O vírus ébola já matou mais de 500 pessoas nos últimos seis meses na República Democrática do Congo (RDC), anunciou nesta sexta-feira (08.02) o Ministério da Saúde do país.
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O vírus ébola já matou mais de 500 pessoas nos últimos seis meses na República Democrática do Congo (RDC). "No total temos registadas 502 mortes e 271 pessoas curadas", referiu o Ministério da Saúde num boletim divulgado nesta sexta-feira, acrescentando que existem 441 casos confirmados de mortes por infeção do vírus Ébola e 61 de casos prováveis.
O documento salienta que as 500 mortes foram ultrapassadas, com mais três casos confirmados e sete prováveis.
"Desde o início da vacinação, em 08 de agosto de 2018, 76.425 pessoas foram vacinadas", diz o boletim do Ministério. A vacinação em massa ajudou a evitar milhares de mortes, afirmou o ministro da saúde, Oly Ilunga, em dezembro.
Epidemia
Esta é a segunda epidemia de ébola mais virulenta da história, depois de matar mais de 11 mil pessoas na África Ocidental (Guiné, Libéria, Serra Leoa) em 2014.
A epidemia atual apresenta uma complexidade singular, pois atinge uma região afetada pela violência das milícias armadas contra civis, numa situação que dificulta a resposta das organizações de saúde.
De acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados nesta sexta-feira (08.02), até 05 de fevereiro foram registados 789 casos de infeção com o vírus ébola (735 confirmados e 54 prováveis), tendo sido registadas 488 mortes, mais 23 do que na última atualização feita pela organização.
Índice de mortalidade
O índice de mortalidade global atingiu os 62%. As regiões de Katwa e Butembo continuam o epicentro do surto, concentrando 71% dos casos registados nas últimas três semanas.
De acordo com a OMS, a análise epidemiológica continua a apontar para a transmissão devido a práticas inadequadas de prevenção e controle da infeção, atrasos persistentes na deteção e isolamento de novos casos, mortes frequentes na comunidade e subsequente contacto com o falecido e contágio nas redes familiares e comunitárias, como principais impulsionadores da transmissão contínua da doença.
As cicatrizes invisíveis do ébola
O ébola já matou mais de 5 mil pessoas na África Ocidental, mais de metade delas na Libéria. Houve liberianos que perderam a família inteira.
Foto: DW/Julius Kanubah
Ausentes da fotografia
Faltam três pessoas nesta foto de família, diz Felicia Cocker, de 27 anos. O vírus do ébola matou o seu marido e dois dos seus cinco filhos: "A vida tem sido muito dura. Não tenho mais ninguém que me possa ajudar."
Foto: DW/Julius Kanubah
Autoridades falharam
Stephen Morrison perdeu sete irmãos e uma irmã. Ele diz que a culpa do alastramento da doença na Libéria é a falta de informação e os rituais fúnebres tradicionais. "Os meus familiares começaram a morrer depois do falecimento de um idoso", conta. "Na altura, não sabíamos que era ébola. Por todo o lado se negava o surto."
Foto: DW/Julius Kanubah
Um depois do outro
"Eu e três crianças – fomos os únicos a sobreviver", conta Ma-Massa Jakema. Antes da epidemia ela vivia com 13 familiares. O vírus matou a sua irmã mais velha e o seu irmão mais novo, seis sobrinhas e sobrinhos, além de outros parentes afastados. "Morreu tanta gente, é horrível", diz Jakema.
Foto: DW/Julius Kanubah
Futuro incerto
"Não sei como vai ser agora", diz Amy Jakayma. "Primeiro morreu a minha tia, depois o meu marido e os meus filhos. A minha vida está virada do avesso – perdi a família inteira."
Foto: DW/Julius Kanubah
Desespero
Massah S. Massaquoi chora ao lembrar os familiares que morreram infetados com o vírus do ébola. "É difícil viver assim. Eu sobrevivi – fui uma das únicas a sobreviver na minha família mais próxima. Agora estou a viver com o meu avô." Massah perdeu o filho, a mãe e o tio.
Foto: DW/Julius Kanubah
Discriminação
Princess S. Collins, de 11 anos, mora na capital liberiana, Monróvia. Sobreviveu ao ébola mas o vírus roubou-lhe a mãe, o tio e o irmão. Mas agora "os vizinhos começaram a apontar para nós e a chamar-nos de 'doentes com ébola'".
Foto: DW/Julius Kanubah
Ébola também destrói futuros
Mamie Swaray (esq.) tem 15 anos de idade. Na verdade, ela devia estar na escola, mas o tio morreu infetado com o vírus do ébola e, por isso, não tem mais ninguém que lhe possa pagar as propinas escolares. Swaray sobreviveu ao ébola mas agora o seu futuro é incerto.
Foto: DW/Julius Kanubah
"Vontade de Deus"
Oldlady Kamara vive no bairro de Virginia, na zona ocidental de Monróvia. 17 membros da sua família morreram infetados com o vírus do ébola, incluindo o seu marido. "É horrível mas não posso fazer nada contra. É a vontade de Deus", diz Kamara. Ela contraiu ébola mas está muito grata por ter sido tratada num centro de saúde.
Foto: DW/Julius Kanubah
Obrigada aos médicos
Bendu Toure acaba de ter alta do centro de tratamento. O seu corpo conseguiu combater o vírus. Ela contraiu o ébola a partir da sua irmã. Toure cuidou dela até ela morrer. O seu irmão também faleceu. Apesar de tudo, Toure está bastante grata aos médicos: "Estou tão contente por poder sair daqui. Todos os dias tinha de assistir a mortes."