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África: O que pode o continente berço esperar de 2021?

Jan-Philipp Wilhelm | rl
21 de dezembro de 2020

Em África, como no resto do mundo, a esperança que, pelo menos, a crise económica não se agrave ainda mais no próximo ano, está agora voltada para a chegada da vacina contra a Covid-19.

Voluntário sul-africano testa vacina contra a Covid-19 no Hospital Chris Hani Baragwanath, em JoanesburgoFoto: picture-alliance/AP Photo/S. Sibeko

A poucos dias da entrada em 2021, é tempo de fazer uma análise do que este ano de 2020 representou para o continente africano e falar sobre o que o futuro lhe reserva.

Entre as conquistas está a chegada do tão aguardado Acordo do Livre Comércio em África. Algo que, como se espera, terá um grande impacto no futuro do continente.

"É uma grande promessa para o desenvolvimento de África, uma grande promessa para impulsionar o comércio intra-africano e é minha missão assegurar que os seus benefícios cheguem a todos os segmentos da nossa sociedade e a todo o continente", frisa Wamkele Mene, secretário-geral do Acordo do Livre Comércio em África.

Esperança na vacina da Covid-19

Fazer um balanço de 2020 olhando para o que nos espera em 2021 é também falar, inevitavelmente, da Covid-19, a pandemia que teve origem na China no início deste ano e chegou a África em finais de fevereiro.

Ainda que o impacto no continente tenha sido bem menor do que o esperado, muito graças às medidas preventivas que vários Estados implementaram, facto é que a pandemia deixou graves consequências económicas. As finanças de muitos dos países sofreram o maior golpe das últimas décadas. Há por isso quem defenda que serão necessários cortes na dívida de muitos países que, de outro modo, entrarão em incumprimento.

Testes da Covid-19Foto: Imtiyaz Khan/Anadolu Agency/picture-alliance

"A moratória da dívida ajuda muito mas lembrem-se que o que faz é adiar os pagamentos e muitos países o que eles precisam é de uma redução no montante da dívida", lembra o presidente do Banco Mundial, David Malpass.

Em África, como no resto do mundo, a esperança que, pelo menos, a crise económica não se agrave ainda mais, está agora voltada para a chegada da vacina.

"À medida que a vacina da Covid-19 for implementada por fases tornar-se-á na maior campanha de vacinação da história do continente e mesmo da história do mundo", sublinha Matshidiso Moeti, Diretor do Escritório Regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mas a história não é escrita da mesma forma e ao mesmo tempo para todos. Enquanto Reino Unido e Estados Unidos já se encontram a vacinar a sua população e a Europa está cada vez mais perto, ainda não se sabe quando chegará a vez de África uma vez que, diz a OMS, o continente ainda não tem as infraestruturas necessárias.

Tigray: O conflito que já faz milhares de refugiados

01:34

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Eleições em vários países

2021 será também ano de eleições em países como o Uganda, Benim, Somália, Sudão do Sul, Zâmbia, Cabo Verde, Chade, Gâmbia e Etópia.

No entanto, alguns destes países geram preocupações. É o caso da Etiópia onde as eleições já foram adiadas uma vez e onde a situação atual deixa dúvidas sobre a sua realização no próximo verão.

A estabilidade no país continua ameaçada pelos conflitos entre o governo de Adis Abeba e as tropas da Frente de Libertação do Povo de Tigray, iniciados em novembro.

Instabilidade em Moçambique

A instabilidade continuou em 2020 a marcar a atualidade em Moçambique. Os ataques armados na província de Cabo Delgado, que têm sido atribuídos ao grupo terrorista "Estado Islâmico", fizeram, só este ano, mais de 400 mil deslocados.

"Depois de ter sido apanhado, o líder perguntou aos outros se alguém tinha uma faca para me decapitar. Felizmente, nenhum deles tinha uma na altura. Fizeram-me refém e trouxeram-me para uma zona onde me perguntaram se eu rezava. Quando eu disse que sim, eles começaram a bater-me. Fui açoitado 150 vezes", testemunhou à DW Ibraimo Abudo, sobrevivente de um dos ataques.

Deslocados em MoçambiqueFoto: Privat

As manifestações contra a repressão policial levadas a cabo, este ano, em países como Angola ou a Nigéria são apenas um exemplo de que os jovens africanos estão a começar a levantar a sua voz. Um pouco por todo o continente, foram realizados protestos contra governantes autoritários.

Também ao longo do ano, e em várias ocasiões, os jovens africanos mostraram-se preocupados com o impacto das alterações climáticas no continente e exigiram uma ação urgente dos países industriais para reduzir as suas emissões.

A ativista ugandesa Vanessa Nakate garante que África está de olhos postos nestes países. "Fiquei realmente zangada e perturbada com o facto de a Alemanha ter optado por empurrar o carvão para 2038. Só quero dizer que estamos atentos e a observar as decisões que não são boas para nós nem para o nosso futuro", alerta.

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