A aposta queniana na energia solar
22 de junho de 2011As crianças na aldeia SOS no Quénia aprenderam muitas coisas novas nos últimos tempos. Por exemplo, sobre energia elétrica, produzida com a luz do sol. Numa aldeia em Mombaça, junto da costa do Oceano Índico, vivem 130 crianças. Os cortes de corrente eram coisa vulgar e constante, como de resto em todo o país.
Mas isso acabou desde que foram montados painéis fotovoltaicos, que produzem 60 kilowats de eletricidade a partir da luz solar – suficiente para a aldeia SOS e para a escola que lhe fica ao lado. Maria, de 13 anos, está encantada: “Nós aqui temos muito sol, faz quase sempre 30 graus à sombra. E assim os painéis fazem eletricidade para as casas”.
A maior instalação de todas
A nova instalação é a maior até agora, instalada numa aldeia SOS. Para inaugurá-la, veio mesmo da Áustria o presidente da organização, Helmut Kutin: “Já pusemos painéis solares mais pequenos no Himalaia, Nepal. Mas esta é a primeira vez que produzimos mais eletricidade do que aquela de que precisamos. E assim damos o exemplo a todo o Quénia. É possível!”, afirma Kutin entusiasmado.
Até agora, o Quênia apostou, sobretudo, na força hidro-elétrica. Mas nas épocas de seca, falta a água nas albufeiras. Quando não há corrente, os que têm dinheiro ligam os seus geradores particulares a gasóleo. A aldeia SOS fez outra opção. Os painéis solares de Mombaça foram construídos por uma firma alemã de Heidelberg em cooperação com empresas quenianas. Custou cerca de 180.000 euros. O projeto foi apoiado pela GIZ – a sociedade alemã para a cooperação internacional. Um dos seus colaboradores é Michael Franz, que diz: “O nosso trabalho foi pôr todos em contacto – a empresa construtora alemã, as empresas quenianas e o investidor, neste caso as Aldeias SOS”.
Amortização rápida do investimento é uma certeza
O investimento deverá ser rapidamente amortizado porque a aldeia SOS de Mombaça deixou de comprar eletricidade. E poderia mesmo vender o excedente, mas no Quénia ainda não há para isso um quadro legal, diz Michael Franz: “De dia produzimos mais eletricidade do que aquela que precisamos. De noite pelo contrário nada. Temos por isso de estudar um mecanismo de compensação. É isso que estamos a fazer atualmente em cooperação com os nossos parceiros”.
Os painéis solares já tiveram, porém, outras consequências inesperadas, como se depreende do entusiasmo das crianças, como Maria de 13 anos, que habita na aldeia SOS: “Quando eu for grande quero ser especialista em energia solar e depois posso ajudar outras crianças noutros países, como agora também me ajudaram”.
Autor: Antje Diekhans (Nairóbi)/ Carlos Martins
Edição: Cristina Krippahl