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PolíticaÁfrica do Sul

Presidente do ANC admite apoio abaixo de 50% ao partido

Lusa
16 de dezembro de 2022

O presidente sul-africano e líder do ANC, Cyril Ramaphosa, admitiu que o partido enfrenta uma significativa quebra de apoio eleitoral abaixo de 50%, apelando à reconfiguração da aliança governativa à esquerda.

 Cyril Ramaphosa visits Rishi Sunak in London
Foto: Alberto Pezzali/AP/picture alliance

"Pela primeira vez na história da nossa democracia, a nossa participação no voto nacional caiu abaixo de 50%. Outra grande preocupação é um declínio substancial na proporção de jovens registados para votar”, declarou o dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder desde 1994 na África d Sul.

Ramaphosa, que falava na abertura da 55.ª conferência nacional eletiva do partido, em Joanesburgo, considerou como "preocupante” o facto de os jovens continuarem sem votar e a não se registarem para os atos eleitorais.

"Cerca de 9% dos jovens registaram-se em 2021, contra 41% em 1999”, referiu.

Sobre a governação da aliança tripartida entre o ANC, o Partido Comunista (SACP) e a Cosatu, a maior confederação sindical no país, o dirigente sul-africano sublinhou que o facto de os membros da Cosatu serem também membros do ANC e funcionários do Governo causa "tensões” no relacionamento governativo.

De acordo com Ramaphosa, o ANC "precisa de ter uma conversa séria sobre as suas parcerias de aliança”, incluindo sobre a pretensão antiga de o SACP querer disputar as eleições.

Ramaphosa substituiu Jacob Zuma, antigo líder do ANC entre 2009 e 2018Foto: Jerome Delay/AP Photo/picture alliance

Reconfiguração

Ramaphosa referiu que após quase três décadas de democracia depois da queda do regime de segregação racial do ‘apartheid' no país, a aliança governativa precisa de ser "reconfigurada” para implementar "a Revolução Democrática Nacional”, e esta conferência "deve orientar isso”.

"A desunião no ANC não surge de diferenças ideológicas, políticas ou estratégicas, mas de uma disputa por cargos, no Estado, e pelos recursos a eles alocados”, referiu.

Sobre a galopante corrupção pública no país, os delegados na conferência gritaram "captura do Estado” e "lavagem de dinheiro” quando Ramaphosa aludiu às medidas do seu executivo para combater a captura do Estado pela grande corrupção pública desde 2017.

"Tomamos medidas decisivas para acabar com a captura do Estado, restaurar empresas estatais, reconstruir instituições públicas e permitir que o sistema de justiça criminal persiga os perpetradores da corrupção”, afirmou, destacando a ação de várias instituições no combate à corrupção.

"Orientados por uma das resoluções na nossa última conferência, constituímos a Comissão de Inquérito à Captura do Estado”, referiu o Presidente.

Ramaphosa, que substituiu o ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma, e antigo líder do ANC entre 2009 e 2018, salientou que "uma das instruções mais claras da conferência de 2017 foi acabar com a captura do Estado e lidar com a corrupção nas próprias fileiras do ANC”.

Sobre os violentos tumultos em julho de 2021, que causaram mais de 330 mortos, Ramaphosa reiterou que a violência foi uma "insurreição fracassada”.

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