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PolíticaÁfrica do Sul

Violência na África do Sul afeta negócios com Moçambique

15 de julho de 2021

A onda de violência que vive na África do Sul está a afetar o fluxo de negócio com Moçambique. Transportadores dizem que camiões com bens essenciais estão parados. Não há relatos de moçambicanos vítimas de violência.

África do Sul em chamas devido à violência provocada pelos protestos contra a prisão de Jacob ZumaFoto: Rogan Ward/REUTERS

À DW África, a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) relata que há camiões com bens essenciais para Moçambique retidos na África do Sul, devido à violência naquele país. Uma situação que pode provocar carência de alimentos em Moçambique.

A África do Sul é palco de uma onda de violência acompanhada por pilhagens e vandalismo que começou com protestos contra a prisão do antigo Presidente da República Jacob Zuma. Pelo menos 72 pessoas morreram e mais de 1.200 foram presas pelas autoridades desde a província de Cabo do Norte até Mpumalanga, vizinha a Moçambique, segundo a polícia sul-africana.

O presidente da FEMATRO, Castigo Nhamane, disse que os veículos que transportam mercadoria importada da África do Sul não podem atravessar a fronteira para Moçambique, porque parte do percurso que têm de fazer está em zonas assoladas por pilhagens e vandalismo ou não o fazem por prudência. Adiantou ainda que a organização não tem conhecimento de camiões moçambicanos que tenham sido pilhados na África do Sul.

DW África: Como é que a escalada de violência na África do Sul está a afetar os transportadores moçambicanos?

Castigo Nhamane (CN): A violência na África do Sul afeta os moçambicanos nos seus negócios, refiro-me aos transportes de passageiros e de mercadorias. Os centros comerciais na África do Sul, onde os moçambicanos viagem para ir fazer compras, estão sendo saqueados e estão fechados. Daí que o nosso transporte está totalmente parado. Os camiões que carregam mercadorias da África do Sul para Moçambique também estão completamente parados. Para já, não temos informações de nenhum camião moçambicano incendiado ou saqueado. Mas o negócio está completamente parado por causa da violência. 

DW África: Não houve ataques contra os moçambicanos?

Onda de saques em DurbanFoto: Rogan Ward/REUTERS

CN: Não temos conhecimento. Mas não houve porque os moçambicanos quando começou a violência pararam onde estavam. O único acesso direto é porque as transações estão paradas. Não há transportes de mercadorias, não há transportes de passageiros para a África do Sul por causa desta manifestação dos sul-africanos.

DW África: Mas não têm conhecimento de ataques contra os moçambicanos que vivem na África do Sul, não só os transportadores?

CN: Os moçambicanos que vivem na África do Sul relatam que estão fechados nas suas casas e não podem sair porque têm medo da violência. Alguns estão a voltar para Moçambique, porque esta violência é diferente das outras vividas no passado. Da outra vez, era xenofobia. Agora não, a violência é mesmo contra tudo que é comércio. Estão a vandalizar tudo na África do Sul, o que acaba por afetar os nossos concidadãos.

DW África: O que é que os moçambicanos que vivem na África do Sul acham sobre os protestos contra a prisão de Jacob Zuma? 

CN: A opinião é que povo sul-africano acate o discurso que o Presidente do país,Cyril Ramaphosa, proferiu à nação na segunda-feira (12.07), em que apelou à calma a todos e dizer que a detenção do ex-Presidente é uma questão da justiça, que não tem nada a ver com o que o povo está a fazer.

DW África: Que orientações estão a dar aos transportadores e outros trabalhadores que ainda precisam ir à África do Sul? 

CN: Pedimos que tenham calma e aguentar mais uns dias para ver qual será a situação nos próximos dois ou três dias. É preferível perder uns dias do que pôr em perigo a sua própria vida.

DW África: E o que dizem as autoridades sul-africanas aos cidadãos moçambicanos que querem entrar no país?

CN: Nós não temos nenhuma mensagem do Governo sul-africano dirigida aos moçambicanos. Ouvimos apenas uma mensagem do Presidente sul-africano [Cyril Ramaphosa] a apelar calma aos seus concidadãos sul-africanos. Não há nenhuma mensagem direta dos sul-africanos para os moçambicanos.

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