África do Sul: Jacob Zuma escapa ileso de acidente de viação
AFP | tms
29 de março de 2024
O ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma sobreviveu a um acidente de carro causado por um condutor embriagado. Incidente surge após a desqualificação de Zuma para as eleições gerais.
Publicidade
O ex-Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, sobreviveu a um acidente de viação, depois de o veículo que o transportava ter sido atingido por um condutor embriagado, informou a polícia esta sexta-feira (29.03).
O carro do motorista "colidiu com o veículo oficial blindado do ex-Presidente Jacob Zuma", disse o Serviço de Polícia da África do Sul (SAPS).
O condutor de 51 anos foi detido na província de KwaZulu Natal "por conduzir embriagado, bem como por uma acusação de condução imprudente e negligente", afirmou o SAPS, acrescentando que o detido deverá comparecer em tribunal na terça-feira.
Zuma e os seus guarda-costas escaparam ilesos e o ex-chefe de Estado de 81 anos foi levado para a sua residência.
Acidente não foi coincidência, diz partido
Zuma, um antigo veterano do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), foi forçado a sair do cargo em 2018 sob alegações de corrupção, mas ainda exerce influência política.
Em dezembro, anunciou que iria fazer campanha para o partido da oposição uMkhonto we Sizwe (MK), numa tentativa de relançar a sua carreira - um grande golpe para o ANC.
Na quarta-feira, o ANC apresentou um novo pedido judicial contra o MK, depois de ter perdido uma primeira tentativa de o desqualificar. O ANC afirma que o nome e o logótipo do MK são semelhantes aos da ala militar do ANC, agora dissolvida na era do apartheid e outrora liderada por Nelson Mandela, e que isso poderia enganar ou confundir os eleitores.
O porta-voz do MK, Nhlamulo Ndhlela, alegou que a colisão do carro não foi uma coincidência. "O ministro da polícia responsável pela unidade de proteção do antigo Presidente não atualiza o seu veículo há oito anos e é a mesma pessoa que já proferiu mensagens sobre o enterro de Zuma", disse Ndhlela à agência de notícias AFP.
"Há aqui um jogo subreptício", disse, alegando que o carro de Zuma foi especificamente visado na comitiva.
Publicidade
Tensões políticas
As tensões políticas estão ao rubro no período que antecede as eleições, em que o ANC está à beira de ficar abaixo dos 50% dos votos pela primeira vez desde que chegou ao poder no final do apartheid, em 1994. O partido está a perder apoio no meio de uma economia fraca e de alegações de corrupção e má gestão.
O acidente de viação de Zuma, dois meses antes da votação, deu origem a teorias da conspiração nas redes sociais.
Quando questionado sobre como Zuma estava, Ndhlela disse à AFP: "Ele está bem-disposto, como sempre, e esta manhã estava a rir-se do acidente.
"Mas isso não significa que ele tenha encarado o acidente de ânimo leve (ou que) não esteja ciente do que está a acontecer. O Sr. Zuma está hoje na igreja a rezar para que o diabo não entre no MK", concluiu Ndhlela, referindo-se ao ANC.
África do Sul abalada por atos de vandalismo
Mais de 70 pessoas já terão morrido desde que começou na África do Sul uma onda protestos contra a detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, marcada por vandalismo e pilhagem de bens públicos.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Prisão de Jacob Zuma
A agitação começou sob a forma de protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na semana passada. O antigo chefe de Estado foi condenado a 15 meses de prisão, acusado de desacato a uma ordem do Tribunal Constitucional para prestar depoimento num inquérito que investigava a "grande corrupção" durante os nove anos do seu mandato até 2018.
Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Manifestantes saem às ruas
Os apoiantes de Jacob Zuma, principalmente oriundos de KwaZulu-Natal, saíram às ruas para protestar contra a detenção do ex-estadista, alengado que a sua detenção tem motivações políticas, da parte do seu sucessor, o atua Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Os protestos rapidamente se transformaram em tumultos e num autêntico caos em várias zonas do país.
Foto: Sumaya Hisham/Reuters
Saques de lojas e bens públicos
Os protestantes atearam fogo e saquearam vários centros comerciais, principalmente nas cidades de KwaZulu-Natal e Johanesburgo. Pelo menos 10 corpos foram encontrados depois de uma corrida de pilhagem num centro comercial no Soweto, um município de Gauteng, outra província muito afetada pela violência dos últimos dias.
Foto: Sumaya Hisham/REUTERS
Frustração sobre desigualdade e pobreza
Várias estradas foram bloqueadas, viaturas de particulares e camiões de transporte de mercadorias foram incendiadas pelos manifestantes. Muitas pessoas sentem-se também frustradas pela desigualdade e pobreza na África do Sul, que se evidenciou por causa das restrições impostas pela Covid-19. O país já registou mais de dois milhões de infeções pela Covid-19.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Apelos à calma
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, lamentou na noite de terça-feira (13.07) o vandalismo que se vive no país há uma semana e apelou à calma, porque no seu entender “o caminho da violência, da pilhagem e da desordem só leva a mais violência e devastação. Isso leva a mais pobreza, mais desemprego e mais perda de vidas inocentes".
Foto: Esa Alexander/Pool/REUTERS
Militares nas ruas
Cerca de 2500 soldados foram destacados para reforçar o patrulhamento nas ruas de Gauteng e KwaZulu-Natal, na tentativa de parar a fúria dos manifestantes e garantir a proteção dos bens públicos. O Presidenrte Cyril Ramaphosa já avisou que não tolerará a continuação da vandalizarão de bens privados.
Foto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images
Oportunismo criminoso
Numa declaração à nação, o Presidente Cyril Ramaphosa caracterizou os protestos como um "ato oportunista de criminosos" que querem provocar caos no país. De acordo com o balanço das autoridades sul-africanas, mais de 1.230 pessoas estão detidas por causa de atos de vandalismo e pilhagem de bens no país.
Foto: James Oatway/Getty Images
"Graves impactos em toda a região" alerta UA
A União Africana (UA) condenou esta quarta-feira (14.07) a "escalada de violência" na África do Sul, que já provocou pelo menos 72 mortos, e apelou a uma "restauração urgente da ordem, paz e estabilidade" no país. Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, defendeu que se as autoridades não conseguirem controlar a violência, haverá "graves impactos não só no país, mas em toda a região".