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SociedadeÁfrica do Sul

África do Sul a braços com uma das piores inundações

Adrian Kriesch
22 de abril de 2022

A África do Sul foi fustigada por uma das maiores catástrofes naturais da história do país. As cheias e deslizamento de terras, resultantes das fortes chuvas, mataram mais de 400 pessoas e destruíram milhares de casas.

Foto: Adrian Kriesch/DW

Lungile Nene ainda está a tentar entender o que aconteceu. Caminha entre o que resta da sua casa no município de Ntuzuma, na região de Durban, na costa leste do país. Estava em casa quando o solo começou a mover-se e a desmoronar, levando à morte da prima Azanda, de 10 anos.

"Foi terrível. Parecia que meu coração estava a partir-se em mil pedaços. Ela era uma menina alegre, estava sempre feliz", recorda.

A força das cheias é incalculável. As águas arrastaram pontes, danificaram estradas e fizeram estragos também na empresa de Sachin Harisunker. As inundações varreram centenas de contentores armazenados num depósito perto do porto.

Agora, juntamente com a equipa, tenta recuperá-los mas enfrentam outro desafio. "Invadiram os escritórios, roubaram computadores. Microondas, frigorífico. Até cortaram todos os cabos. Tudo o que conseguiram salvar, levaram. Todo o nosso trabalho árduo. Mas é isso, só temos agora de reconstruir a partir daqui", diz Sachin Harisunker.

As águas fizeram estragos na empresa de Sachin HarisunkerFoto: Adrian Kriesch/DW

"Mudança climática é séria"

Durante a visita a um abrigo, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, culpou as mudanças climáticas pela catástrofe natural.

"Está a mostrar-nos que a mudança climática é séria, e está aqui. Não podemos mais adiar as medidas que precisamos tomar para lidar com a mudança climática. A nossa capacidade de gerenciamento de desastres precisa estar em um nível superior", declarou.

O Presidente sul-africano a disponibilização imediata de 62 milhões de euros para assistir as vítimas das cheias ao mesmo tempo que deixou um alerta severo sobre a corrupção. Deverá haver transparência e responsabilidade, frisou.

Pelo menos 40 mil pessoas ficaram desalojadas Foto: RAJESH JANTILAL/AFP

População desconfia do Governo

No entanto, entre a população a desconfiança persiste. A moradora Lungile Nene, que perdeu a casa, duvida que o governo cumpra o que prometeu e questiona-se se receberá alguma ajuda.

Também Lebo Mokoena lembra que alguns ainda aguardam a prometida ajuda e novas casas do governo após fortes inundações em 2019.

"As nossas casas estão destruídas. Alguns de nós não tem emprego nem dinheiro, então nem sabemos onde vamos dormir esta noite. Perdemos comida, mantimentos, tudo. Até as nossas roupas. Não sabemos o que vamos fazer. Muitas pessoas morreram aqui. Estamos a pedir ajuda. Não queremos promessas vazias", sublinha.

Após as inundações, os habitantes continuam sem acesso a água potável e o medo de doenças transmitidas pela água que estão a consumir, instala-se. Também falta eletricidade, com o fornecimento de energia condicionado em várias regiões.

Um número indeterminado de pessoas continua desaparecidas e as buscas prosseguem. Pelo menos 40 mil ficaram desalojadas.

Durante esta época do ano, chuvas fortes e inundações são comuns nesta região da África do Sul. Mas desta vez, a quantidade de chuva que caiu mais do duplicou em comparação com anos anteriores.

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