Jacob Zuma desiste de interrogatório sobre corrupção
AFP | Lusa | rvp
19 de julho de 2019
O ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma decidiu deixar de testemunhar no alegado caso de corrupção ocorrido durante o seu mandato. Defesa diz que Zuma está a ser tratado de forma injusta.
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O antigo Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, não quis continuar a dar o seu testemunho no caso que investiga a corrupção durante a sua governação. Esta sexta-feira (19.07), em Joanesburgo, o seu advogado, Muzi Sikhakhane, confirmou que Zuma não vai mais cooperar naquela investigação.
O advogado de Jacob Zuma considerou que o seu cliente está a ser tratado de forma discriminatória. "O nosso cliente desde o início foi tratado como alguém que está acusado". Sikhakhane ainda disse que o inquérito se tornou "um processo político em que a mão esquerda não sabe o que a mão direita está a fazer".
Zuma deveria ter dado o último testemunho esta sexta-feira, após o inquérito ter sido adiado na quarta-feira, quando se queixou de que o interrogatório era efetivamente um contrainterrogatório do tribunal.
O ex-Presidente começou a testemunhar na segunda-feira e tinha rejeitado todas as acusações feitas contra ele por testemunhas, incluindo dezenas de ministros, deputados, empresários e altos funcionários da administração, no escândalo de corrupção popularmente referido como "Captura do Estado".
Suspeitas
O antigo chefe de Estado, aos 77 anos, é suspeito de conceder ilegalmente contratos públicos lucrativos e benefícios indevidos a uma família de empresários indianos de quem é próximo, os Gupta.
Entretanto, Jacob Zuma, que foi pressionado a demitir-se pelo partido que lidera o Governo, o Congresso Nacional African (ANC, na sigla inglesa) e substituído por Cyril Ramaphosa, nega as acusações.
Paralelamente a esta investigação, Zuma está acusado num caso que envolve alegações de corrupção, branqueamento de capitais e fraudes relacionadas com um acordo de armas no valor de um milhão de dólares (890 mil euros), assinado no final dos anos 90.
Além disso, já em 2016, teve de devolver, por ordem do Tribunal Constitucional, meio milhão de euros de dinheiro público que foi gasto de forma irregular em obras na sua residência particular.
África do Sul: Comida que é um perigo para a saúde
Pelo menos, metade dos sul-africanos tem excesso de peso. Muitas pessoas, sobretudo nas zonas mais pobres, consomem comida "fast food". A DW visitou o bairro de Hillbrow, em Joanesburgo.
Foto: Lungile Hlatshwayo
'Fast food' famosa
Nos bairros mais pobres da África do Sul, o "kota" é quase uma comida básica para miúdos e graúdos. Trata-se de pão torrado com batatas fritas e queijo e enchidos processados. É barato e enche. O preço depende do que leva; varia entre o equivalente a 30 e 90 cêntimos de euro.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Comida barata e perigosa
Mas o valor nutricional do "kota" deixa muito a desejar. E, para poupar, os vendedores costumam mudar poucas vezes o óleo. No ano passado, o pior surto de listeriose de sempre matou 183 pessoas - a bactéria foi encontrada numa "salsicha" artificial.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Pobreza e desnutrição
Comida pouco saudável - com poucos nutrientes, mas muita gordura, açúcar e sal - está a causar uma nova epidemia na África do Sul e noutros países em desenvolvimento. Má alimentação provoca obesidade e pode levar a mais complicações, como diabetes, cancro e doenças cardiovasculares, responsáveis por metade das mortes prematuras na África do Sul.
Foto: Lungile Hlatshwayo
46% de carne
A comida pouco saudável é mais barata. Neste supermercado, um quilo desta salsicha processada custa o equivalente a três euros. Mas se olharmos para a lista de ingredientes, é isto que aparece: 46% de carne de porco e frango "desossada à máquina". O resto é água, estabilizantes, amido e aditivos químicos.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Xima vs. muesli
Aqui, "o que se vende melhor é a Mealie Meal", diz o gerente do supermercado. Em muitas famílias, a xima (funge) é algo que se come a todas as refeições. Muitos clientes compram também leite de longa duração e açúcar. Mas em supermercados de zonas mais ricas, as prateleiras estão recheadas com outros produtos: flocos de cereais com frutos secos, arroz, massa e pão. Mais caros.
Foto: Lungile Hlatshwayo
"'Pap' to go"
A xima, ou "pap", como se diz aqui, é a base da alimentação dos mais pobres. "Comemos sobretudo 'pap'", afirma Thema Masuku, um cliente de um restaurante em Hillbrow, um bairro de Joanesburgo. "Comemos 'pap' e carne, que é o que as pessoas daqui conseguem comprar". Mas muitas não sabem que este tipo de alimentação é pouco rico em nutrientes, e isso pode ter consequências para a saúde.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Novos hábitos alimentares
Nos últimos anos, os hábitos alimentares mudaram em muitos países em desenvolvimento. As pessoas comem sobretudo refeições já feitas ou alimentos processados industrialmente. Em muitos desses países, a cozinha tradicional tem sido colocada a um canto, tanto por miúdos como por graúdos. Aqui, em Hillbrow, depois da escola terminar, os jovens costumam fazer fila para comprar "kotas".
Foto: Lungile Hlatshwayo
O perigo aumenta
Diabetes, ataques cardíacos ou hipertensão não eram frequentes em África. Mas o cenário está a mudar rapidamente. Os ingredientes do "kota" - gordura, açúcar e sal - provocam esse tipo de problemas. A Organização Mundial de Saúde estima que, em 2030, estas doenças serão a principal causa de morte.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Vegetais, mas poucos
"Mesmo quando as pessoas compram vegetais, cozinham-nos de forma pouco saudável", diz Thandi Puoane, da Universidade do Cabo Ocidental. Num dos seus estudos, a universidade descobriu que muitas pessoas cozinham espinafres, tomates ou couve com restos de carne e muita gordura. E intensificadores de sabor. Ou seja, comida que poderia ser saudável pode transformar-se numa bomba de calorias.
Foto: Lungile Hlatshwayo
Único prato do menu
"Mama Dombolo" é um restaurante em Hillbrow. E aqui só há um prato no menu: "pap" com "matambo", ensopado de ossos de carne de vaca. Normalmente é acompanhado de uma porção de "morogo", espinafres africanos. Em suma, um prato pouco nutritivo, como noutros locais que vendem comida neste bairro.