A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou Angola para a necessidade de dar resposta a possíveis casos de ébola nas fronteiras com a República Democrática do Congo. Governo angolano já prometeu reforçar a segurança.
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Na República Democrática do Congo (RDC), o ébola já fez mais de 1500 mortos e a cada dia há registo de 12 novos casos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já declarou o estado de emergência internacional .
A OMS também alertou Angola para se precaver sobre possíveis casos de ébola nas fronteiras. O país partilha uma vasta zona fronteiriça com a RDC nas províncias do Zaire, Moxico, Lunda Norte e Luanda Sul.
Saúde em África: Como se pode proteger do ébola
02:31
O ativista Jeremias Benedito, da associação Lauleno, com sede no Moxico, leste de Angola, espera que se reforçem as medidas de segurança nas fronteiras para evitar que a doença chegue ao país.
"As fronteiras angolanas são vulneráveis porque não existem medidas de contenção, segurança, não há postos de saúde ou de prevenção nestas fronteiras. Daí que é enorme o risco de se registarem casos de ébola em Angola", diz.
A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutukuta, já prometeu reforçar a segurança nas fronteiras. "Vamos revisitar estas áreas num trabalho conjunto com o Ministério do Interior para aferir se as nossas condições estão em prontidão. Há um alerta internacional, o sctor da saúde também está enquadrado nesta alerta e as nossas autoridades sanitárias sabem o que se está a passar e vamos trabalhar", declarou a governante.
Para além de reforçar a segurança nas fronteiras, é necessário criar um plano de sensibilização das populações sobre as formas de prevenção e de contágio da doença, sobretudo no leste e no norte de Angola, sugere o ativista Jeremias Benedito.
"Acho que deveria reforçar-se a segurança nas fronteiras e fazer-se um trabalho de sensibilizar os populares para que saibamos como nos defendermos do ébola e quais são as medidas que o governo provincial deve adoptar", defende.
As cicatrizes invisíveis do ébola
O ébola já matou mais de 5 mil pessoas na África Ocidental, mais de metade delas na Libéria. Houve liberianos que perderam a família inteira.
Foto: DW/Julius Kanubah
Ausentes da fotografia
Faltam três pessoas nesta foto de família, diz Felicia Cocker, de 27 anos. O vírus do ébola matou o seu marido e dois dos seus cinco filhos: "A vida tem sido muito dura. Não tenho mais ninguém que me possa ajudar."
Foto: DW/Julius Kanubah
Autoridades falharam
Stephen Morrison perdeu sete irmãos e uma irmã. Ele diz que a culpa do alastramento da doença na Libéria é a falta de informação e os rituais fúnebres tradicionais. "Os meus familiares começaram a morrer depois do falecimento de um idoso", conta. "Na altura, não sabíamos que era ébola. Por todo o lado se negava o surto."
Foto: DW/Julius Kanubah
Um depois do outro
"Eu e três crianças – fomos os únicos a sobreviver", conta Ma-Massa Jakema. Antes da epidemia ela vivia com 13 familiares. O vírus matou a sua irmã mais velha e o seu irmão mais novo, seis sobrinhas e sobrinhos, além de outros parentes afastados. "Morreu tanta gente, é horrível", diz Jakema.
Foto: DW/Julius Kanubah
Futuro incerto
"Não sei como vai ser agora", diz Amy Jakayma. "Primeiro morreu a minha tia, depois o meu marido e os meus filhos. A minha vida está virada do avesso – perdi a família inteira."
Foto: DW/Julius Kanubah
Desespero
Massah S. Massaquoi chora ao lembrar os familiares que morreram infetados com o vírus do ébola. "É difícil viver assim. Eu sobrevivi – fui uma das únicas a sobreviver na minha família mais próxima. Agora estou a viver com o meu avô." Massah perdeu o filho, a mãe e o tio.
Foto: DW/Julius Kanubah
Discriminação
Princess S. Collins, de 11 anos, mora na capital liberiana, Monróvia. Sobreviveu ao ébola mas o vírus roubou-lhe a mãe, o tio e o irmão. Mas agora "os vizinhos começaram a apontar para nós e a chamar-nos de 'doentes com ébola'".
Foto: DW/Julius Kanubah
Ébola também destrói futuros
Mamie Swaray (esq.) tem 15 anos de idade. Na verdade, ela devia estar na escola, mas o tio morreu infetado com o vírus do ébola e, por isso, não tem mais ninguém que lhe possa pagar as propinas escolares. Swaray sobreviveu ao ébola mas agora o seu futuro é incerto.
Foto: DW/Julius Kanubah
"Vontade de Deus"
Oldlady Kamara vive no bairro de Virginia, na zona ocidental de Monróvia. 17 membros da sua família morreram infetados com o vírus do ébola, incluindo o seu marido. "É horrível mas não posso fazer nada contra. É a vontade de Deus", diz Kamara. Ela contraiu ébola mas está muito grata por ter sido tratada num centro de saúde.
Foto: DW/Julius Kanubah
Obrigada aos médicos
Bendu Toure acaba de ter alta do centro de tratamento. O seu corpo conseguiu combater o vírus. Ela contraiu o ébola a partir da sua irmã. Toure cuidou dela até ela morrer. O seu irmão também faleceu. Apesar de tudo, Toure está bastante grata aos médicos: "Estou tão contente por poder sair daqui. Todos os dias tinha de assistir a mortes."