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África do Sul quer ser a ponte para acordo climático em Durban

21 de novembro de 2011

Apesar da sua pegada ecológica pouco verde a África do Sul, país anfitrião da Cimeira do Clima, fez grandes progressos e quer obter um acordo vinculativo que suceda ao Protocolo de Kyoto prestes a expirar.

Imagem da assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997
Imagem da assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997Foto: AP

De 28 de novembro e 9 de dezembro realiza-se, na cidade sul-africana de Durban, a Cimeira do Clima das Nações Unidas. Após Copenhaga e Cancún, esta reunião vai tentar chegar a um acordo internacional vinculativo.

As opções na mesa em Durban são o prolongamento do Protocolo de Kyoto, que expira no próximo ano, ou a assinatura de um novo acordo. Mas ninguém conta seriamente com o fim do impasse das negociações.

A África do Sul considera-se apta para mediar entre os estados industrializados e as nações emergentes, para além de representante da África, um continente que já hoje sofre as consequências da alteração do clima.

Desafios para a África do Sul

Lance Grayling, líder do grupo parlamentar do Partido sul-africano Independent Democrats, na oposição e membro da comissão parlamentar da energia e do meio ambiente, acredita que o seu país está à altura do papel de mediador.

" Por um lado paira, sobre o nosso país a ameaça da mudança climática. Por outro, nós próprios pertencemos ao número dos principais poluidores do mundo. Fazemos parte do grupo dos países em vias de desenvolvimento, mas também dos emergentes. E representamos um continente, África, que deve ser o mais interessado num acordo vinculativo".

Pegada pouco verde

Minas de carvão na África do SulFoto: Leonie March

O balanço ecológico da África do Sul, no entanto, representa um obstáculo. Segundo as Nações Unidas, a emissão de dióxido de carbono, ou CO2, por habitante em 2008 atingia 8,8 toneladas. É, de longe, o valor mais elevado no continente africano, sendo 14 vezes superior ao da Nigéria e 29 vezes mais alto do que no Quénia. E ainda está acima das emissões per capita da França, da Itália e da Espanha.

Este balanço energético explica-se pelo fato de cerca de 95% da electricidade sul-africana ter origem em centrais elétricas a carvão. Não obstante, e graças a uma linha de crédito do Banco Mundial, a empresa estatal Eskom está a construir duas das maiores centrais elétricas a carvão do mundo.

Lance Greyling explica que o Governo só muito tarde se apercebeu do problema que significa a quase completa dependência da energia fóssil. "Antes de 2005, a mudança climática não constava sequer da agenda política”.

Logo da Conferência do Clima "Climate Change Durban 2011"

Nova consciência ambiental

Mas, entretanto, muita coisa mudou. A África do Sul fez progressos importantes na política ambiental, diz o especialista. “Em Copenhaga comprometemo-nos a reduzir apreciavelmente as emissões. Trata-se de um objectivo ambicioso, sobretudo tendo em conta as indústrias de elevado consumo de energia. Toda a economia do país está dependente do carvão como fonte de energia. Por isso os nossos objectivos de protecção do clima representam uma verdadeira cisão na nossa História”.

Até 2020, a África do Sul pretende reduzir em 34% as emissões de CO2 em relação ao volume antecipado. Entre as energias renováveis nas quais pretende apostar no futuro, a nuclear assume um especial relevo. No programa político, a protecção do ambiente está agora ao mesmo nível prioritário que o combate à pobreza, o reforço dos sectores da Saúde e da Educação, e a criação de emprego.

Autor: Leonie March / Cristina Krippahl
Edição: Helena de Gouveia / António Rocha

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