Ações de prevenção marcam Dia Mundial contra a SIDA
29 de novembro de 2013 O bairro 6 de Maio, um dos aglomerados pobres do concelho da Amadora, na periferia de Lisboa, é habitado maioritariamente por pessoas de origem africana, em particular dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
Raquel Miranda, de origem cabo-verdiana, não está alheia ao perigo de contaminação com o vírus do VIH/SIDA (Síndroma da Imunodeficiência Humana Adquirida) . Conta que aprendeu o básico sobre a doença em ações de formação que recebeu na escola: “pode-se dizer que não é o fim da vida, mas também não é nada agradável. É algo preocupante porque nos limita certas coisas na vida”, considera.
Mãe de dois filhos, Raquel acredita que a informação e educação dentro de casa são essenciais para a prevenção: “tenho muitas precauções mesmo a título de tentar transmitir aos dois filhos, porque o sexo deve ser falado com as crianças sem tabus, para poderem aprender. Antigamente não havia tanta proteção como há nos dias de hoje. Acho que só apanha esta doença quem não tem consciência”, considera.
Portugal, onde decorre até o final do ano a campanha nacional “30 anos: refletir e agir”, é o terceiro dos países lusófonos que registou crescimento da taxa de prevalência da doença. Um estudo recente do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA indica que o número de casos aumentou de 26 mil, em 2001, para 38 mil, em 2012. De acordo com as estimativas das Nações Unidas, surgiram, em média, no mundo mais 2,5 milhões de novos casos.
Comunidade africana em foco
A Associação de Jovens Bué Fixe leva a cabo, neste 1 de dezembro, uma ação de sensibilização sobre o VIH/SIDA junto do seu público-alvo: a população imigrante africana residente na área da Amadora.
Dynka Amorim dos Santos, o presidente da associação, explica que “são populações que têm tido alguns problemas”, pelo que a Bué Fixe se tem focado em ações “na área da saúde, trabalhando com associações locais, com grupos de jovens, com bares, participando em festas, distribuindo preservativos e fazendo sessões de esclarecimento sobre a temática do VIH/SIDA, apostando na formação e informação sobre o VIH”.
No Dia Mundial contra a SIDA, uma equipa da Bué Fixe distribui mais de cinco mil preservativos. “Vai ser uma atividade conjunta entre a ONG (Organização Não-Governamental) Cidadãos do Mundo, Rede VIH/SIDA, a Rede Jovens CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a MTV Portugal. Será o terceiro ano consecutivo em que fazemos essa atividade, no sentido de chamar a atenção que o VIH/SIDA é uma doença grave e todos temos de nos proteger contra esta pandemia”, sustenta Dynka Amorim dos Santos.
Tanto Raquel Miranda como a Sandra Andrade, que a DW África encontrou no bairro 6 de Maio, na Amadora, aplaudem as iniciativas.
“Eu acho que é uma coisa boa, porque é desta forma que a gente vai aprender mais sobre a SIDA”, comenta Raquel. “Acho muito bem, dá para prevenir muitas pessoas que podem estar ainda mal informadas”, acrescenta Sandra Andrade.
Prevenção junto das universidades
O presidente da associação Bué Fixe, Dynka Amorim dos Santos, é igualmente coordenador do Programa Media Jovem Nossa Resposta ao VIH/SIDA. Trata-se de outro projeto que usa as ferramentas de comunicação e de educação direcionadas prioritariamente para os jovens imigrantes africanos.
Pelo que a Bué Fixe tem levado informação também às instituições universitárias.
“Acho muito importante que seja usado [o preservativo] e também dar a conhecer preservativo feminino que ainda não é muito conhecido”, diz uma jovem junto da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde decorreu recentemente mais uma ação de informação e distibuição de preservativos aos estudantes.
“O que a gente precisa é de tornar o aspecto de consciência mais visível, no sentido de se prevenir. Porque há um certo distanciamento, acho eu, de uma boa parte das pessoas” comenta por seu turno um outro jovem.
Em suma, “previnam-se, a prevenção hoje em dia é de graça”, aconselha a jovem Raquel Miranda.