"Segunda oportunidade" para Ramaphosa fazer renascer o ANC
cm | com agências
20 de dezembro de 2022
Especialistas consideram que reeleição do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, para um segundo mandato à frente do ANC significa uma "segunda oportunidade" para renovar um partido dividido. Opinião não é unânime.
Publicidade
Com 2.476 votos, Cyril Ramaphosa foi reeleito para um segundo mandato na liderança do Congresso Nacional Africano, partido no poder na África do Sul. O também Presidente da República, derrotou o ex-ministro da Saúde, Zweli Mkhize, que obteve 1.897 votos.
A reeleição é uma "lufada de ar fresco" para Ramaphosa que nos últimos meses viu o seu futuro político ameaçado por acusações de envolvimento num escândalo de corrupção.
Membros do partido encaram a reeleição como um "renascimento" do partido e que trará "uma nova esperança para o povo".
"Ele está a receber outro mandato para continuar este programa de liderança do país, para realmente combater a desigualdade, a pobreza e o desemprego e mostrar que os jovens têm acesso ao trabalho, melhorar a economia deste país", comentou Mondli Gungbele, ministro da Presidência da África do Sul.
Mandilakhe Kondile, um delegado da província de Cabo Oriental, diz que está é para Ramaphosa uma "segunda oportunidade de resolver os problemas dos cidadãos sul-africanos e também unir o Congresso Nacional Africano para que possa resolver os problemas da África do Sul". "Acreditamos que não demos tempo suficiente ao presidente", sublinhou.
Já nas ruas da Cidade do Cabo, os sul-africanos não são assim tão unânimes.
Hilda Mpiana, estudante, diz que a reeleição de Ramaphosa nos destinos do ANC "não é uma boa notícia". "Bem, ele foi implicado no escândalo Phala Phala (…) Não queremos um criminoso como presidente, então ele deveria renunciar", frisou.
"Desejo tudo de melhor. Só quero deixá-lo fazer o melhor que puder. É o que desejo para ele", refere Andrew Esterhuisen, outro membro da sociedade civil.
Publicidade
Grandes desafios
Cyril Ramaphosa tem pela frente grandes desafios nos próximos cinco anos, desde logo promover a união do partido, profundamente dividido, reconstruir o governo e recuperar a economia.
"A África do Sul e o governo de Ramaphosa enfrentam uma série de pontos de crise muito intensos. A crise energética, a mudança climática, o alto desemprego e assim por diante. Portanto, tem que continuar a reconstruir a confiança na capacidade do governo de fazer o escolhas certas. Ele precisa fazer uma escolha e liderar com coragem, ousadia e determinação", considera o analista político Richard Calland.
Quanto ao Congresso Nacional Africano, já teve melhores dias. O partido perdeu mais de 330 mil membros nos últimos cinco anos desde a última conferência nacional eletiva. Ramaphosa admite que o partido enfrenta uma quebra de apoio eleitoral que está abaixo dos 50%.
África do Sul abalada por atos de vandalismo
Mais de 70 pessoas já terão morrido desde que começou na África do Sul uma onda protestos contra a detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, marcada por vandalismo e pilhagem de bens públicos.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Prisão de Jacob Zuma
A agitação começou sob a forma de protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na semana passada. O antigo chefe de Estado foi condenado a 15 meses de prisão, acusado de desacato a uma ordem do Tribunal Constitucional para prestar depoimento num inquérito que investigava a "grande corrupção" durante os nove anos do seu mandato até 2018.
Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Manifestantes saem às ruas
Os apoiantes de Jacob Zuma, principalmente oriundos de KwaZulu-Natal, saíram às ruas para protestar contra a detenção do ex-estadista, alengado que a sua detenção tem motivações políticas, da parte do seu sucessor, o atua Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Os protestos rapidamente se transformaram em tumultos e num autêntico caos em várias zonas do país.
Foto: Sumaya Hisham/Reuters
Saques de lojas e bens públicos
Os protestantes atearam fogo e saquearam vários centros comerciais, principalmente nas cidades de KwaZulu-Natal e Johanesburgo. Pelo menos 10 corpos foram encontrados depois de uma corrida de pilhagem num centro comercial no Soweto, um município de Gauteng, outra província muito afetada pela violência dos últimos dias.
Foto: Sumaya Hisham/REUTERS
Frustração sobre desigualdade e pobreza
Várias estradas foram bloqueadas, viaturas de particulares e camiões de transporte de mercadorias foram incendiadas pelos manifestantes. Muitas pessoas sentem-se também frustradas pela desigualdade e pobreza na África do Sul, que se evidenciou por causa das restrições impostas pela Covid-19. O país já registou mais de dois milhões de infeções pela Covid-19.
Foto: Rogan Ward/Reuters
Apelos à calma
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, lamentou na noite de terça-feira (13.07) o vandalismo que se vive no país há uma semana e apelou à calma, porque no seu entender “o caminho da violência, da pilhagem e da desordem só leva a mais violência e devastação. Isso leva a mais pobreza, mais desemprego e mais perda de vidas inocentes".
Foto: Esa Alexander/Pool/REUTERS
Militares nas ruas
Cerca de 2500 soldados foram destacados para reforçar o patrulhamento nas ruas de Gauteng e KwaZulu-Natal, na tentativa de parar a fúria dos manifestantes e garantir a proteção dos bens públicos. O Presidenrte Cyril Ramaphosa já avisou que não tolerará a continuação da vandalizarão de bens privados.
Foto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images
Oportunismo criminoso
Numa declaração à nação, o Presidente Cyril Ramaphosa caracterizou os protestos como um "ato oportunista de criminosos" que querem provocar caos no país. De acordo com o balanço das autoridades sul-africanas, mais de 1.230 pessoas estão detidas por causa de atos de vandalismo e pilhagem de bens no país.
Foto: James Oatway/Getty Images
"Graves impactos em toda a região" alerta UA
A União Africana (UA) condenou esta quarta-feira (14.07) a "escalada de violência" na África do Sul, que já provocou pelo menos 72 mortos, e apelou a uma "restauração urgente da ordem, paz e estabilidade" no país. Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, defendeu que se as autoridades não conseguirem controlar a violência, haverá "graves impactos não só no país, mas em toda a região".