1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Tecnologia

África na mira de empresas na Web Summit

8 de novembro de 2017

África é um mercado apetecível na área das telecomunicações, sublinham africanos presentes na Web Summit, a maior feira de tecnologia da Europa a decorrer em Lisboa. Mas é preciso estabilidade política e formação.

Foto: Tupuca

A Internet abriu portas e oportunidades à Tupuca, uma pequena startup angolana, que criou uma aplicação para o setor da restauração, cujo objetivo é facilitar a entrega de refeições ao domicílio.

"Encontramos muitas empresas que fazem a mesma coisa, usando outras tecnologias. Então, lançamos essa ideia em Luanda e implementámos", afirmou Wilson Ganga, co-fundador da empresa sedeada em Luanda. A perspetiva, segundo este jovem, de 25 anos, é a expansão a nível regional e continental em África.

"Por enquanto vão ser os países que falam português: São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde, entre outros, e só depois [avançaremos para] toda a África. É um projeto para cinco a dez anos", completou o angolano.

Wilson Ganga é um dos participantes da Web Summit 2017, a mega conferência na área da inovação tecnológica que tem lugar na capital portuguesa, Lisboa, até quinta-feira (09.11). No encontro, a decorrer no Parque das Nações, Wilson Ganga veio buscar experiência em tecnologia de ponta, conhecer as novas tendências e procurar parcerias de investimento.

África na mira de empresas na Web Summit

This browser does not support the audio element.

África em destaque

Durante a Web Summit, mais de 60 mil participantes, incluindo empresas de vários continentes, procuram conhecer os principais projetos em desenvolvimento e as tendências no mercado tecnológico, bem como aprender com as palestras de oradores de renome internacional.

África tem muito a ganhar com o investimento nas novas tecnologias de informação e de comunicação, mas é necessário estabilidade política e formação de recursos humanos para tirar vantagens do acesso à Internet. O continente constitui um mercado apetecível para as startups, mas também para as grandes empresas de telecomunicações, segundo a opinião de alguns dos participantes africanos da maior feira de tecnologia da Europa, aberta ao mundo.

Wilson Ganga é também diretor de marketing da Tupuca, estudou comunicação e tecnologias de informação nos Estados Unidos e considera que esta é a área de futuro. "É preciso ter visão e foco, mas também muito trabalho para se afirmar neste mercado", sublinha.

Vantagens tecnológicas

Apesar de existirem ainda alguns obstáculos, pessoas como Milton Cabral, representante na Web Summit do Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação (NOSI), uma entidade pública empresarial com sede na cidade da Praia, só veem vantagens na indústria tecnológica para países insulares como Cabo Verde. 

"Hoje em dia, temos exemplos claros; não podemos negar isso. O Facebook, o Twiter, o Snapchat, o Uber, são tecnologias que basicamente conectam e põe as pessoas a criarem conteúdo, a criarem um ecossistema que depois gera economia e faz avançar um país ou uma indústria. Portanto, tudo gira à volta do conteúdo, tudo gira hoje à volta da tecnologia e à volta das pessoas", sublinha Milton Cabral.

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve em Lisboa para participar na cimeira Foto: DW/J. Carlos

O NOSI é basicamente responsável pelo Programa de Governação Eletrónica em Cabo Verde. O país já dispõe de uma grande Data Center e está a trabalhar no sentido de ser um fornecedor de serviço de excelência para a região africana. No entanto, acrescenta, é preciso evoluir e investir na formação.

"Não é só conhecer as tecnologias, mas é preciso também fazer um investimento forte na educação, na capacitação das pessoas. Portanto, não vale a pena investir em máquinas de ponta se não tens pessoas com capacidade e abertura de as manejar. Acredito que em África ainda falta percebermos isso", diz Milton Cabral.

Mercado com potencial

Estão representadas também no evento empresas de telecomunicações que têm África na mira dos seus negócios. Pedro Rocha Vieira, um dos co-fundadores da BETA-i, uma startup portuguesa parceira na organização da Web Summit, diz que é um mercado com alto potencial.

Milton Cabral representa o NOSI na Web SummitFoto: DW/J. Carlos

"É um mercado que tem um alto potencial, tem uma população superjovem que não está bem servida e não tem ainda os players internacionais de referência lá. E, portanto, há muito interesse em conseguir perceber melhor África e daí conseguir tirar algum partido".

Rocha Vieira sublinha que o continente pode dar um salto no tempo, investindo em soluções mais modernas que oferecem as novas tecnologias e as startups.

"Porque em vez de estar a investir em soluções antigas, podem fazer logo um investimento, como a inovação que tem acontecido no Quénia, em Mpenza; há centros de excelência mundiais em África, porque em vez de se ter que construir uma infraestrutura de multibancos e de bancos, porque é muito cara e complexa, porque é que não se faz logo um banco online? O mesmo está também a acontecer nas telecomunicações", destaca Rocha Vieira.

Entretanto, para o administrador da BETA-i, antes é preciso estabilidade política e investimento na educação. Milton Cabral dá o exemplo da Huaway, empresa multinacional chinesa de telecomunicações, que tem uma parceria com o NOSI, no sentido de desenvolver soluções para posterior exportação para o mercado africano a nível continental, de modo a potenciar os seus produtos.

Saltar a secção Mais sobre este tema

Mais sobre este tema

Ver mais artigos