Muro de Berlim: 35 anos depois, a Alemanha continua unida?
3 de outubro de 2025
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Alemanha derrotada foi dividida em quatro zonas de ocupação, controladas pelas potências aliadas: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e União Soviética.
Em 1949, surgiram dois Estados: a República Federal da Alemanha (RFA), democrática, a oeste, e a República Democrática Alemã (RDA), socialista, a leste, esta última sob controlo soviético. A partir desse momento, a Alemanha ficou dividida.
Os cidadãos da Alemanha Oriental só podiam viajar para o Ocidente sob condições rigorosas. As fronteiras da RDA eram fortemente vigiadas e um enorme muro foi construído em torno de Berlim Ocidental, que pertencia à RFA, para impedir que os cidadãos da RDA deixassem o seu país.
Como se deu a reunificação da Alemanha?
As pessoas na RDA viviam num estado de vigilância, privadas da liberdade de expressão. Aqueles que não seguiam a linha do regime socialista enfrentavam perseguição e prisão.
No final da década de 1980, a população estava cada vez mais a se rebelar contra o governo. Os cidadãos ansiavam pela liberdade e democracia que os seus vizinhos da República Federal da Alemanha desfrutavam.
Entretanto, na União Soviética, as políticas de reforma de Mikhail Gorbachev estavam a dar ânimo. Ao contrário dos seus antecessores, Gorbachev absteve-se de usar a força militar para reprimir os movimentos de protesto na RDA e noutros países do Bloco de Leste.
Em 1989, uma onda de manifestações pacíficas varreu as cidades da Alemanha Oriental, levando eventualmente à queda do Muro de Berlim. Isso abriu caminho para a reunificação entre a Alemanha Oriental e Ocidental.
3 de outubro é o Dia da Unidade Alemã
A abertura do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 foi o ponto de viragem no caminho para a reunificação.
Comemorar a Unidade Alemã nesse dia pode parecer a escolha óbvia.
Mas essa data em particular está mais marcada pela tragédia do que quase qualquer outra na história alemã. Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, os nazis incendiaram sinagogas em toda a Alemanha, destruíram negócios e casas judaicas e assassinaram e prenderam judeus. A «Reichspogromnacht» — também conhecida como Pogroms de Novembro e anteriormente referida como «Kristallnacht» — marcou o início da perseguição sistemática e do assassinato em massa dos judeus.
Por causa disso, ofuscar a lembrança daquela noite com a celebração da reunificação estava fora de questão. Em vez disso, o dia 3 de outubro foi escolhido como o novo feriado nacional. Nesse dia, em 1990, a reunificação foi formalmente concluída, pois foi a data em que a RDA se fundiu oficialmente com a República Federal da Alemanha.
Como os alemães comemoram o Dia da Unidade
A resposta é: de forma bastante discreta. Quem espera fogos de artifício e ruas decoradas com as cores nacionais pode ficar desapontado. No entanto, quase todas as cidades realizam eventos, visitas abertas ao público e comemorações menores.
Além disso, todos os anos, no dia 3 de outubro, um dos estados federais organiza um festival oficial maior — normalmente na capital do estado. A responsabilidade pela organização recai sobre o estado que ocupa atualmente a presidência do Bundesrat — a câmara alta do parlamento alemão.
Em 2025, será a vez do Sarre. Na capital, Saarbrücken, o programa oficial decorre de 2 a 4 de outubro e promete «entretenimento, arte e cultura, especialidades culinárias e turismo, bem como intercâmbio democrático».
A maioria dos alemães, porém, fica simplesmente feliz por desfrutar de um dia de folga.
Por que não há um monumento da reunificação?
Na verdade, deveria haver um há muito tempo. Após quase 10 anos de debate, em 9 de novembro de 2007, o parlamento alemão — o Bundestag — decidiu erguer um «Monumento à Liberdade e à Unidade».
A ideia era instalar uma estrutura de 50 metros de comprimento, transitável, em frente ao Fórum Humboldt, no centro de Berlim. Seria uma metáfora interativa da democracia: quando as pessoas pisassem nela, a plataforma inclinava-se na direção em que a maioria se movia.
Em 2025, o monumento ainda não se concretizou. Disputas entre as empresas contratadas para o construir e as instituições governamentais responsáveis atrasaram a construção.
Ainda não se sabe se e quando uma solução será encontrada. Pelo menos o pedestal já está pronto.
A Alemanha de hoje está realmente unida?
Apesar dos esforços políticos, uma pesquisa recente do instituto de marketing alemão Forsa indica que a Alemanha ainda não superou totalmente a sua divisão.
Atualmente, apenas 35% dos entrevistados afirmam que o Leste e o Oeste «cresceram juntos em grande parte». As diferentes percepções dos entrevistados parecem confirmar a divisão: no Leste, apenas 23% acreditam que os alemães se tornaram um só povo desde 1990, em comparação com 37% no Oeste.
O sentimento de pertença atingiu o seu ponto mais alto em 2019, quando 51% concordaram que os dois antigos países se tornaram basicamente um só. Quando questionados pelo instituto de pesquisa política Infratest dimap sobre o que ainda faltava para uma reunificação bem-sucedida, a resposta mais frequente — com 50% — foi a equalização de salários, pensões e riqueza.