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PolíticaÁfrica do Sul

África do Sul: Quais são os possíveis cenários de governo?

Thomas Marx | AFP | tm
4 de junho de 2024

Os partidos sul-africanos vão passar os próximos dias a discutir potenciais acordos de coligação, o que significa que inimigos históricos terão em breve de se tornar amigos. Que cenários de governo serão agora possíveis?

Observadores, políticos e jornalistas reagem à apresentação dos resultados finais das eleições sul-africanas, a 2 de junho de 2024
Foto: UPI Photo/IMAGO

O Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) obteve mais votos do que os seus rivais, mas não tem a maioria necessária para liderar o país sozinho. Sem maioria absoluta pela primeira vez em 30 anos, precisará de um acordo de coligação com outro partido ou partidos para governar e tentar reeleger o Presidente Cyril Ramaphosa para um segundo mandato.

O chefe de Estado sul-africano já disse que espera ultrapassar as diferenças: "O que estas eleições deixaram claro é que o povo da África do Sul espera que os seus líderes trabalhem em conjunto para satisfazer as suas necessidades. Esperam que os partidos em que votaram encontrem um terreno comum, que ultrapassem as suas diferenças. Que trabalhem em conjunto para o bem de todos."

Os partidos políticos sul-africanos vão passar os próximos dias a discutir potenciais acordos de coligação, o que significa que inimigos históricos terão em breve de se tornar amigos.

Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa (ao centro), durante o anúncio dos resultados das eleições geraisFoto: Kyodo/picture alliance

Possíveis alianças e impactos

Quais são agora os possíveis cenários de governo? "Ouvimos falar de dois ou três cenários: ANC, DA, IFP, em termos do mais favorável para estabilizar o país e estabilizar o mercado", responde a analista política Sanusha Naidu.

"Depois, ouvimos falar do ANC, EFF, MK. Mas lembrem-se que o MK [o novo partido de Jacob Zuma, que deixou o ANC] tem uma condição prévia. Se Ramaphosa estiver presente, não falam. Se Ramaphosa não estiver presente, então, falarão com o ANC", explica Naidu.

Outros partidos também já deixaram claro que vão impor condições antes de darem as mãos ao ANC. Por exemplo, o partido Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema. "Há coisas fundamentais que, como sabem, [para nós] são de cortar o acordo, por exemplo, a questão da terra não é algo que se possa comprometer. Mas nós vamos envolver-nos de mente aberta", disse.

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Já o analista Lukhona Mnguni diz que o ANC também terá de considerar o impacto que um acordo teria na política interna e externa.

"Dentro do partido, os líderes concordam com a direção que devem tomar, ou com a postura que devem adotar. Por outro lado, há aquilo a que podemos chamar interesses nacionais. Quem são os atores externos com legitimidade de peso - como as empresas, a sociedade civil e a comunidade internacional, que pressionam os partidos políticos", afirma.

Os partidos políticos agora têm apenas 14 dias para formar governos nacionais e provinciais. Um tempo muito curto para os que têm diferenças ideológicas significativas chegarem a um acordo.

E não só chegar a um acordo, mas reconquistar a confiança dos sul-africanos, como diz a estudante Kelly Luke. "Não podemos confiar no que os partidos políticos dizem e nos dizem hoje em dia. O que importa é a ação, o que vemos é se eles estão realmente a implementar o que prometem aos sul-africanos. E a tendência comum que estamos a ver é que muito se fala, mas pouco se faz", conclui.

 

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