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113 mil pessoas a passar fome em Manica

Bernardo Jequete (Manica)
10 de setembro de 2017

A seca severa afectou a província central de Moçambique e comprometeu a safra agrícola passada. INGC está a incentivar as comunidades a apostarem em culturas resistentes à seca.

Mosamik - Dürre in Guro
Parte da população afetada pela seca em Guro, província de ManicaFoto: DW/B. Jequete

A seca deixou muitas famílias da província de Manica em dificuldade. Felizberto Bonifácio Gonga, residente no distrito de Machaze, disse que dada a fraca produção de alimentos na sua região, quem não tiver dinheiro para comprar comida passa falta na sua casa.

"Aqui em Machaze, tem fome. Para conseguir comida, é difícil. Secou a machamba. Quem não tem dinheiro, morre à fome, não tem como comprar comida," afirmou.

Na província de Manica, os distritos de Guro, Tambara, Macossa, Machaze e Mossurize são os que têm sido ciclicamente afectados por fenómenos extremos, deixando a população carente de bens alimentares.

O administrador de Guro, David Franque, vincou que na campanha finda o esforço dos camponeses foi em vão. A seca que assolou a região, levou a uma fraca colheita na safra passada.

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"O terreno de Guro é um terreno semi-árido e não conserva muita humidade. Então, no ano passado, tivemos grandes problemas. Mesmo assim, quando chover bem, há zonas sempre que têm problemas - por exemplo em Mandie e Nhamassonge. O milho, por exemplo, não resiste a esta situação", explicou.

Segundo David Franque, foi graças ao trabalho do Instituto Nacional de Gestão de Calamidade (INGC) que a população afectada não morreu de fome, pois o instituto distribuiu alimentos nas zonas críticas.

"O trabalho do INGC está num passo muito positivo. Mesmo no ano passado, com o problema da seca, tivemos muito apoio - comida que demos à população, ninguém morreu à fome. E mesmo agora, estamos a fazer campanha de sensibilização à população, de modo a prevenir a situação", enfatizou.

Aposta em culturas resilientes

Entretanto, para evitar a situação nas próximas épocas, o INGC está a incentivar as comunidades a apostarem em culturas resilientes à seca.

O delegado do INGC em Manica, Teixeira Almeida, explicou que acção deverá contar com o apoio de extensionistas, que trabalharão em oito comunidades de três distritos ao nível da província.

"Ao nível da província, tivemos cerca de 113 mil pessoas com essa situação, que foram afectadas pela seca. Nós já trabalhamos em Machaze, Guro e Tambara," garantiu.

Teixeira Almeida, delegado do INGC em ManicaFoto: DW/B. Jequete

O delegado do INGC acrescentou que "estamos a desenvolver campanhas de sensibilização para que as comunidades tornem-se resilientes no caso da seca. É um fenómeno novo, as comunidades não tem o domínio como outros fenómenos como cheias. Então, precisávamos explicar às comunidades no sentido de aumentar a produção e a produtividade e depois conservar aquilo que eles produziram".

Ernesto Tungaze Jambo, agricultor que exerce sua actividade em associação no distrito de Guro, disse que o seu grupo já privilegia culturas resilientes à seca - como Mapira, batata-doce, cebola e feijão - para evitar a fome.

"Aqui em Thanda, temos baixa do rio Luenha. Sempre produzimos os nossos produtos - cebola, tomate e feijão - para evitar a fome nesse tempo de seca. Neste tempo, estamos a comprar milho no outro lado, para poder prevenir a fome", explicou.

A nossa fonte fez saber ainda que, na sua região, além da seca, os agricultores enfrentam diversos problemas. Os agricultores são obrigados a percorrer centenas de quilómetros para comprar as sementes.

"Percorremos de 200 a 300 quilómetros à procura de sementes. Aqui onde estamos, há falta de sementes. Não temos uma loja de insumos aqui perto. Recorremos a Chimoio e às vezes que encontramos em Catandica", relatou.

Outro agricultor do distrito de Macossa, na região de Dunda, Euzébio Bazuca, deu a conhecer que as populações naquela zona, por causa da seca, optam por cultivar batata-doce, Mapira e feijão.

"Zonas de Magobidzo também tem problemas de seca. Essas zonas, no tempo de culimar, essas zonas têm problemas de seca. Em Dunda, Magobidzo, Nhampala há problemas de comida. Quando há falta de chuva, Mapira produz. Milho não sai", disse.

Culturas de resiliência à seca em Moçambique

01:22

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