
Na juventude, Mandela foi um entusiasta do boxe. "No ringue, classe, idade, cor da pele e prosperidade não representam nada" – assim ele explicava o seu amor pelo esporte. Mesmo durante os anos de prisão, ele se manteve em boa forma física. Treinamento com pesos, abdominais e flexões faziam parte de seu programa diário.
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Prisão perpétua
A polícia contém uma multidão reunida diante do tribunal onde se realizam as audiências contra Mandela e outros ativistas anti-apartheid, em 1964. No chamado Processo Rivonia, Nelson Mandela é condenado à prisão perpétua por suas atividades políticas.
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Décadas de confinamento
A vida em cinco metros quadrados: nesta pequena cela na Ilha de Robben, Mandela passa 18 de um total de 27 anos de pena. Ele é o detento número 46664. "Lá, eu só era conhecido como um número", comentou, após sua libertação em 1990.
Foto: cc-by-sa- Paul Mannix
A luta continua
Enquanto Nelson Mandela estava na prisão, outros faziam avançar a luta contra o apartheid, sobretudo a sua então mulher, Winnie Mandela (c.). Ela se tornou líder ativista contra o governo minoritário branco.
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Apoio mundial
No Estádio de Wembley, em Londres, promove-se em julho de 1988 um concerto beneficente por Mandela. Músicos de renome internacional celebram seu 70º aniversário e protestam contra a segregação racial. Cerca de 70 mil espectadores assistem no estádio às dez horas de show, outras centenas de milhares acompanham pela televisão o evento transmitido para 60 países.
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Enfim, livre
Após 27 anos de prisão, Nelson Mandela é libertado em 11 de fevereiro de 1990. Ele e a esposa Winnie erguem os punhos em sinal de orgulho pela luta de libertação negra contra o regime de minoria branca do apartheid.
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Retorno à política
De volta à liderança do Congresso Nacional Africano (CNA), em maio de 1990 Mandela inicia as primeiras conversas com o então presidente sul-africano, Frederik Willem de Klerk (e.). Juntos, eles preparam o caminho para uma África do Sul sem apartheid. Por esses esforços, ambos são laureados com o Prêmio Nobel da Paz em 1993.
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Companheiros de luta
Oliver Tambo (e) und Walter Sisulu (d) contam entre os companheiros mais próximos de Mandela. Em 1944, fundaram a ala jovem do CNA e organizaram manifestações contra o regime racista. Sisulu foi condenado à prisão perpétua, juntamente com Mandela; Tambo passou 30 anos no exílio, principalmente em Londres. Após 1990, todos os três ocuparam cargos de liderança no CNA.
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Posse como presidente
Em 10 de maio de 1994, a África do Sul escreve história: após as primeiras eleições livres e democráticas, Nelson Mandela é eleito primeiro chefe de Estado negro do país. Ele permanece no cargo até 1999, quando passa a presidência ao seu herdeiro político, Thabo Mbeki.
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Reconciliação em vez de vingança
Para esclarecer os crimes do apartheid, Mandela cria a Comissão da Verdade e Reconciliação em 1996. O arcebispo sul-africano e futuro Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu é indicado para presidi-la. A atuação da comissão não fica livre de críticas: muitas vítimas não conseguem aceitar que basta os criminosos admitirem seus atos publicamente para ficarem impunes.
Foto: picture-alliance/dpa
A caminho da Copa 2010
Em 15 de maio de 2004, a África do Sul é escolhida como sede da Copa do Mundo de Futebol de 2010. Orgulhoso, Nelson Mandela ergue a taça. O país inteiro o aclama, em júbilo, como aquele que abriu os caminhos para o grande evento esportivo. Tratou-se do primeiro Mundial de futebol realizado em solo africano.
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Sombras sobre a Nação do Arco-Íris
Em 2008, a xenofobia e a violência eclodem em diversos bairros pobres das metrópoles sul-africanas. A brutal caça aos imigrantes leva à morte de várias pessoas. Muitos se perguntam: terá fracassado a "Nação do Arco-Íris" fundada por Mandela, em que todos deveriam conviver em paz?
Foto: AP
Da política à família
Nos últimos anos de vida, Nelson Mandela ficou mais afastado dos palcos públicos, recolhendo-se cada vez mais ao círculo familiar. Aqui, em 2011, ele festeja seus 93 anos, ao lado dos netos e bisnetos.
Foto: dapd
Funeral de Nelson Mandela
A 5 de dezembro de 2013, "Madiba" morreu em Joanesburgo. Dez dias mais tarde, teve lugar a cerimónia de despedida de Mandela na localidade de Qunu onde passou a sua juventude. Velas iluminaram um perfil do líder sul-africano. O luto foi universal: nos EUA, o então Presidente Barack Obama mandou hastear as bandeiras a meio mastro. Em 18 de julho de 2018, teria festejado o seu 100° aniversário.