Cimeira de Lomé: CEDEAO debate crise na Guiné-Bissau
Lusa | ms
13 de abril de 2018
Lomé é este sábado palco de mais uma cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental para tentar encontrar uma solução para o impasse político guineense. Partidos partem para o Togo com expectativas.
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Uma delegação do Partido de Renovação Social (PRS) partiu esta sexta-feira (13.04) para Lomé, no Togo, com uma "expetativa enorme" de que a situação na Guiné-Bissau seja resolvida durante a cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
"A delegação do PRS tem uma expetativa enorme, porque achamos que a Guiné-Bissau deve sair desta situação de instabilidade institucional em que o país está mergulhado e penso que tudo vai ser resolvido num ambiente de tranquilidade", afirmou aos jornalistas, no aeroporto de Bissau, a terceira vice-presidente do partido, Martina Moniz.
Questionado pelos jornalistas sobre se o PRS vai apresentar alguma proposta para ultrapassar a crise no país em Lomé, Martina Moniz disse que vai "esperar o que vai sair de concreto da cimeira".
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"O PRS espera o resultado da cimeira. Não temos nenhuma proposta por enquanto, mas temos alguma coisa na manga, mas depende da cimeira", disse, salientando que o seu partido sempre esteve disponível para resolver o problema de uma forma "tranquila e pacífica" para que o país volte à normalidade.
Martina Moniz insistiu que o seu partido sempre apoiou o Acordo de Conacri - que prevê a nomeação de um primeiro-ministro de consenso - mas sempre "descartou a nomeação de Augusto Olivais".
PAIGC de "espírito aberto"
"Vamos de espírito aberto para tentar encontrar uma solução que desbloqueie a situação do país", disse o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, momentos antes de partir para Lomé.
"Nós sempre estivemos convencidos que o bom senso deve prevalecer. A nossa vocação é reforçar as instâncias da soberania, o Estado de Direito democrático. Portanto é verdadeiramente triste quando é preciso uma mediação estrangeira para nos dizer que é preciso cumprir com as nossas leis internas", afirmou.
Domingos Simões Pereira sublinhou ainda que o país tem de sair desta situação: "Vamos a Lomé preparados para analisar as opções, avaliar as alternativas, para contribuir para o desbloquear a situação política."
O líder do PAIGC disse ainda aos jornalistas que o partido vai continuar a exigir o cumprimento do Acordo de Conacri. Patrocinado pela CEDEAO, o acordo criado para ultrapassar a crise política que a Guiné-Bissau vive há quase três anos foi assinado pelos partidos com representação parlamentar, mais os 15 deputados dissidentes do PAIGC e o presidente do Parlamento,
A CEDEAO considera que o acordo ainda não foi cumprido e em fevereiro sancionou 19 guineenses, entre os quais vários dirigentes do Partido de Renovação Social (PRS), do grupo dos deputados dissidentes do PAIGC e o filho do chefe de Estado guineense.
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Desde que se tornou independente, a Guiné-Bissau viu sentar na cadeira presidencial quase uma dúzia de Presidentes - incluindo interinos e governos de transição. Conheça todas as caras que passaram pelo comando do país.
Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.