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A "democracia interna" de Dhlakama é uma utopia na RENAMO?

3 de maio de 2024

Nesta data, há seis anos, falecia Afonso Dhlakama. Era apologista da democracia interna nos partidos, embora fosse visto como um líder vitalício da RENAMO. Até que ponto o seu sucessor e seus pares seguem esse ideal?

Mosambik  Afonso Dhlakama
Foto: Getty Images/S. Costa

Desde que Afonso Dhlakama faleceu, a 3 de maio de 2018, a RENAMO tem estado a caminhar cada vez mais rápido para o descalabro. O esforço hercúleo para impedir que Ossufo Momade continue ilegalmente na liderança do partido é a prova viva disso.

O analista alemão André Thomashausen entende que "depois do falecimento do presidente quase vitalício da RENAMO, a transição [do poder interno] foi viciada, não se seguiu o processo devido nos termos dos estatutos do partido".

E acrescenta: "Foi uma reunião da comissão política que nomeou Ossufo Momade e não foi a comissão ou congresso do partido que fez essa escolha e assim permaneceu esse mal estar nos quadros da RENAMO e dos ex-militares."

"Faz o que eu digo e não o que eu faço" talvez seja um lema que esteja a ser seguido pelo substituto de Dhlakama. Ossufo Momade não abandou a liderança, mesmo tendo o seu mandato supostamente expirado em meados de janeiro.

Afonso Dhlakama, apesar de ser visto como líder quase vitalício, "o pai da democracia", como se autodenominava, defendia democracia interna. Numa entrevista concedida à DW em outubro de 2017, afirmou que "os líderes não podem ser ditadores, vão trabalhar conforme a harmonia dentro dos seus partidos, mas os líderes às vezes precisam aceitar correr riscos, porque se não vão em frente e não acreditam na estratégia para a paz e vão ouvir os conselhos dos camaradas e amigos, se tudo correr mal vão se rir de si. Por isso, nós os líderes temos de ter democracia interna".

Ossufo Momade, líder da RENAMOFoto: DW/A. Sebastiao

Para o analista alemão, um dos maiores problemas de base do partido é não estar a conseguir transformar-se num verdadeiro partido civil, capaz de concorrer ao mesmo nível que o maior partido do país, a FRELIMO, no desenvolvimento político do país.

E a provar isso, há uma velha guarda militar do partido bastante resistente a ideias arrojadas e a "sangue novo" na liderança, mas que permitem irregularidades internas cometidas pelos seus semelhantes.

Para Thomashausen "parece absolutamente impossível organizar um congresso com 3 mil delegados no termo de 10 dias sem meios para o fazer". 

E como resultados do congresso marcado "a ferro e fogo” para os dias 6 e 7 de maio, na Zambézia, antevê mais do mesmo: "Portanto, não vai ser um congresso legítimo nem digno e a crise da RENAMO na chefia da RENAMO vai continuar e vai afetar o resultado eleitoral da RENAMO nas eleições gerais deste ano e Moçambique possivelmente vai se integrar na tradição triste dos países da África Austral em que ficam reduzidos a um papel simbólico e com uma representação parlamentar abaixo dos 20%."

Moçambique: Um ano após a morte de Afonso Dhlakama

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