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1 de Maio: Sindicatos criticam condições de vida nos PALOP

António Cascais
1 de maio de 2023

Neste 1 de Maio, Dia do Trabalhador, sindicalistas ouvidos pela DW África criticam as condições de vida nos PALOP. Salários baixos, subida de preços e intervenção do Governo na atividade sindical são algumas das queixas.

Foto simbólicaFoto: António Domingos/DW

Salários de miséria, salários em atraso, restrições nos direitos laborais, precariedade – é disso que se queixam – uníssono – os sindicalistas que a DW África contactou em Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Os problemas aplicam-se a todas as profissões e a todos os setores económicos, afirmam os representantes sindicais.

Joaquina Almeida, secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS), diz que uma considerável parte dos trabalhadores do seu país aufere apenas um salário mínimo – ou seja, 14.000 escudos cabo-verdianos, cerca de 125 euros, por mês.

"Claro que não chega, não dá para sustentar uma família. As famílias cabo-verdianas estão a sobreviver", lamenta Almeida.

A sindicalista cabo-verdiana explica que, "tendo em conta a subida galopante dos bens de primeira necessidade, o Governo teima em não repor o poder de compra dos trabalhadores da função pública e - claro - o setor privado também recusa, daí que as condições de vida dos cabo-verdianos vão de mal a pior".

Poder de compra do trabalhador cabo-verdiano está cada vez mais reduzido, critica sindicalistaFoto: Ângelo Semedo/DW

Situação na Guiné-Bissau

Na Guiné-Bissau, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG), Júlio Mendonça, desenha um quadro ainda pior da situação dos trabalhadores.

Sem um salário mínimo, na Guiné-Bissau fala-se de um salário básico de 50.000 francos CFA – cerca de 75 euros, e um salário médio na função pública de 90.000 francos CFA, ou seja de 133 euros.

Porém, "ninguém consegue sobreviver com um salário destes durante uma semana", afirma Mendonça, que classifica a situação como "gravíssima".

"Num saco de arroz, agora, você paga 22.500 CFA. E você paga no mínimo 25.000 CFA de renda, e aí o dinheiro já acabou... Ninguém consegue sobreviver com o próprio salário na Guiné-Bissau, porque o custo de vida aumentou, mas o salário, infelizmente, diminuiu", relata o sindicalista guineense.

Governo intervém na atividade sindical

Júlio Mendonça queixa-se ainda de que o exercício do direito fundamental ao trabalho sindical está cada vez mais difícil na Guiné-Bissau, devido ao que denomina de "hostilidade e autoritarismo por parte do Governo".

Júlio Mendonça: "Pedimos a união da classe trabalhadora para fazer uma luta concertada"Foto: DW/B. Darame

"É verdade que o sindicalismo na Guiné atravessa um dos piores momentos da sua história. O Governo está a intervir diretamente na atividade da nossa central e isso é lamentável, já fizemos denúncia deste comportamento destrutivo, através do Ministério do Interior, acusando que estamos a ser restringidos na nossa atividade, na nossa ação.  O Governo tenta aniquilar o sindicalismo na Guiné-Bissau e já nem sequer permite manifestações", alerta.

Por ocasião do dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador, o sindicalista guineense faz questão de lançar uma "mensagem clara": "Pedimos a união da classe trabalhadora para fazer uma luta concertada, afim de conquistar os nossos direitos e defender os direitos de quem trabalha na Guiné-Bissau. É a única salvação que temos".

Uma mensagem de esperança

A secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde, Joaquina Almeida, deixa um apelo aos trabalhadores "em todo o mundo": "Uma mensagem de esperança de que o mundo laboral venha a melhorar".

Tempos difíceis para os trabalhadores em todos os PALOP. Hoje, dia 1 de Maio, é dia de reflexão e de luta para converter as tendências negativas.

Porque é que os jovens querem tanto deixar Cabo Verde?

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