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Moçambicanos não esquecem o massacre de Homoine

25 de julho de 2017

Assinalam-se, este mês de julho, 30 anos desde o massacre de Homoíne, na província moçambicana de Inhambane, no qual centenas de pessoas foram mortas e outras raptadas.

Mosambik Massengrab Homoine
Vala comum em HomoíneFoto: DW/L. da Conceicao

Na altura – 1987 – decorria a guerra civil entre a RENAMO e as forças governamentais. Até hoje, não se sabe quem foi o autor do massacre.

Alguns sobreviventes, que ainda residem na região, afirmaram à DW África ter tristes recordações desse dia, pois perderam familiares e conhecidos.

Pior massacre da região

Hussen Algy, sobreviventeFoto: DW/L. da Conceicao

Hussen Algy, é um dos sobreviventes e afirma que foi o pior massacre que ocorreu naquele tempo de guerra. O moçambicano perdeu familiares diretos e a namorada. Escapou porque se escondeu na casa de banho, conta. "Depois de ter escapado de ser raptado, porque na minha casa foram raptados os meus pais, as minhas irmãs, a minha namorada e algumas pessoas que estavam à procura de refugio, entrei na casa de banho. Feitas as contas, entre 800 e 1000 pessoas, terão sido mortas nesse dia”, lembra.

Hussen Algy acrescenta que não é fácil esquecer o massacre de Homoíne porque as consequências foram graves. "30 anos para mim é pouco para apagar aquilo que vimos desde o próprio dia do massacre até aos dias de hoje”, afirma.

Esperança Matsimbe, sobreviventeFoto: DW/L. da Conceicao

Esperança Matsimbe é outra sobrevivente. À DW África, a moçambicana conta que perdeu muitos familiares e conhecidos. Uns foram enterrados em valas comuns e outros no cemitério familiar. Esperança Matsimbe escapou porque estava ainda a dormir. "Saí 16 horas e tal depois do cessar o fogo e atravessei a vila para a zona de Chinguirri. Aquilo não era sangue, era água quase", recorda.

O massacre de Homoíne aconteceu por volta das 9 horas da manhã do dia 18 de julho de 1987. Pedro Sevene, agente económico, conseguiu fugir para "uma região segura"(Mubalo) logo quando começou a ouvir tiros e bombardeamentos. No entanto, acabou por perder uma sobrinha. "No dia seguinte pela manhã, quando o fogo cessou voltei aqui para a vila onde tinha a minha banca. Havia muitas pessoas que tinhams sido atingidas", conta. Segundo Pedro Sevene, hoje em dia, "a vila está reconstruída, apesar de haver muita coisa por fazer”.

25.07.2017 Massacre-Homoíne 30 anos - MP3-Mono

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