137 migrantes clandestinos intercetados na costa da Líbia
AFP | Lusa | tms
6 de agosto de 2017
Migrantes de diferentes nacionalidades africanas tentavam alcançar a Europa, segundo organização de combate à imigração clandestina na Líbia.
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Cerca de 140 migrantes clandestinos de diferentes nacionalidades africanas foram intercetados este domingo (06.08) ao largo das costas líbias e reenviados para terra quando tentavam chegar à Europa. O grupo incluia cinco mulheres e três crianças, indicou um responsável da luta anti-imigração.
"137 imigrantes clandestinos foram socorridos com sucesso pelos guardas-costeiros (...) e depois forma-nos entregues", indicou à agência noticiosa AFP Amine al-Boussefi, chefe do organismo de combate à imigração clandestina de Tajoura, nos subúrbios leste de Tripoli.
Os migrantes, de diferentes nacionalidades africanas, estavam a bordo de um barco pneumático quando foram intercetados esta manhã a cerca de 20 milhas marítimas a norte de Sayyad, uma pequena localidade costeira 30 quilómetros a oeste de Tripoli, disse à AFP o general Ayub Kacem, porta-voz da marinha líbia.
Os migrantes foram conduzidos à base naval de Tripoli onde as autoridades líbias lhes forneceram água e alimentos. De seguida foram encaminhados de autocarro para Tajoura, onde foram entregues ao organismo de luta contra a imigração clandestina.
Dezenas de migrantes foram reagrupados num pátio, com um pavimento de chumbo, aguardando o reenvio para outros centros de retenção, referiu ainda a AFP.
Crise migratória
Após a revolução que derrubou o ditador Moamer Kadhafi, a Líbia tornou-se o ponto de partida principal para os migrantes que arriscam suas vidas a atravessar o Mediterrâneo em direção à Europa.
Os últimos números da Organização internacional para as migrações (OIM) indicam que mais de 111 mil migrantes chegaram por mar à Europa desde o início de 2017, dois quais 93.500 a Itália. Mais de 2.360 morreram ao tentar a travessia.
Em fevereiro, o chefe da agência europeia de gestão de fronteiras, Fabrice Leggeri, criticou as organizações não-governamentais (ONG) que ajudam os migrantes que tentam chegar à Europa por meio do Mediterrâneo, afirmando que estas estruturas incentivam o tráfico de pessoas e não cooperam com as autoridades.
Milhares de migrantes atravessam Níger rumo à Europa
São jovens oriundos da África Ocidental e fazem tudo para chegar à Europa. Estão mesmo dispostos a arriscar a vida, atravessando o deserto, rumo ao Mediterrâneo. Mas nem todos são bem sucedidos.
Foto: DW/A. Cascais
Apoio aos "menos bem sucedidos"
Em Niamey existe um centro de acolhimento da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Aqui são acolhidos os jovens "revenants", que não conseguiram atravessar o deserto e se veem obrigados a regressar aos seus países de origem. A OIM, que faz parte do sistema das Nações Unidas, dá-lhes abrigo provisório, alimentação e apoio na obtenção de passaportes e outros documentos.
Foto: DW/
À espera do regresso a casa
Os jovens que procuram apoio no centro da OIM vêm dos mais diferentes países: Guiné-Conacri, Mali, Senegal, Gâmbia ou Guiné-Bissau, movidos sobretudo por objetivos económicos. Muitos tiraram cursos superiores, mas não arranjam trabalho. Muitas famílias apostam na emigração de pelo menos um filho. Caso esse filho seja bem sucedido poderá eventualmente apoiar economicamente o resto da família.
Foto: DW/A. Cascais
Frustrados por terem falhado a Europa
Muitos investiram todas as suas economias, pediram dinheiro a familiares e perderam tudo. Agora esperam pelo regresso aos seus países com a sensação de terem sofrido grandes derrotas pessoais. Os assistentes sociais falam de casos em que os jovens não se atrevem a voltar ao seio das suas famílias, "por sentirem vergonha". Precisam de apoio psicológico, mas esse apoio não existe.
Foto: DW/A. Cascais
Otimismo apesar das derrotas
Alguns dos migrantes sofrem lesões e contraem doenças durante a travessia do deserto, mas mesmo assim não perdem o ânimo. Em muitos casos, os jovens tentam várias vezes, ao longo da vida, atingir a terra prometida: a Europa. Muitos nunca o conseguem, mas não perdem o otimismo. Em 2016, a OIM prestou apoio a mais de 6 mil "revenants" - migrantes que não foram bem sucedidos no Níger.
Foto: DW/A. Cascais
Espancado na Líbia
Dumbya Mamadou, de 26 anos de idade, oriundo do Senegal, conseguiu atingir a Líbia, depois de uma "odisseia de 5 dias e 5 noites" pelo deserto do Níger. Mas na Líbia foi maltratado. "Os líbios apontaram-me armas e espancaram-me, não têm respeito pelo ser humano", afirma o jovem. Dumbya volta ao seu país de origem com um sentimento de derrota: "Queria estudar na Europa, agora não sei o que fazer".
Foto: DW/
Roubado no Burkina Faso
Mamadou Barry, de 21 anos, oriundo da Guiné-Conacri, tinha um sonho: aplicar em França os seus conhecimentos de marketing e os seus talentos musicais. Mas a viagem rumo à Europa correu-lhe mal. "Fui roubado no Burkina Faso, o primeiro país pelo qual passei", conta. Mesmo assim, Mamadou aprendeu uma grande lição para a vida: "coisas que nunca teria aprendido se nunca tivesse saído de Conacri".
Foto: DW/A. Cascais
Rap contra a frustração
Mamadou Barry tenta digerir as suas derrotas e decepções através da música. Há três anos que o jovem canta e interpreta temas de rap e hiphop de sua autoria. O seu último tema foi escrito em Niamey, capital do Níger, e tem a seguinte letra: "A migração arrasou-me / e ninguém me pode consolar / O Mar Mediterrâneo já matou muitos / e nós cá continuamos: sem comida, sem cama, sem saúde".
Foto: DW/
Central de autocarros de Niamey: uma placa giratória
É da estação de autocarros de Niamey que partem diariamente centenas de furgonetas, muitas delas repletas de jovens migrantes, em direção ao norte. Os migrantes tornaram-se um fator relevante para a economia do Níger. Há muita gente que ganha a sua vida prestando diversos serviços aos migrantes: viagens pelo deserto, alimentação e mesmo cuidados médicos.
Foto: DW/A. Cascais
Mais migrantes tentam atravessar deserto do Níger
O número de migrantes que viajam através dos vastos territórios desérticos do Níger para chegar ao norte da África e à Europa não pára de aumentar, tendo alcançado os 200 mil em 2016, segundo estimativas do escritório da Organização Internacional para as Migrações. Outras fontes falam de 10 mil migrantes que atravessam o Níger por semana. A situacão geográfica do Níger é o fator determinante.
Foto: DW/A. Cascais
Agadez, o "olho da agulha"
Agadez, cidade desértica no Níger, é um dos principais pontos de trânsito no Saara para os imigrantes em fuga de nações empobrecidas do oeste da África. As "máfias" do tráfico humano têm beneficiado do caos na Líbia para transportar dezenas de milhares de pessoas para o continente europeu em embarcações precárias. Os migrantes muitas vezes sofrem abusos dos passadores.