Esta terça-feira (23.05), foi inaugurado um sistema de abastecimento de água em Jangamo que permitirá o acesso a água potável a milhares de pessoas. UE espera que água potável chegue a mais 42 mil pessoas até 2018.
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A vila sede do distrito de Jangamo nunca teve água potável. Esta terça-feira (23.05) foi inaugurado um sistema de abastecimento de água potável que beneficiará, numa primeira fase, mais de dez mil pessoas. O Programa de Abastecimento de Água e Saneamento (Aguanasi), que contou com um investimento de dez milhões de euros, foi financiado conjuntamente pela União Europeia e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Cristina João, estudante na escola secundária local, afirmou à DW que muitas vezes, ela e as suas colegas, chegavam atrasadas à escola porque tinham que ir ao rio buscar água. "Era um sofrimento porque a água dos poços pode trazer problemas para a saúde. A maior parte [das pessoas] não preparava a água antes de beber”, acrescentou.
Na cerimónia da inauguração do sistema de abastecimento, Daniel Chapo, governador de Inhambane, pediu à população cautela no uso da água visto que a procura é maior e os custos são elevados para os que gastam o precioso líquido sem necessidade. Lembrando que "sem água não há vida", o governante chamou a atenção para a importância de poupar este recurso natural. "Quando estamos a poupar água da torneira, estamos conscientemente a poupar o nosso dinheiro. A água hoje é um recurso escasso. Há irmãos aqui na província de Inhambane que não têm o privilégio de ter a qualidade de água que estamos a ter aqui em Jangamo”, acrescentou.
24.05.2017 Água/Inhambane/UE-UNICEF - MP3-Mono
Marcoluigi Corsi, representante da UNICEF em Moçambique, afirmou por seu turno, que é preciso criar oportunidades para que as famílias tenham acesso a água potável. "Temos que fazer mais. Criar sistemas de água para dar oportunidade às famílias de cuidar das criança", afirmou.
Compromisso da UE
Sven Von Burgsdorff, representante da União Europeia em Moçambique, destacou o compromisso da organização em ajudar o país a promover o acesso universal à agua potável. "Faz parte do nosso compromisso ajudar os países como Moçambique a atingir os desafios de desenvolvimento sobretudo no acesso a agua e saneamento. Pensamos abrir outros projetos na Zambézia e Nampula”.
A UE espera, até ao final do ano, servir 42 mil pessoas dos distritos de Jangamo, Homoíne e Murrombone com àgua potável no âmbito do programa Aguasani.
Dados do Governo moçambicano indicam que mais de metade da população não tem acesso à àgua potável e a situação é mais crítica nas zonas rurais, onde apenas 36,1% dispõe deste recurso.
Água potável em Angola, privilégio para poucos
Para quem tem água encanada em casa, a vida sem ela é inimaginável. Esta é, no entanto, a realidade para mais da metade da população angolana. Todos os dias, muitos angolanos fazem uma maratona para obter água.
Foto: DW/C. Vieira
Abastecimento, uma maratona diária
Para quem tem água encanada em casa, a vida sem ela é inimaginável. Esta é, no entanto, a realidade para mais da metade da população angolana, segundo a Universidade Católica de Angola (UCAN). Todos os dias, os angolanos fazem uma maratona que consume uma quantia considerável de tempo e dinheiro para obter água.
Foto: DW/C. Vieira
O dia começa no chafariz púlico
Nas regiões periféricas da capital de Angola, Luanda, o dia começa cedo a caminho do chafariz público. No município de Cazenga, esta é uma cena comum. Mulheres e crianças são as principais responsáveis pelo abstecimento de água das famílias angolanas. O consumo diário é geralmente limitado pela capacidade de aquisição e transporte da água.
