Homicida de ativista anti-apartheid esfaqueado na prisão
Lusa
29 de novembro de 2022
Supremacista branco Janusz Walus, autor do homicídio do líder do Partido Comunista, Chris Hani, em 1993, foi esfaqueado na prisão, poucas horas após as autoridades sul-africanas terem avançado a sua iminente libertação.
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O porta-voz do Departamento de Serviços Correcionais (DCS, na sigla em inglês), Singabakho Nxumalo, confirmou que o crime foi cometido por outro preso com quem Walus partilhava a cela e afirmou que o estado de saúde de Walus é "estável". "Um relatório detalhado do incidente será fornecido num momento posterior, mas o que pode ser afirmado, neste momento, é que o recluso Walus está estável e os profissionais de saúde do DCS estão a prestar os cuidados necessários", afirmou Nxumalo, numa declaração.
O porta-voz afirmou, ainda, que o caso será investigado uma vez que "esfaqueamentos e outras formas de distúrbios são ofensas não justificadas num ambiente correcional".
Walus, cuja cidadania foi revogada pela África do Sul em 2017, foi condenado à morte juntamente com o político sul-africano de direita Clive Derby-Lewis, embora as sentenças tenham sido comutadas para prisão perpétua quando a África do Sul aboliu a pena de morte em 1995.
O Ministério do Interior disse esta terça-feira (29.11), numa declaração, que aceitou a decisão do Supremo Tribunal, que na semana passada aprovou a libertação condicional de Walus, uma decisão que foi fortemente criticada pela esposa de Hani, que apelidou a decisão de "diabólica".
O ministro dos Assuntos Internos, Aaron Motsoaledi, afirmou que as autoridades concederam residência permanente a Walus "para cumprir a sua libertação sob fiança na África do Sul, na condição de não utilizar quaisquer documentos de viagem ou documentos emitidos pela Embaixada da Polónia".
A este respeito, Motsoaledi explicou que "é claro, pelas notícias dos meios de comunicação social, que a Embaixada da Polónia considera que se Walus for deportado para a Polónia, não cumprirá a sua liberdade condicional porque a decisão do Tribunal Constitucional não é vinculativa na Polónia".
O ministro salientou, ainda, que "o crime hediondo cometido contra o povo da África do Sul ao assassinar um dos ícones da sua luta de libertação torna obrigatório que Walus cumpra a sua liberdade condicional como parte da sentença na África do Sul".
Derby-Lewis, que morreu em novembro de 2016, opôs-se ao fim do apartheid na África do Sul, e esteve envolvido na conspiração para assassinar Hani - que chefiou a ala militar do Congresso Nacional Africano de Nelson Mandela - com o objetivo de desencadear uma onda de violência.
Esse objetivo foi contrariado por Nelson Mandela, que apelou à calma para evitar uma escalada da agitação e pressionou o então presidente, Frederik Willem de Klerk, a fixar uma data para as eleições, em que Mandela e Congresso Nacional Africano acabaram por chegar ao poder em 1994.
Protesto contra o racismo nos cinco cantos do mundo
A morte de George Floyd move pessoas em todo o mundo. Apesar das restrições devido à pandemia da Covid-19, centenas de milhares de manifestantes decidiram sair às ruas e protestar contra o racismo sistémico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Hadebe
Lisboa: Agir agora!
Embora a manifestação não tenha sido autorizada, a polícia permitiu que os participantes avançassem. Em Portugal, também há violência policial contra a população negra. Em janeiro de 2019, quando centenas de pessoas se manifestaram espontaneamente, após um incidente no bairro da Jamaica, a polícia disparou balas de borracha.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/J. Mantilla
Paris: Protesto no "Champ de Mars"
Nos últimos dias a polícia francesa tem dispersado manifestantes com gás lacrimogéneo nas manifestações nas proximidades da Torre Eiffel e em frente à embaixada dos EUA. No entanto, milhares de pessoas saíram à rua - mesmo para além de Paris - contra o racismo. A violência policial contra a população negra é particularmente generalizada nos subúrbios.
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Manifestação apesar da proibição
A Bélgica, assim como a maioria dos países europeus, tem uma quota-parte na exploração e subjugação colonial de outros continentes. A atual República Democrática do Congo foi, em tempos, propriedade privada do Rei Leopoldo II, que estabeleceu um regime racista. Em Bruxelas, Antuérpia e Liège, houve manifestações contra o racismo, apesar das proibições impostas devido à Covid-19.
Foto: picture-alliance/abaca/B. Arnaud
Munique: Baviera colorida
Uma das maiores manifestações da Alemanha teve lugar em Munique, onde se reuniram 30.000 pessoas. Colónia, Frankfurt e Hamburgo também foram palcos de grandes manifestações. Em Berlim, a polícia teve de bloquear temporariamente as estradas de acesso à Alexanderplatz, porque havia demasiadas pessoas.
Foto: picture-alliance/Zumapress/S. Babbar
Viena: 50 mil contra o racismo
Na capital austríaca de Viena, reuniram-se 50 mil pessoas, segundo a polícia local. Esta foi uma das maiores manifestações dos últimos anos, incluindo o escândalo de Ibiza e a espetacular implosão da coligação de governo de direita em 2019.
Foto: picture-alliance/H. Punz
Sófia: Oposição ao racismo
Como a maioria dos países europeus, a Bulgária proíbe a realização de agrupamentos com mais de dez participantes. No entanto, centenas reuniram-se na capital da Bulgária, Sófia. Juntas, gritaram as últimas palavras de George Floyd antes de morrer: "Não consigo respirar", mas também chamaram a atenção para o racismo na sociedade búlgara.
Foto: picture-alliance/AA
Turim: Protesto com máscara
Esta mulher em Turim agrafou a sua preocupação política à mascára necessária num dos países mais afetados pela Covid-19: "As vidas negras também contam em Itália". As manifestações, incluindo em Roma e Milão, serão os maiores aglomerados registados desde o início das medidas de combate ao coronavírus. A Itália é um dos principais países de acolhimento de emigrantes africanos da União Europeia.
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Cidade do México: Floyd e Lopez
No México, não é apenas a morte de George Floyd que está a perturbar o país, mas também o destino semelhante do pedreiro Giovanni Lopez. Foi detido em maio, no estado ocidental de Jalisco, porque não estava a usar máscara. Presume-se que morreu vítima de violência policial. Após a publicação de um vídeo da operação, os manifestantes mexicanos intensificaram os protestos.
Foto: picture-alliance/Zumapress
Sydney: Racismo contra os aborígenes
O rali em Sydney começou com uma cerimónia tradicional de fumo. Aqui, a solidariedade dos pelo menos 20.000 participantes foi dirigida não só a George Floyd, mas também aos australianos da população aborígene, que também foram vítimas de violência policial racista. Os manifestantes exigem que ninguém continue a morrer sob custódia policial.
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Pretória: Com o punho levantado
O punho levantado no ar é um símbolo do movimento "Black Lives Matter". Mas o gesto é muito mais antigo. Quando o regime do apartheid na África do Sul libertou Nelson Mandela da prisão, em fevereiro de 1990, ele levantou o punho no seu caminho para a liberdade, tal como este manifestante em Pretória. Na África do Sul, os brancos continuam a ser frequentemente favorecidos.