Entre os condenados estão figuras proeminentes da Irmandade Muçulmana, pelo seu envolvimento nas manifestações de 2013 no país.
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A decisão no Tribunal Penal do Cairo será agora encaminhada ao Grande Mufti - a principal autoridade religiosa do país -- que emite uma opinião não vinculativa sobre as sentenças. Geralmente, o religioso aprova as decisões do tribunal.
Dos 75 condenados encaminhados para o Mufti, 44 estão atualmente detidos e 31 foram julgados à revelia.
O anúncio da sentença para outras 660 pessoas foi marcado para 8 de setembro, segundo o portal estatal de notícias Al-Ahram.
O caso envolve 739 acusados, incluindo o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie, e o fotojornalista Mahmoud Abu Zeid. As acusações vão de assassínio a danos à propriedade pública.
O movimento Irmandade Muçulmana foi tornado ilegal no Egito desde que o exército derrubou o ex-Presidente islâmico Mohamed Morsi, em julho de 2013, que foi apoiado nas manifestações.
À queda de Mohamed Morsi – uma operação liderada pelo atual Presidente, Abdel-Fattah al-Sisi - seguiram-se vários meses de violência e repressão das forças de segurança contra os protestos pró-Morsi.
Em agosto de 2013, a polícia e os militares dispersaram as manifestações, matando mais de 700 pessoas.
Julgamentos em massa
Depois de assumir o poder político, o exército egípcio lançou uma ofensiva contra o movimento islamita Irmandade Muçulmana, classificado atualmente pelas autoridades do Cairo como um grupo terrorista.
Os tribunais egípcios têm levado a cabo julgamentos em massa e condenado centenas de pessoas à morte, sob fortes críticas da comunidade internacional.
Em 2014, um juiz egípcio condenou à morte 529 apoiantes de Morsi. Mais tarde, 492 das penas foram convertidas em prisão perpétua.
Organizações de defesa dos direitos humanos criticam as sentenças no Egito e pedem às autoridades que garantam julgamentos justos.
Na semana passada, a Amnistia Internacional descreveu o ambiente como "uma grotesca paródia de justiça” e pediu às autoridades que retirem todas as acusações contra quem se encontra detido por protestar de forma pacífica.
Onda de violência no Egito
As forças de segurança egípcias despejaram dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do Presidente deposto, Mohamed Morsi. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ação de despejo sangrenta
Aconteceu o que se temia. Diplomatas internacionais ainda tentaram travar o uso da força. Mas as forças de segurança egípcias acabaram por despejar dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do ex-Presidente Mohamed Morsi, deposto no início de julho através de um golpe de Estado. O despejo gerou uma onda de violência. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/dpa
Sem olhar a meios
Mulheres, crianças e idosos estavam entre os apoiantes de Mohamed Morsi nos dois acampamentos de protesto no Cairo, junto à mesquita de Rabaa al-Adawiya e na praça Al-Nahda. Aparentemente, o exército egípcio não levou isso em conta quando recorreu à violência para os despejar na manhã do dia 14 de agosto de 2013.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Gás lacrimogéneo e disparos contra manifestantes
Manifestantes e exército defrontaram-se em verdadeiras batalhas de rua. A Irmandade Muçulmana falou de um "massacre" das forças de segurança. A polícia egípcia também sofreu várias baixas. O Governo interino egípcio decretou o estado de emergência no país durante um mês e impôs um recolher obrigatório. A violência no Egito foi duramente criticada a nível internacional.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Brutalidade nos confrontos
A confusão instalou-se sobretudo no acampamento junto à mesquita de Rabaa-al-Adawija. Testemunhas dizem que as forças de segurança expulsaram os manifestantes brutalmente. As entradas para o acampamento teriam sido fechadas, impedindo o acesso a ambulâncias.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Aeroporto do Cairo bloqueado
A polícia e os militares ergueram barricadas à volta do Aeroporto Internacional do Cairo. Foi uma medida de precaução depois do despejo dos acampamentos de protesto na cidade, disse um porta-voz do aeroporto. Alguns voos atrasaram porque os passageiros não conseguiam furar o bloqueio.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Apoiantes de Morsi não desistem
Desde que o Presidente Mohamed Morsi foi deposto pelo exército, a 3 de julho, apoiantes da Irmandade Muçulmana têm ido para as ruas pedir o seu regresso. Para eles, Morsi é o verdadeiro líder do Egito. Por isso, recusam dialogar com o Governo interino.
Foto: Reuters
Violência espalha-se pelo país
Manifestantes e militares defrontaram-se também noutras cidades egípcias, como Assuão (sul), Luxor (sul) e Sohag (centro), onde os manifestantes deitaram fogo a uma igreja copta. No Egito, há cerca de oito milhões de cristãos coptas – a Igreja Copta apoiou a deposição de Mohamed Morsi, no início de julho.
Foto: STR/AFP/Getty Images
"É preciso maior contenção"
A União Europeia está preocupada com a situação no Egito. "A violência não é solução", disse um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. "Pedimos a ambas as partes uma maior contenção". O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, apelou às fações rivais a dialogarem.
Foto: Reuters
Mais protestos
Na praça Al-Nahda, no Cairo, os destroços são o que sobra do acampamento de protesto. O clima de tensão no Egito adensou, depois do dia mais sangrento desde a revolta que derrubou o regime de Hosni Mubarak, em 2011. No Cairo, o exército continua a patrulhar as ruas. São esperados novos protestos da Irmandade Muçulmana.