África do Sul retira diplomatas em Israel para "consultas"
6 de novembro de 2023O Governo da África do Sul anunciou nesta segunda-feira (06.11) que vai retirar todos os seus diplomatas credenciados em Israel para realizar consultas sobre a crise desencadeada na Faixa de Gaza pela ofensiva militar israelita, após o ataque do grupo islamista Hamas a 7 de outubro.
"O Governo sul-africano decidiu retirar todos os seus diplomatas de Tel Aviv para realizar consultas", declarou a ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, numa conferência de imprensa em Pretória para prestar contas das conclusões da reunião de gabinete realizada a 1 de novembro.
Ntshavheni disse que o bombardeamento da Faixa de Gaza é "um genocídio".
Pretória espera "informação completa"
Os diplomatas, acrescentou a chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, irão fornecer uma "informação completa" sobre a situação ao Governo em Pretória, que decidirá depois se pode contribuir com alguma ajuda ou se uma "relação contínua pode realmente ser mantida".
"Estamos, como sabem, extremamente preocupados com a morte continuada de crianças e civis inocentes nos territórios palestinianos e acreditamos que a resposta de Israel se tornou um castigo coletivo", afirmou Pandor. "Considerámos importante manifestar a preocupação da África do Sul, ao mesmo tempo que continuamos a apelar à cessação total das hostilidades", acrescentou.
"Abordar a conduta do embaixador israelita"
O gabinete do Governo sul-africano disse também ter tomado "nota dos contínuos comentários depreciativos do embaixador israelita na África do Sul sobre aqueles que se opõem às atrocidades e ao genocídio do Governo israelita", afirmou.
Em resposta a esta situação, o gabinete ordenou ao Ministério das Relações Internacionais e Cooperação que "tomasse as medidas necessárias dentro dos canais e protocolos diplomáticos para abordar a conduta do embaixador israelita na África do Sul".
O Governo sul-africano tem sido historicamente um forte apoiante da causa palestiniana, e o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), tem frequentemente associado essa causa à sua própria luta contra o regime segregacionista do apartheid (1948-1994).
À semelhança da África do Sul, outros países chamaram os seus embaixadores em Israel em protesto contra a contraofensiva israelita em Gaza, incluindo o Chile e a Colômbia.
Israel pediu aos dois países que "condenem explicitamente a organização terrorista Hamas".