A notícia da morte de Edson Arantes do Nascimento correu mundo. Desportistas, políticos ou cidadãos anónimos, todos prestam homenagem a Pelé, a maior lenda do futebol mundial. Brasil decretou três dias de luto.
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A maior lenda do futebol mundial de todos os tempos, carinhosamente tratado como Pelé, faleceu esta quinta-feira (29.12), aos 82 anos, vítima de cancro no cólon. O rei do futebol estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, há um mês.
A morte do tricampeão mundial pela seleção brasileira comoveu o mundo, pelo facto de a sua grandeza transcender qualquer fronteira afetiva.
As redes sociais tornaram-se um palco de mensagens de solidariedade e exaltação do maior artilheiro do futebol do século XX. Vencedor de sete troféus da Bola de Ouro em 1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1965 e 1970.
O astro popularizou o futebol brasileiro. Com apenas 17 anos, tornou-se no jogador mais novo a ganhar um campeonato do mundo em 1958. Até então, "ninguém conhecia o Brasil"
Dono de uma técnica afinada, dribles, jogadas mágicas, Pelé venceu ainda o Mundial de 1962 e 1970. Momentos que ficarão indelevelmente marcados na história do futebol planetário.
Numa mensagem de vídeo partilhada nas redes sociais, o presidente da FIFA, Gianni Infantino lamentou a morte do rei: "Nunca o perderemos. Estará sempre entre todos aqueles que amam o futebol. Por causa de tudo aquilo que fez pelo futebol. Trouxe emoções ao futebol."
Um dom "divino"
Pelé marcou 1283 golos em toda a sua carreira. "Ganhei de Deus o dom de jogar futebol. Aí o meu pai dizia: Escuta, se você ganhou o dom para jogar, se estiver em boa forma, ninguém lhe vai parar."
Eduardo Gonçalves de Andrade, ou simplesmente Tostão, jogou ao lado de Pelé no Mundial de 1970. E descreve o lendário como "o maior de todos os tempos. Eterno número 10. Todas as gerações vão lembrar de Pelé – inesquecível".
Para Cafú, o tetra campeão mundial pelo Brasil: "Pelé representa tudo para nós. Pelé tem que ter uma estátua por todos cantos do mundo."
Marta da Silva, capitã da seleção brasileira de futebol feminino, tratada por rainha de futebol, destaca: "Pelos seus pés fomos e continuaremos abençoados pela sua arte."
Pelé arrumou as chuteiras aos 37 anos de idade. Mas depois disso, a lenda notabilizou-se no cinema e na música. Em 2016, compôs "Esperança" em homenagem aos Jogos Olímpicos do Rio.
Era nas crianças que Pelé via o futuro do mundo. "Se as crianças estiverem bem educadas, nós vamos ter um mundo melhor no futuro. Então, a criança é muito importante."
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Comoção mundial
Líderes políticos mundiais também expressaram a sua tristeza com a partida do rei do futebol, na quinta-feira (29.12).
Na rede social Twitter, o recém-eleito Presidente brasileiro, Lula da Silva, lembrou algumas das várias estrelas mundiais que partilharam relvados com o craque. Nnunca mais houve um camisa 10 como ele", sublinha.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, expressou os seus sentimentos à família de Pelé e a todos os que o amaram. "Para um desporto que une o mundo mais do que qualquer outro, a ascensão de Pelé, dos inícios humildes até a glória futebolística, é uma história do que é possível", considerou Biden.
O antigo Presidente americano Barack Obama também recorda o futebolista brasileiro como "um dos maiores a jogar o bonito jogo", acrescentando: "Os nossos pensamentos estão com a sua família e com todos os que o amavam e o admiravam."
As homenagens ao rei continuam pelo mundo. Vários estádios de futebol estão a acender as luzes amarelas e verdes, as cores da bandeira brasileira.
O velório público do Edson Arantes do Nascimento terá lugar na segunda e terça-feira da próxima semana, na Vila Belmiro, o estádio do Santos, clube pelo qual se estreou no futebol profissional, aos 15 anos.
O corpo de Pelé também deverá seguir em cortejo pelas ruas de Santos. O enterro está marcado para terça-feira, no Memorial Necrópole Ecuménica, também em Santos. O mundo do futebol curva-se ao seu talento e ao legado do rei Pelé.
"Ballon D´Or": Os maiores vencedores de 1956 a 2019
Em 2020, a "France Football" decidiu não atribuir o prémio devido aos efeitos da pandemia nos campeonatos de futebol. A DW África analisou quais os jogadores que mais vezes ganharam a Bola de Ouro desde 1956.
Foto: picture-alliance/dpa/Periodicos Uni
"Rei" Pelé: 7 "Ballon D´Or"
Para quem o viu jogar, é o melhor e maior jogador da história do futebol. O único tri-campeão mundial de seleções. No entanto, nunca ganhou durante a carreira o prémio de Melhor do Mundo. Só em 2007 é que a "France Football" abriu a premiação para o mundo (antes só na Europa). Em 2014, o Atleta do Século XX recebeu sete troféus da Bola de Ouro (1958, 1959, 1960, 1961, 1963, 1965 e 1970).
