África do Sul: Ramaphosa quer mais "credibilidade" no ANC
AFP | AP | Reuters | Lusa | tms
13 de janeiro de 2018
O novo líder do partido do Governo, Cyril Ramaphosa, discursou este sábado (13.01) no encontro que celebrou os 106 anos do Congresso Nacional Africano. E prometeu "confrontar a corrupção".
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Na África do Sul, o novo líder do Congresso Nacional Africano (ANC), Cyril Ramaphosa, prometeu, este sábado (13.01), "restaurar a credibilidade” do partido após uma série de escândalos envolvendo o Presidente, e ex-líder do ANC, Jacob Zuma.
No encontro que marcou os 106 anos de fundação do ANC, Ramaphosa disse que "o movimento está profundamente dividido por facções, amarras, corrupção e concorrências por recursos".
"Vamos confrontar a corrupção", afirmou o líder do partido do Governo, afirmando que "as investigações e o julgamento dos responsáveis [por manipular a máquina estatal em benefício próprio] receberão a máxima prioridade".
Retomada do crescimento económico
Discursando na cidade de East London, Cyril Ramaphosa também disse que o Governo deve atrair investidores estrangeiros para recuperar o crescimento económico, que foi desacelerado durante os dois mandatos do atual Presidente da República.
"A África do Sul está aberta para o investimento e vamos convidar os investidores do mundo inteiro a vir ao país e investir na nossa economia. Assim podemos criar empregos e combater a pobreza", pontuou Ramaphosa, ex-sindicalista que liderou as negociações para acabar com o domínio da minoria branca no início da década de 90 e depois se tornou um empresário multimilionário antes de retornar à política.
Comissão de inquérito
Nesta semana, Jacob Zuma, que também participava no encontro deste sábado, anunciou a criação de uma comissão de inquérito para investigar as alegações de corrupção que levaram a pedidos para a sua destituição, conforme decisão do Tribunal Constitucional sul-africano em dezembro.
Ramaphosa, que também é vice-Presidente da África do Sul, durante o encontro do ANC, agradeceu o Presidente pela decisão e disse que "a corrupção em empresas estatais e outras instituições públicas prejudicou os programas do nosso Governo no combate à pobreza e ao desemprego".
As denúncias de corrupção contra Jacob Zuma já gerou dentro do ANC pedidos para que o Presidente se afastasse do cargo, de modo que o partido possa ter melhores condições para concorrer às eleições de 2019.
Famílias influentes em África
Para muitos, a política continua a ser um negócio de família: o filho recebe a Presidência de herança, a filha dirige a empresa estatal, a esposa torna-se ministra. Há vários exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa
Filha milionária
Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente angolano, é uma das dez pessoas mais ricas de África. Do império da empresária constam a maior empresa de telecomunicações do país e uma cadeia de hipermercados. Além disso, dos Santos lidera a petrolífera angolana Sonangol. O irmão José Filomeno dirige o Fundo Soberano de Angola, que gere mais de cinco mil milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
O meu pai decide…
Teodoro Nguema Obiang Mangue é vice-Presidente da Guiné Equatorial – e o filho do chefe de Estado. O pai, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, dirige o país desde 1979. O seu enteado, Gabriel Mbaga Obiang, é ministro das Minas e Hidrocarbonetos. A petrolífera estatal GEPetrol é controlada pelo cunhado do Presidente, Nsue Okomo.
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O meu filho, o guarda-costas
Muhoozi Kainerugaba é o filho mais velho do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que está desde 1986 no poder. Ele é um oficial superior no Exército ugandês e comanda a unidade especial responsável pela proteção do chefe de Estado. A mulher de Museveni, Janet, é ministra da Educação e do Desporto. O cunhado, Sam Kutesa, é ministro dos Negócios Estrangeiros.
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Uma irmã gémea influente
Jaynet Désirée Kabila Kyungu é filha do ex-Presidente congolês, Laurent Kabila. Agora, é o seu irmão gémeo, Joseph Kabila, que governa o país. Jaynet está no Parlamento; além disso, tem uma empresa de comunicação. Os "Panama Papers" revelaram que ela foi co-presidente de uma empresa offshore que terá tido participações no maior operador móvel no Congo.
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De secretária a primeira-dama
Grace Mugabe é a segunda mulher do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe. Começaram a namorar enquanto ela ainda era a sua secretária. Entretanto, Grace é presidente da "Liga das Mulheres" do partido no poder e tem bastante influência. Grace, de 51 anos, é vista como a sucessora do marido, de 92 anos, embora ela tenha afastado essa hipótese.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
A ex-mulher ambiciosa
Nkosazana Dlamini-Zuma foi a primeira mulher eleita como presidente da Comissão da União Africana. Antes, foi ministra dos Negócios Estrangeiros no Governo do Presidente sul-africano Thabo Mbeki. Foi também ministra do Interior no Executivo do ex-marido, Jacob Zuma. O casamento desfez-se antes de Dlamini-Zuma ocupar esses cargos ministeriais.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Prinsloo
A empresa familiar, o Estado
Nas mãos da família do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, estão numerosas empresas estratégicas e altos cargos na política. O irmão Maurice é dono de várias empresas, a filha Claudia (na foto) dirige o gabinete de comunicação do pai e pensa-se que o filho Denis Christel esteja já a ser preparado para assumir a Presidência.
Foto: Getty Images/AFP/G. Gervais
Autorizado: Presidente Bongo II
O autocrata Omar Bongo Ondimba governou o Gabão durante 41 anos até falecer, em 2009. Numas eleições polémicas, em que bastou uma maioria simples na primeira volta, o filho do ex-Presidente, Ali Bongo, derrotou 17 opositores. Ele foi reeleito em 2016. A família Bongo já governa o país há meio século.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Tal pai, tal filho
Dos cerca de 50 filhos do ex-Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma, Faure Gnassingbé foi o único a enveredar pela política. Entretanto, governa o país. Os pais dos atuais chefes de Estado do Quénia e do Botswana também já tinham estado na Presidência.