O Governo sul-africano negou ter encerrado o espaço aéreo internacional, como tinha sido anunciado pela estatal TAAG Linhas Aéreas Angolanas para justificar o cancelamento dos seus voos semanais para a África do Sul.
Publicidade
"Não existe qualquer encerramento do espaço aéreo internacional como parte do confinamento de nível 3 anunciado pelo Presidente Ramaphosa, o espaço aéreo permanece aberto até novas normas em contrário", disse à Lusa a porta-voz do Ministério dos Transportes, Ayanda Allie Paine.
O chefe de Estado não mencionou também no seu discurso qualquer medida de encerramento do espaço aéreo sul-africano", adiantou.
Todavia, a estatal TAAG Linhas Áreas Angolanas anunciou segunda-feira (28.12) o cancelamento a partir de hoje dos voos desde a capital angolana Luanda para a África do Sul, justificando a medida com o "encerramento do espaço aéreo" pelo Governo da África do Sul.
"Lamentavelmente o espaço aéreo da África do Sul foi encerrado devido ao aparecimento da nova estirpe, assim sendo foi 'suspensa' toda a operação dos voos de passageiros para Johannesburg/Cape Town, não existindo previsão para a sua retoma", indicou aos clientes a companhia aérea de bandeira angolana, numa comunicação a que a Lusa teve acesso.
Angola: Carta ao Pai Natal
06:52
O porta-voz da TAAG explicou à Lusa que o cancelamento se deveu a um decreto conjunto dos ministérios da Saúde, dos Transportes e do Interior angolanos a dar conta do encerramento da fronteira aérea com a África do Sul.
"Foi tão logo que saiu um decreto conjunto, a TAAG também fez sair um comunicado a dar conta do cancelamento dos voos por razões da pandemia, seja para Joanesburgo, quer para a Cidade do Cabo", disse Carlos Vicente.
O responsável frisou que em situações do género o procedimento manda que os passageiros contactem os serviços de terra para se encontrarem alternativas.
Publicidade
Novo confinamento na África do Sul
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou segunda-feira à noite um novo confinamento de nível 3 'ajustado' para conter a pandemia do novo coronavírus, que infetou 1.011.871 milhões de pessoas desde março na África do Sul e causou 27.071 mortos.
De acordo com as novas normas de confinamento de nível 3, publicadas no portal do Governo sul-africano, "todos os viajantes internacionais estão autorizados desde que apresentem um teste de covid-19 válido e certificado realizado até 72 horas antes da data de embarque".
A plataforma flightradar24.com, consultada pela Lusa, indicava às 13:00 locais pelo menos quatro voos internacionais com escala no aeroporto internacional OR Tambo, em Joanesburgo, sendo dois com destino para Singapura e Windhoek, na Namíbia, e dois com origem em Harare, Zimbabué e Gaborone, no Botsuana.
As companhias de aviação Emirates, Qatar, KLM e Air France continuam a operar também todos os seus voos para Joanesburgo, disse hoje à Lusa fonte do setor de aviação comercial em Joanesburgo.
Todavia, além da TAAG, que opera dois voos semanais desde Luanda para Joanesburgo e Cidade do Cabo, as companhias aéreas Turkish Airways, Lufthansa, British Airways e Virgin Atlantic cancelaram no início da semana todos os voos da Europa para a África do Sul até dia 31 deste mês, devido à pandemia do novo coronavírus no país, referiu a fonte.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.775.272 mortos resultantes de mais de 81,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
15 momentos que marcaram o "annus horribilis" de 2020
2020 ficará para sempre conhecido como o ano da pandemia de Covid-19. Entretanto, foi também marcado por momentos-chave a vários níveis - desde a morte de George Floyd, nos EUA, às manifestações em Angola.
Foto: Jacob King/REUTERS
Isabel dos Santos e o caso "Luanda Leaks"
Em janeiro, a empresária angolana foi constituída arguida por alegado desvio de fundos na petrolífera estatal Sonangol. Ao longo do ano, teve arrestadas as suas contas bancárias e participações da NOS em Portugal, testemunhou a nacionalização da sua parte na Efacec e, ainda, viu o hacker português Rui Pinto - fonte dos documentos que levaram ao "Luanda Leaks" - aguardar o julgamento em liberdade.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Metzel
Sissoco Embaló: Tomada de posse "simbólica"
Em fevereiro, Umaro Sissoco Embaló tomou posse como Presidente da Guiné-Bissau à revelia do Supremo Tribunal de Justiça. Estava ainda em curso um contencioso eleitoral interposto pelo opositor Domingos Simões Pereira, que apelidou a tomada de posse de "golpe de Estado". O novo Presidente demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, nomeando o novo Executivo do primeiro-ministro Nuno Nabiam.
Foto: DW/I. Dansó
OMS declara pandemia de Covid-19
Todos os PALOP entraram em estado de emergência depois da declaração da Organização Mundial da Saúde, em março. A pandemia levou ao adiamento de vários eventos mundiais, como os Jogos Olímpicos e o Campeonato Africano das Nações (CAN). Em abril, mais da metade da população mundial estava confinada em casa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Gonchar
"I can't breathe": A morte de George Floyd
O afro-americano morreu em maio nos EUA, sufocado por um polícia que colocou o joelho sobre o seu pescoço durante durante 8 minutos e 46 segundos. A frase "I can't breathe" ("Não consigo respirar"), proferida por Floyd antes de morrer, tornou-se viral. A morte motivou protestos antirracismo em todo o mundo, levou à vandalização de estátuas coloniais e impulsionou o movimento Black Lives Matter.
