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Última viagem de Joe Biden ao estrangeiro é para Angola

António Cascais
2 de dezembro de 2024

Presidente dos EUA chega a Angola nesta segunda-feira (02.12). Objetivos económicos no centro da agenda, mas é uma viagem vista como "vitória diplomática" de João Lourenço. Mas há quem não veja benefícios para o povo.

USA Angola l Joe Biden mit Präsident Joao Manuel Goncalves Lourenco in  Washington
Foto: Yuri Gripas/ABACAPRESS/picture alliance

É, de facto, a primeira visita de Joe Biden a África desde que assumiu a Presidência em janeiro de 2021. E será, provavelmente, a sua última viagem ao exterior como Presidente dos Estados Unidos. Uma viagem importante, durante a qual deverão ser assinados diversos acordos sobre cooperação política, militar e, sobretudo, económica.

Uma vitória diplomática para João Lourenço, o resultado de anos de intensos esforços diplomáticos do Presidente angolano”, segundo refere o analista político Cláudio Silva.

"Sem dúvida, é uma vitória diplomática para João Lourenço, porque desde o início do seu mandato, em 2017, um dos principais objetivos do João Lourenço foi o estreitar de relações com os EUA. E sabemos que ele tem feito isso de forma sistemática e consistente. Há anos que busca maior reconhecimento no cenário internacional. Agora colhe os frutos de seus esforços diplomáticos", analisa Silva.

Entre os "grandes projetos com participação dos EUA" estão a construção e operação da refinaria de petróleo no Soyo, no norte de Angola, além do maior projeto de energia fotovoltaíca da África Subsaariana, o denominado "Rural Electrification Project", que também conta com garantias de crédito à exportação da Alemanha.

Corredor do Lobito

No entanto, o projeto mais importante é o desenvolvimento do chamado "Corredor do Lobito". O objetivo é expandir a linha ferroviária entre a cidade portuária de Lobito, na costa atlântica de Angola, e a região do denominado "Cinturão do Cobre” na Zâmbia, além das minas de cobalto no sul da República Democrática do Congo.

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O projeto utiliza a linha ferroviária de Benguela, que atravessa Angola com seus 1.344 quilómetros e conecta-se à rede ferroviária congolesa. Está prevista também a construção de 550 quilómetros de ferrovia na Zâmbia, assim como 260 quilómetros de estradas. Com um custo total de mil e 600 milhões de dólares, o projeto conta com o apoio dos EUA, da União Europeia e do Banco Africano de Desenvolvimento, que contribuirá com 500 milhões de dólares.

Resposta dos EUA à China

O Corredor do Lobito faz parte de uma iniciativa americana chamada "Parceria para Infraestruturas Globais e Investimentos", lançada por Joe Biden. Trata-se da resposta dos Estados Unidos à "Nova Rota da Seda" da China, que busca assegurar recursos e abrir mercados globalmente. Palavras do analista Cláudio Silva:

"O Governo norte-americano vê a aproximação a Angola como um sucesso para contrariar o crescente e sólida da Chhina aqui no continente africano. Neste momento, Angola é o país africano que mais deve a China. A nossa reconstrução em Angola teve como principal interlocutor a China. Então, esta aproximação com a China, o facto de fazerem no próximo ano é o coroar de uma estratégia que tem contado o apio incondicional de João Lourenço.”

Angola deseja colaborar com todos os grandes investidores em África, portanto com a China, os Estados Unidos, a União Europeia, etc., tirando proveito da competição entre as diferentes potências. A Rússia também está na disputa", lembra o analista Cláudio Silva.

Qual o impacto desta visita para a população angolana, em geral? Pergunta que colocámos ao especialista angolano em relações internacionais Kinkinamo Tuassamba.

"O que mudará na vida dos angolanos? A juventude, que é a maioria no país, é desempregada. A verdade é que são os mesmos que vão se beneficiando desses apoios e que não chegam, de facto, as populações que deveriam chegar."

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