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África do Sul: Eleições vão trazer novo "amanhecer" ao país

Raquel Loureiro | ac | Reuters | AP
8 de maio de 2019

Cerca de 27 milhões de sul-africanos foram esta quarta-feira (08.05) chamados às urnas. Presidente Cyril Ramaphosa fala em "novo período" na África do Sul. Aliança Democrática diz que este é o início de uma "nova luta".

Südafrika Wahlen Wählerin in Seshego
Foto: Reuters/M. Bosch

As eleições desta quarta-feira (08.05) são as primeiras desde que o Presidente Cyril Ramaphosa substituiu Jacob Zuma no comando da África do Sul. São também, vistas por muitos, como as mais desafiantes desde que o Congresso Nacional Africano (ANC) chegou ao poder em 1994. Na altura, comandado por Nelson Mandela, o partido era sinónimo de mudança num país que acabava de se despedir do apartheid.  Vinte e cinco anos depois, muitos sul-africanos voltam a clamar por mudanças num país onde a economia estagnou, o desemprego subiu e a corrupção cresceu.

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02:16

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Cyril Ramaphosa, atual Presidente da África do Sul, está ciente dos desafios e de que é urgente que hajam mudanças no país. Isso mesmo deixou claro, esta quarta-feira, depois do votar, no município do Soweto, em Joanesburgo, de onde é natural.

"Esta é uma votação que nos lembra 1994. O povo estava também entusiasmado, porque as eleições anunciavam um novo período, um novo futuro para o país. E hoje, é também isto que eu procuro", afirmou aos jornalistas.

Sondagens dão vitória ao ANC

Apesar do descontentamento, as sondagens preveem que o ANC vença as eleições parlamentares com quase 60% dos votos. No entanto, e indo de encontro a muitas das críticas que lhe têm sido apontadas, o também líder do ANC admitiu que a corrupção no país tem impedido o Governo de servir o povo.

Mas esses tempos, garante Ramaphosa, têm os dias contados. Vem aí um "novo amanhecer" para o país. "Estamos empenhados no crescimento da nossa economia e atração de investimento. O resultado desta eleição será um grande impulso para os investidores que queiram olhar para a África do Sul de uma forma diferente e, não só investir o seu dinheiro aqui, mas também investir a sua confiança", asseverou.

Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, votou no SowetoFoto: Reuters/P. Bulawayo

Dos 47 partidos da oposição que participam nesta corrida eleitoral, existem somente dois considerados alternativas ao ANC. Um deles é o principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), que, desde 2015, é liderado por Mmusi Maimane.

Depois de votar, também no Soweto, Maimane pediu aos sul-africanos para que exercessem o seu direito de voto. Disse ainda estar satisfeito por votar neste munícipio pois, considera, "o Soweto é simbólico, é a casa de vários heróis nacionais, como são Nelson Mandela e o Arcebispo Desmond Tutu, sul-africanos que nós admiramos. Eu diria que num dia tão histórico como este é importante votar aqui no Soweto, e com o seu povo, para expressar uma esperança e um futuro para o nosso país".

"O Soweto representa para mim a casa de muitas lutas e nós estamos a entrar numa nova. Uma luta por empregos para muitos sul-africanos", acrescentou Mmusi Maimane.

Coligações não, diz EFF

O segundo partido mais forte da oposição na África do Sul é o dos Combatentes da Liberdade Económica (EFF), um movimento radical de esquerda liderado por Julius Malema.

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Também em declarações à imprensa, depois de exercer o seu direito de voto em Mponegele, Polokwane, o líder do EFF lembrou a importância do voto num país em que durante muito tempo, "foi negada a muitas gerações este direito" e frisou que ao seu partido só lhe interessa liderar com maioria.

"Queremos governar a África do Sul sem coligações, uma vez que estas nos obrigam a escolher entre diabos. Se os sul-africanos querem que a EFF lidere, têm de lhe dar uma maioria decisiva", afirmou.

Povo descontente

Quase 27 milhões de sul-africanos foram chamados às urnas numa altura em que cresce o descontentamento entre os cidadãos com a situação do país. É que este que é o país mais industrializado do continente africano, enfrenta, atualmente, problemas a vários níveis, desde o político ao social e económico.

Emily Johnson, de 19 anos, votou pela primeira vez. Em declarações à DW, diz-se animada. "Quero que a minha voz seja ouvida. Espero que haja uma mudança e que aquelas coisas pelas quais a nossa comunidade tem lutado, sejam levadas em conta e tudo mude", afirmou.

Também Selina Molapo quer ver mudanças no seu país. A sul-africana de 38 anos concorda que a corrupção é um problema na África do Sul e diz que o ANC não cumpriu a promessa que fez na campanha eleitoral anterior, de aumentar o emprego no país, por isso, "vai votar num partido diferente". "Em 2014 votámos no ANC, mas a nossa situação não mudou", disse.

Os resultados preliminares das eleições desta quarta-feira deverão ser anunciados nas próximas 48 horas.