Foto: Getty Images/S. Maturen
"Perseguição política" na Guiné-Bissau
Em maio, o deputado Marciano Indi foi sequestrado após ter expressado opiniões que terão desagradado ao Presidente guineense. O ano ficou também marcado pelo rapto e sequestro de vários ativistas, alegadamente por seguranças de Sissoco Embaló. A agitação política levou o ex-primeiro-ministro Aristides Gomes (na foto) a refugiar-se na sede da ONU em Bissau. Gomes fala em "perseguição política".
Foto: DW/B. Darame
Cabo Verde processado por violação dos direitos humanos
O empresário Alex Saab foi detido na ilha do Sal, em junho, mediante mandado de captura dos EUA, que o consideram um testa-de-ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Saab denunciou ter sido torturado na prisão a mando dos EUA. Pela primeira vez, Cabo Verde foi processado por violar direitos humanos no seu território. Em dezembro, a CEDEAO ordenou a prisão domiciliária do colombiano.
Foto: Governo de Cabo Verde
Moção de censura contra Governo de STP
Em julho, o principal partido da oposição são-tomense, a Ação Democrática Independente (ADI), apresentou uma moção de censura contra o Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus. A gestão dos fundos contra a Covid-19 foi um dos motivos apresentados pela ADI, que acusou ainda o Executivo de agir com "práticas sistemáticas de ilegalidades". A moção foi rejeitada pelo Parlamento são-tomense.
Foto: DW/R. Graça
Tragédia em Beirute
Em agosto, uma explosão no porto de Beirute, provocada por 2,7 toneladas de nitrato de amónio, devastou grande parte da capital libanesa, provocando mais de 200 mortos e 6.500 feridos. A carga de amónio era uma encomenda da Fábrica de Explosivos de Moçambique e tinha como destino o porto da Beira. Contudo, o navio ficou retido em Beirute por ordem das autoridades locais e a carga foi substituída.
Foto: Getty Images/AFP/STR
"Zenu" condenado no caso "500 milhões"
O filho dos ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, José Filomeno 'Zenu' dos Santos, foi condenado em agosto a cinco anos de prisão por crimes de burla e defraudação, peculato e tráfico de influências. Em causa está uma transferência irregular de 500 milhões de dólares do banco central angolano para a conta de uma empresa privada estrangeira sediada em Londres.
Foto: Grayling
Luta contra a corrupção continua em Angola
Ainda este ano, o empresário Carlos São Vicente ficou em prisão preventiva e o ex-ministro da Comunicação Social Manuel Rabelais (na foto) começou a ser julgado. Ambos são acusados de peculato e branqueamento de capitais. Por outro lado, Edeltrudes Costa, diretor de Gabinete do Presidente João Lourenço, não é alvo de qualquer processo, apesar de alegado envolvimento em escândalos de corrupção.
Foto: Imago/Xinhua
Incêndio na redação do Canal de Moçambique
O editor-executivo do semanário classificou o incêndio ocorrido em agosto nos escritórios do Canal de Moçambique como "atentado terrorista contra liberdade de expressão e de imprensa", acrescentando que "uns são raptados e outros são intimidados". Matias Guente refere-se, por exemplo, ao caso do jornalista Ibrahimo Mbaruco, desaparecido desde abril na província nortenha de Cabo Delgado.
Foto: Adriano Nuvunga/CDD
EI diz ter tomado porto de Mocímboa da Praia
A 11 de agosto, um grupo de homens armados anunciou a tomada do porto da vila de Mocímboa da Praia. O grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ataque. O número de deslocados da província nortenha de Cabo Delgado escalou exponenciamente. Em dezembro, o Governo moçambicano anunciou que pelo menos 560 mil cidadãos tiveram de fugir do conflito.
Foto: Getty Images/AFP/A. Barbier
Biden vence eleições norte-americanas
Novembro foi o mês em que Donald Trump sofreu a derrota nas presidenciais dos EUA. Mas o republicano queixou-se sucessivamente de fraude eleitoral, sem apresentar provas. A Casa Branca terá novos ocupantes: Joe Biden e Kamala Harris, a primeira mulher eleita vice-Presidente dos EUA. Filha de pai jamaicano e de mãe indiana, Harris será também a primeira mulher negra a ocupar o posto.
Foto: Andrew Harnik/Getty Images
Dia da Independência em Angola marcado por manifestações
O dia 11 de novembro foi o mais intenso das manifestações por melhores condições de vida e pela realização das primeiras eleições autárquicas em Angola. A polícia reprimiu o protesto violentamente. A morte do jovem manifestante Inocêncio Matos gerou indignação. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo o ativista Nito Alves. Luaty Beirão e outros ativistas foram detidos.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Covid-19: A corrida da vacina
O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech, aplicada pela primeira vez em dezembro. A primeira pessoa a receber a vacina contra a Covid-19 foi uma mulher britânica de 90 anos (na foto). O dia do arranque do programa de imunização foi apelidado de Dia-V, numa clara alusão ao Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial.