África do Sul contabiliza 212 mortos em onda de violência
AFP | DPA
17 de julho de 2021
A agitação na África do Sul ceifou 212 vidas, informou o Governo na sexta-feira. Uma pessoa foi presa, acusada de instigar a violência. Clima é de retorno à normalidade.
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Segundo a ministra da Presidência Khumbudzo Ntshavheni, a maioria das novas mortes ocorreu na província KwaZulu-Natal (KZN), o epicentro da violência. Na sexta-feira (16.07), o número de mortos nos violentos protestos nesta província costeira e na zona urbana de Joanesburgo e Pretória subiu de 117 para 212.
Ntshavheni acrescentou que a situação estava, entretanto, "a regressar gradual e firmemente à normalidade".
Limpar e reconstruir
Os tumultos causaram uma destruição generalizada.
Este sábado (17.07), os residentes em Durban, na província duramente atingida de KwaZulu-Natal, varriam os destroços no centro comercial de Dube.
Muitos na província estão agora a passar fome, depois de lojas de alimentos terem sido saqueadas e queimadas, ou cortadas aos fornecedores com as estradas principais fechadas.
Agências de ajuda humanitária, instituições de caridade e igrejas começaram a transportar alimentos para pessoas necessitadas, incluindo doentes hospitalares e famílias.
Violência planeada
A violência começou com protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma, natural de KwaZulu-Natal (KZN).
Num discurso televisivo, na sexta-feira (16.07) à noite, o Presidente Cyril Ramaphosa, declarou que "utilizando o pretexto de um protesto político, os responsáveis por estes actos tentaram provocar uma insurreição popular".
Ele disse que 12 pessoas tinham deliberadamente instigado os saques e a violência. Uma delas foi presa, disse o Presidente, enquanto uma busca pelas outras está em curso.
Ramaphosa também descreveu a agitação como "insurreição" no seu discurso, dizendo que aqueles que tinham coordenado os tumultos estavam a tentar desestabilizar a economia.
O Presidente confirmou que 212 pessoas morreram nos violentos protestos na província costeira de KwaZulu-Natal e na zona urbana de Joanesburgo e Pretória. Muitos mais foram feridos. Mais de 2.550 pessoas foram presas.
África do Sul abalada por atos de vandalismo
Mais de 70 pessoas já terão morrido desde que começou na África do Sul uma onda protestos contra a detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, marcada por vandalismo e pilhagem de bens públicos.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Prisão de Jacob Zuma
A agitação começou sob a forma de protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na semana passada. O antigo chefe de Estado foi condenado a 15 meses de prisão, acusado de desacato a uma ordem do Tribunal Constitucional para prestar depoimento num inquérito que investigava a "grande corrupção" durante os nove anos do seu mandato até 2018.
Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Manifestantes saem às ruas
Os apoiantes de Jacob Zuma, principalmente oriundos de KwaZulu-Natal, saíram às ruas para protestar contra a detenção do ex-estadista, alengado que a sua detenção tem motivações políticas, da parte do seu sucessor, o atua Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Os protestos rapidamente se transformaram em tumultos e num autêntico caos em várias zonas do país.
Foto: Sumaya Hisham/Reuters
Saques de lojas e bens públicos
Os protestantes atearam fogo e saquearam vários centros comerciais, principalmente nas cidades de KwaZulu-Natal e Johanesburgo. Pelo menos 10 corpos foram encontrados depois de uma corrida de pilhagem num centro comercial no Soweto, um município de Gauteng, outra província muito afetada pela violência dos últimos dias.
Foto: Sumaya Hisham/REUTERS
Frustração sobre desigualdade e pobreza
Várias estradas foram bloqueadas, viaturas de particulares e camiões de transporte de mercadorias foram incendiadas pelos manifestantes. Muitas pessoas sentem-se também frustradas pela desigualdade e pobreza na África do Sul, que se evidenciou por causa das restrições impostas pela Covid-19. O país já registou mais de dois milhões de infeções pela Covid-19.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Apelos à calma
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, lamentou na noite de terça-feira (13.07) o vandalismo que se vive no país há uma semana e apelou à calma, porque no seu entender “o caminho da violência, da pilhagem e da desordem só leva a mais violência e devastação. Isso leva a mais pobreza, mais desemprego e mais perda de vidas inocentes".
Foto: Esa Alexander/Pool/REUTERS
Militares nas ruas
Cerca de 2500 soldados foram destacados para reforçar o patrulhamento nas ruas de Gauteng e KwaZulu-Natal, na tentativa de parar a fúria dos manifestantes e garantir a proteção dos bens públicos. O Presidenrte Cyril Ramaphosa já avisou que não tolerará a continuação da vandalizarão de bens privados.
Foto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images
Oportunismo criminoso
Numa declaração à nação, o Presidente Cyril Ramaphosa caracterizou os protestos como um "ato oportunista de criminosos" que querem provocar caos no país. De acordo com o balanço das autoridades sul-africanas, mais de 1.230 pessoas estão detidas por causa de atos de vandalismo e pilhagem de bens no país.
Foto: James Oatway/Getty Images
"Graves impactos em toda a região" alerta UA
A União Africana (UA) condenou esta quarta-feira (14.07) a "escalada de violência" na África do Sul, que já provocou pelo menos 72 mortos, e apelou a uma "restauração urgente da ordem, paz e estabilidade" no país. Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, defendeu que se as autoridades não conseguirem controlar a violência, haverá "graves impactos não só no país, mas em toda a região".