Foto: DW/C. Vieira
Preço alto e falta d'água
Segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as fontes mais comuns para o abastecimento de água segura em Angola são: chafarizes (16%), furos protegidos (12%) e cacimbas (6%). Em Luanda, um galão de 20 litros de água custa 10 kwanzas no chafariz – o equivalente a 0,10 dólares. As famílias chegam cedo. Mas, muitas vezes, o chafariz está fechado por falha no abastecimento.
Foto: DW/C. Vieira
O sonho de ter água em casa
Aqueles que têm condições constroem tanques para armazenar a água em casa. O custo da obra supera os 1.500 dólares – uma despesa pesada com a qual poucos podem arcar. A água é entregue por um caminhão pipa privado e cada fornecimento de 20 mil litros custa 20 mil kwanzas – o equivalente a 0,20 dólares por 20 litros de água.
Foto: DW/C. Vieira
Água, um bom negócio?
Apesar de custar o dobro do preço pago no chafariz público, o tanque pode se tornar um bom negócio. Muitas pessoas vendem parte de sua água a 50 kwanzas por galão – o equivalente a 0,50 dólares por 20 litros. Uma margem de revenda de 150%. Esta mulher de Luanda compra água de sua vizinha e armazena em tonéis em casa.
Foto: DW/C. Vieira
Situação difícil também nas províncias
A falta de abastecimento de água leva a população a enfrentar muitas dificuldades para o transporte. Mulheres transportam a água até suas casas. Na foto: a cidade do Lobito, na província de Benguela. Além de ter que suportar o peso da bacia cheia, é preciso muito equilíbrio para não deixar a água pelo caminho.
Foto: DW/C. Vieira
Armazenar para garantir o abastecimento
As residências onde há encanamento são um privilégio para poucos angolanos. Ainda assim, não há garantia de que haverá sempre água. O abastecimento falha com frequência. No Lobito, muitos moradores investem em tanques para a armazenagem. Este comporta 3.000 litros de água e é a garantia para uma família de oito pessoas. O investimento foi de 560 dólares.
Foto: DW/C. Vieira
Criatividade para vencer a dificuldade
O transporte da água depende da criatividade e das possibilidades de cada um. Depois de adquirir a água, será preciso prepará-la para o consumo. Apesar da transparência, a água precisa ser tratada ou fervida para ser considerada potável - ou seja, livre de impurezas e que não oferece o risco de se contrair uma doença.
Foto: DW/C. Vieira
Água potável é saúde
A população de Luanda enfrenta muitas dificuldades para o transporte da água. Além disso, muitas crianças morrem de diarreia ou de outras doenças relacionadas com a água e o saneamento em Angola. Em 2006, um surto de cólera afectou mais de 85.000 pessoas e ceifou cerca de 3.000 vidas em 16 das 18 províncias angolanas.
Foto: DW/C. Vieira
Cobertura sanitária pouco abrangente
Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 2,6 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a condições sanitárias adequadas. Na África sub-saariana, a cobertura sanitária abrange apenas 31% da população. Em Angola, apenas cerca de 25% da população têm acesso ao saneamento básico, segundo a Universidade Católica de Angola. Em Luanda, é preciso conviver com esgotos a céu aberto.
Foto: DW/C. Vieira
Saneamento básico para combater doenças
A falta de saneamento básico é um pesadelo também para os moradores do município de Cazenga, em Luanda. Não há como escoar a água das ruas e enormes poças se formam. A água parada é o paraíso para a reprodução dos mosquitos transmissores da dengue e da malária – esta última ainda é a principal causa de mortes em Angola.
Foto: DW/C. Vieira
Higiene, uma questão de saúde
A falta de saneamento básico aumenta o risco da transmissão de doenças como a diarreia, a cólera e o tifo. Em toda a África, 115 pessoas morrem a cada hora de doenças ligadas à falta de saneamento, empobrecida higiene e água contaminada. Lavar as mãos após defecar, antes de cozinhar e antes das refeições ajuda a evitar doenças e pode reduzir em até 45% a incidência da diarreia.