Em Quelimane, na província moçambicana da Zambézia, a população teme o aumento de doenças provocadas pelas águas estagnadas de inundações. A administração culpa os residentes, por construírem casa nas zonas baixas.
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Os moradores de Quelimane, na província da Zambézia, no centro de Moçambique, acusam a edilidade de nada fazer para melhorar a transitabilidade nas principais ruas de alguns bairros, alagadas por causa das chuvas dos últimos dias. A edilidade responde que os munícipes são negligentes porque constroem casas em zonas baixas. Atualmente é muito difícil circular pelas vias que dão acesso às zonas urbanas e suburbanas da capital da Zambézia.
Segundo moradores ouvidos pela DW África, a água das chuvas não é escoada para as valas de drenagem. Para residentes como Felisberto Fernandes, o Conselho Municipal de Quelimane é responsável pela situação: "É triste. Eu não sei o que será de nós. Todas as vias estão cheias de água, não temos como. Gostaria que o município reparasse esta via com muita atenção", disse Fernandes.
O medo dos mosquitos
Belarda Lacerda menciona ainda outro receio partilhado pela população: "Há muita água estagnada a criar muitos mosquitos. Também as crianças ficam aí a brincar nessas águas e podem ter problemas de saúde".
Os bairros Cololo, Santagua e Micajune são mais afetados, diz Edy Jorge, outro residente: "Está difícil transitar nas vias públicas. As valas estão sujas, as valas são para escoar água e não o lixo". Edy Jorge explica que a inundação se ficou a dever à incapacidade de escoar a água para os mangais, como previsto: "Há muito lixo do lado do Instituto Industrial, por exemplo. Há um tanque de lixo que enche e as pessoas já não têm onde deitar o lixo", explicou o munícipe.
Águas estagnadas nas ruas de Quelimane preocupam residentes
Mas o responsável municipal pelas estradas e valas de drenagem, António Mundeia, nega que as valas estejam obstruídas. Mundeia aponta como prova o facto de este ano não ter sido necessário instalar centros de acolhimento para as vítimas das inundações, graças à boa gestão das valas de drenagem.
Para Mundeia, a responsabilidade pelas águas estagnadas não é da edilidade. O problema são as casas construídas pelos munícipes em zonas muito baixas. "A cidade de Quelimane estaé a receber maior número de pessoas que vem fora da província ou de distritos, e que acabam se acomodando em zonas inapropriadas para habitar", justificou Mundeia.
Inhambane: Um ano depois do ciclone Dineo
A 15 de fevereiro de 2017, a província moçambicana de Inhambane foi fustigada pela tempestade, que destruiu hospitais, escolas e estradas. A solidariedade veio de todos os cantos do mundo, mas danos ainda são visíveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Travessia condicionada
Há precisamente um ano, o ciclone destruiu o tabuleiro da ponte-cais de Maxixe, onde atracavam embarcações que transportam pessoas desta cidade para Inhambane. A ponte ainda aguarda pela reabilitação, que vai custar mais de 35 milhões de meticais (cerca de 460 mil euros). No terreno já se encontra a empresa adjudicada para a reconstrução da ponte, cujo prazo é de 60 dias.
Foto: DW/L. da Conceicao
Solidariedade
Vários centros de saúdes e hospitais foram destruídos e muitos cidadãos ficaram sem atendimento hospitalar. Os parceiros de cooperação ajudaram na reconstrução de algumas infraestruturas, como o Centro de Saúde de Maxixe, que ficou completamente destruído e foi reabilitado sete meses depois do ciclone. Mas ainda há vários centros de saúde que necessitam de obras.
Foto: DW/L. da Conceicao
Tetos novos
Alguns edifícios onde funcionam serviços do Estado ficaram sem telhado por causa do ciclone, como foi o caso da Direção Distrital dos Serviços de Educação e Desenvolvimento Humano na cidade de Maxixe. Mas agora já tem tetos novos e outra imagem.
Foto: DW/L. da Conceicao
De portas fechadas
A loja da operadora móvel Mcel na cidade de Maxixe continua de portas fechadas e não há sinais de uma possível reabilitação. Os funcionários da empresa continuam a trabalhar, mas debaixo de uma árvore. Uma situação que já dura há quase um ano.
Foto: DW/L. da Conceicao
Reabilitação a meio gás
Vários edifícios que ficaram danificados com a passagem do ciclone Dineo pela província só foram reabilitados parcialmente. Como a Escola Secundária 29 de Setembro, em Maxixe. Apenas uma parte do edifício foi reabilitada, incluindo o telhado. Os responsáveis da instituição dizem que não têm dinheiro suficiente para reparar todos os danos causados pela tempestade.
Foto: DW/L. da Conceicao
Bombeiros e polícia
O posto policial, que também alberga os serviços dos bombeiros da cidade de Maxixe, ficou sem telhado e com as paredes danificadas. Mas já foi recuperado e está agora de cara lavada.
Foto: DW/L. da Conceicao
Pavilhão desportivo
A Universidade Pedagógica (UP) de Maxixe precisa de dinheiro para reabilitar o pavilhão desportivo. O local acolhia vários eventos na cidade: casamentos, encontros religiosos e cerimónias governamentais. Mas há já um ano que não se realiza nenhuma atividade no complexo. A direção da UP diz que ainda está à procura de parceiros para conseguir reabilitar o pavilhão.
Foto: DW/L. da Conceicao
Casas por reabilitar
Muitas famílias de Inhambane viram os telhados das suas casas voar com o ciclone. Um ano depois, nem todas conseguiram reabilitar as suas casas e vivem agora em residências sem grandes condições. O mesmo cenário verifica-se nas casas dos diretores das escolas que continuam sem teto. Dizem que há falta de dinheiro devido à crise financeira que assola o país.
Foto: DW/L. da Conceicao
Obras atrasadas
As autoridades locais das zonas que mais sofreram com o ciclone Dineo dizem que as obras para melhorar as vias de acesso estão completamente atrasadas porque o dinheiro adjudicado foi canalizado para as necessidades mais pontuais. Mas prometem continuar os trabalhos quando tiverem mais verbas disponíveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Mercados destruídos
Também muitos estabelecimentos comerciais ficaram destruídos, mas as autoridades governamentais estão a dar prioridade à reabilitação de hospitais e escolas. Ainda assim, o comércio não parou e muitos vendedores foram para as ruas continuar os seus negócios. "É a única alternativa que temos para sustentar as nossas famílias, enquanto aguardamos a reabilitação dos mercados", dizem.
Foto: DW/L. da Conceicao
Casas pré-fabricadas
Várias famílias que perderam as suas residências e escolas que ficaram sem salas de aula receberam casas pré-fabricadas oferecidas pelo Governo da Turquia. Essas infraestruturas trouxeram uma nova realidade a algumas zonas.