África do Sul: Oposição conquista Pretória e Joanesburgo
Lusa | Reuters
23 de novembro de 2021
Oposição ganha capital sul-africana, um dia depois de conquistar a capital económica nas eleições municipais. Presidente Cyril Ramaphosa fala em "grande lição" para o Congresso Nacional Africano.
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A oposição na África do Sul conquistou a capital do país, Pretória, nas eleições municipais, o que foi classificado esta terça-feira (23.11) pelo Presidente, Cyril Ramaphosa, como "grande lição", um dia após o partido do poder ter perdido Joanesburgo.
"É um grande revés para nós, mas é também uma grande lição", disse Ramaphosa à margem de um encontro com o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, em Pretória. "É dececionante para o Congresso Nacional Africano (ANC), mas temos de aceitar a mensagem clara enviada pelo nosso povo", disse.
O ANC sofreu um retrocesso histórico nas eleições locais no início de novembro, caindo abaixo dos 50% pela primeira vez em qualquer eleição.
Até então, o partido de Nelson Mandela tinha ganhado todos os sufrágios por maioria absoluta, desde as primeiras eleições democráticas do país, em 1994.
Aliança Democrática elege presidentes
Sem uma maioria absoluta de um partido, a escolha do presidente da câmara em várias cidades estratégicas, incluindo Joanesburgo e Pretória, ficou em suspenso.
Agora, graças ao apoio do partido de esquerda radical Lutadores pela Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês) e do ActionSA, a formação política do antigo presidente da câmara de Joanesburgo, Herman Mashaba, ex-membro da Aliança Democrática (DA), principal partido da oposição, conquista as presidências de câmara das duas capitais.
O ANC perdeu o controlo da capital económica de Joanesburgo na segunda-feira. A câmara municipal será liderada por Mpho Phalatse, uma mulher da DA.
Outro candidato da DA, Randall Williams, foi confirmado para liderar Pretória, que já tinha sido ganha pela oposição nas anteriores eleições municipais de 2016.
Nascida em 2000 da fusão de três partidos "brancos", a DA, há muito vista como o partido da classe média branca, atraiu, entretanto, muitos eleitores negros, antes de ser envolvida em acusações de racismo.
África do Sul abalada por atos de vandalismo
Mais de 70 pessoas já terão morrido desde que começou na África do Sul uma onda protestos contra a detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, marcada por vandalismo e pilhagem de bens públicos.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Prisão de Jacob Zuma
A agitação começou sob a forma de protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na semana passada. O antigo chefe de Estado foi condenado a 15 meses de prisão, acusado de desacato a uma ordem do Tribunal Constitucional para prestar depoimento num inquérito que investigava a "grande corrupção" durante os nove anos do seu mandato até 2018.
Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Manifestantes saem às ruas
Os apoiantes de Jacob Zuma, principalmente oriundos de KwaZulu-Natal, saíram às ruas para protestar contra a detenção do ex-estadista, alengado que a sua detenção tem motivações políticas, da parte do seu sucessor, o atua Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Os protestos rapidamente se transformaram em tumultos e num autêntico caos em várias zonas do país.
Foto: Sumaya Hisham/Reuters
Saques de lojas e bens públicos
Os protestantes atearam fogo e saquearam vários centros comerciais, principalmente nas cidades de KwaZulu-Natal e Johanesburgo. Pelo menos 10 corpos foram encontrados depois de uma corrida de pilhagem num centro comercial no Soweto, um município de Gauteng, outra província muito afetada pela violência dos últimos dias.
Foto: Sumaya Hisham/REUTERS
Frustração sobre desigualdade e pobreza
Várias estradas foram bloqueadas, viaturas de particulares e camiões de transporte de mercadorias foram incendiadas pelos manifestantes. Muitas pessoas sentem-se também frustradas pela desigualdade e pobreza na África do Sul, que se evidenciou por causa das restrições impostas pela Covid-19. O país já registou mais de dois milhões de infeções pela Covid-19.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Apelos à calma
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, lamentou na noite de terça-feira (13.07) o vandalismo que se vive no país há uma semana e apelou à calma, porque no seu entender “o caminho da violência, da pilhagem e da desordem só leva a mais violência e devastação. Isso leva a mais pobreza, mais desemprego e mais perda de vidas inocentes".
Foto: Esa Alexander/Pool/REUTERS
Militares nas ruas
Cerca de 2500 soldados foram destacados para reforçar o patrulhamento nas ruas de Gauteng e KwaZulu-Natal, na tentativa de parar a fúria dos manifestantes e garantir a proteção dos bens públicos. O Presidenrte Cyril Ramaphosa já avisou que não tolerará a continuação da vandalizarão de bens privados.
Foto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images
Oportunismo criminoso
Numa declaração à nação, o Presidente Cyril Ramaphosa caracterizou os protestos como um "ato oportunista de criminosos" que querem provocar caos no país. De acordo com o balanço das autoridades sul-africanas, mais de 1.230 pessoas estão detidas por causa de atos de vandalismo e pilhagem de bens no país.
Foto: James Oatway/Getty Images
"Graves impactos em toda a região" alerta UA
A União Africana (UA) condenou esta quarta-feira (14.07) a "escalada de violência" na África do Sul, que já provocou pelo menos 72 mortos, e apelou a uma "restauração urgente da ordem, paz e estabilidade" no país. Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, defendeu que se as autoridades não conseguirem controlar a violência, haverá "graves impactos não só no país, mas em toda a região".