Foto: Imago/ZUMA Press
Lionel Messi: 7 "Ballon D´Or"
A par de Cristiano Ronaldo, Messi é um dos candidatos ao prémio de "Atleta do Século XXI". Mais ainda é cedo. No entanto, o maior jogador da história do futebol argentino é, juntamente com Pelé, o jogador com mais troféus da Bola de Ouro. A primeira foi em 2009. Seguiu-se 2010, 2011, 2012, 2015, 2019 e 2021.
Foto: Reuters/C. Hartmann
Cristiano Ronaldo: 5 "Ballon D´Or"
É o maior jogador da história do futebol português e, muito graças a "CR7", Portugal é o segundo país com mais troféus da Bola de Ouro conquistadas. Eusébio (1965), Luís Figo (2000) e Cristiano Ronaldo (2008, 2013, 2014, 2016, 2017) são os representantes lusos. Mas Cristiano Ronaldo é o maior deles todos. Quando houver um jantar entre os melhores de sempre, "CR7" terá um lugar na mesa principal.
Foto: Fabrice Coffrini/AFP/Getty Images
Johan Cruyff: 3 "Ballon D´Or"
A transformação do Barcelona naquilo que conhecemos hoje começa em Johan Cruyff. O holandês, já como treinador do Barcelona na década de 90, transformou o futebol dos "blaugrana" dando prioridade à posse de bola, dinâmicas de jogo mais coletivas e nota artística. Mas, já como jogador, o "livro" holandês foi demais. Três "Champions" pelo Ajax e ganhou a "Bola" em 1971, 1973 e 1974. Partiu em 2016.
Foto: WEREK/imago
Marco van Basten: 3 "Ballon D´Or"
O "holandês voador". Assim ficará conhecido o avançado da "Laranja Mecânica II", que venceu o Europeu de 1988. Nesse ano, van Basten conquistou a primeira Bola de Ouro da carreira. Repetiu o feito por mais duas vezes: 1989 e 1992. É um dos maiores ícones do AC Milan, onde venceu duas Ligas dos Campeões e tudo o que havia para ganhar em Itália.
Foto: picture-alliance/dpa
Michel Platini: 3 "Ballon D´Or"
1983, 1984 e 1985 foram períodos dominados pela França e pela Juventus. Porquê? Porque lá morava um dos melhores camisolas 10 de sempre, Michel Platini. Formado em França e com dupla nacionalidade (francesa e italiana), foi em Itália, ao serviço da "Juve", que encantou o mundo e chegou ao trono do futebol mundial. Em 1984, carregou a França para a conquista do primeiro "Europeu".
Foto: picture-alliance/Sven Simon
Ronaldo "Fenómeno": 2 "Ballon D´Or"
Para o povo brasileiro (e não só), este é o melhor Ronaldo da história do futebol. Só pelo nome percebe-se que a comparação é feita com Cristiano Ronaldo, jogador português. Bicampeão do mundo (1994 e 2002), três vezes o Melhor do Mundo para a FIFA, o "fenómeno" marcou uma geração pela sua velocidade, técnica, veia goleadora e capacidade de fazer o impensável. Ganhou a "Bola" em 1997 e 2002.
Foto: AP
Karl-Heinz Rummenigge: 2 "Ballon D´Or"
É um dos maiores nomes do futebol alemão e do Bayern Munique. Rummenigge, hoje CEO do emblema da Baviera, fez 422 jogos pelo Bayern Munique e marcou 217 golos. Conquistou duas "Champions", Bundesligas e também por duas vezes a Taça Intercontinental. Em 1980, ano em que recebeu a primeira Bola de Ouro, foi campeão da Europa pela seleção alemã. Um ano depois, voltou a ganhar a "Ballon D´Or".
Foto: picture-alliance/Rauchensteiner/Augenklick
Kevin Keegan: 2 "Ballon D´Or"
Nesta imagem, surge com a camisola do Hamburgo. Representou o clube alemão entre 1977 e 1981, onde ganhou uma Bundesliga (1978/1979), e foi distinguido com a segunda Bola de Ouro da carreira. Isto porque a primeira veio no ano anterior, depois de uma última e grande época ao serviço do Liverpool. Ganhou a Premier League e a Liga dos Campeões. É um ícone em Anfield Road.
Foto: imago images/Sven Simon
Alfredo di Stéfano: 2 "Ballon D´Or"
Antes de aparecer o "Rei" Pelé, di Stéfano reinou o futebol ao serviço do Real Madrid. O já falecido (2014) avançado argentino conquistou oito campeonatos de Espanha, foi pentacampeão Europeu de clubes e jogou por três seleções. Argentina, país natal, Espanha, segunda nacionalidade, e pela Colômbia. A "flecha loira" fez história até por isso. Ganhou a Bola de Ouro em 1957 e 1959.