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África reage ao comércio ilegal de migrantes na Líbia

AP | Reuters | Lusa
24 de novembro de 2017

O Ruanda anunciou que vai acolher 30 mil migrantes. Há guineenses entre as vítimas. A Liga Guineense dos Direitos Humanos pediu às autoridades que "acionem mecanismos de repatriação".

Migrantes em camiões antes de serem transportados para um centro de detenção na LíbiaFoto: Reuters/H. Amara

As denúncias sobre a existência de leilões de escravos na Líbia gerou reações no continente africano contra as práticas desumanas que estão a vitimar jovens subsaarianos que tentam chegar à Europa pelo Mar Mediterrâneo.

O Ruanda vai acolher 30 mil migrantes retidos na Líbia. As negociações sobre o acolhimento estão a ser discutidas com a União Africana (UA).

A porta-voz do Governo do Ruanda, Louise Mushikiwabo, afirmou que o país não pode ficar em silêncio "quando seres humanos estão a ser maltratados e vendidos como gado", e pediu que os ruandeses acolham os migrantes.

África reage ao comércio ilegal de migrantes na Líbia

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A decisão do Ruanda, anunciada esta quinta-feira (23.11), é uma resposta ao pedido do presidente em exercício da União Africana, Alpha Condé, para que os estados-membros ofereçam apoio e ajudem as vítimas a regressar aos países de origem.

"É horrível o que que está a acontecer na Líbia. A União Africana condena estes atos. Temos que fazer algo, porque essa crise é inaceitável. As coisas têm de mudar", afirmou o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki.

Um grupo de aproximadamente 250 emigrantes dos Camarões foi repatriado, mas segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM) pelo menos 1.700 camaroneses ainda estão "em perigo".

O ministro do Interior da Líbia, Al-Aref al-Khoga, declarou que as autoridades locais estão a agir. "Houve instruções para que seja formado um comité de investigação para alcançar a verdade, capturar os criminosos e levá-los à justiça", garantiu o ministro.

Guineenses entre as vítimas

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) fez uma vigília, esta quinta-feira (23.22), junto à embaixada da Líbia em Bissau para exigir a abertura de um inquérito internacional para condenar os responsáveis pela prática de escravatura naquele país do norte de África.

Augusto da Silva, presidente da Liga Guineense dos Direitos HumanosFoto: DW/B. Darame

Dezenas de jovens guineenses estão entre as vítimas. Há registo de "vários casos de detenções arbitrárias em que os familiares guineenses foram obrigados a pagar resgates em valores que oscilam entre os 500 e os 700 mil francos cfa (entre cerca de 760 e 1067 euros)", denunciou Augusto da Silva, presidente da LGDH, perante cerca de duas dezenas de pessoas que participaram na vigília.

O presidente daquela organização não-governamental pediu que as autoridades guineenses "acionem mecanismos de repatriação" que assegurem o regresso à Guiné-Bissau dos cidadãos que se encontram na Líbia.

Augusto da Silva ainda instou a UA, as Nações Unidas e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a formar uma força internacional com um mandato para combater o tráfico de seres humanos na Líbia.

O Governo da Guiné-Bissau manifestou "indignação" e "repúdio" e pediu ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para identificar e localizar guineenses que ainda se encontrem naquele país.

Tráfico humano

A pedido da França, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se com caráter de urgência, na quarta-feira (23.11).

Centro de refugiados em Tripoli, LíbiaFoto: DW/Maryline Dumas

"O que foi revelado encaixa-se definitivamente na categoria de tráfico de seres humanos e este é considerado um crime contra a humanidade. É uma das formas mais lucrativas de tráfico que fomenta crimes graves, além de redes terroristas", declarou o Presidente francês, Emmanuel Macron.

O Níger exige que o Tribunal Penal Internacional se ocupe do comércio esclavagista no Norte de África. O Burkina Faso convocou o embaixador do país na Líbia. A Costa do Marfim resgatou 155 migrantes marfinenses que se encontravam em estado deplorável de saúde.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar "horrorizado" com as imagens do mercado de escravos reveladas pela emissora norte-americana CNN e exigiu uma investigação urgente. O caso deve fazer parte da agenda da próxima cimeira da União Africana, entre 29 e 30 de novembro, na Costa do Marfim.

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