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MúsicaAlemanha

A "música quente" de Miroca Paris

Nelson Camuto (São Paulo)
22 de março de 2022

Miroca Paris tem levado a música lusófona aos quatro cantos do globo. O artista luso-cabo-verdiano prepara um novo álbum e tocou no Festival "Over The Border", em Bona, na Alemanha.

Foto: A. Crujo/DW

Miroca Paris é um dos nomes mais sonantes da música lusófona. Aos 16 anos deixou a Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e foi para Lisboa com uma guitarra às costas. Desde então, tem trabalhado com artistas de renome e atuado nos quatro cantos do mundo.

Para o cantor, percussionista, baterista e guitarrista, levar a música lusófona a tantos países diferentes é um privilégio. No ano passado, Miroca Paris fez uma 'tournée' pela Polónia, da qual resultou um EP com temas gravados ao vivo em Varsóvia. Este ano, já esteve em Paris e, no domingo (20.03), tocou em Bona, na Alemanha.

A "música quente" de Miroca Paris

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"É um prazer enorme poder trazer a minha música de Cabo Verde, poder cantar em crioulo e não só. Ainda há muita gente que não conhece a lusofonia, então dá mais prazer ainda."

Miroca elogia a vasta riqueza da música lusófona, que une culturas como as de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal. É uma "mistura cheia de cores, o cheirinho de África, de sabores diferentes, a música quente com ritmos."

11 anos a tocar com Cesária Évora 

Apesar de ter um público bastante internacional, os concertos de Miroca Paris são sempre um ponto de encontro para a comunidade lusófona. Já assim o era com Cesária Évora, a 'diva dos pés descalços', com quem Miroca trabalhou mais de uma década (de 2000 a 2011). Foi a cantora cabo-verdiana que o incentivou a seguir uma carreira a solo, como cantor.

"Apesar de já cantar em Cabo Verde, quando cheguei a Portugal dediquei-me mais à percussão e comecei a tocar com a Sara Tavares. Toquei também com outros artistas que me convidaram logo a sair de Portugal, para dar concertos. Com 20 anos, a Cesária convidou-me a mudar para Paris. Aconteceu tudo muito rápido".

Em digressão com Madonna

Depois de lançar o seu primeiro trabalho a solo, o 'D'Alma', que foi considerado um dos 40 melhores álbuns de 2018 pela World Music Charts Europe, Miroca Paris foi convidado a integrar a digressão mundial da cantora pop Madonna.

A carreira de Miroca Paris é longa, o músico já tocou com duas grandes divasFoto: A. Crujo/DW

Também nos concertos de Madonna se tocava "Sodade", o tema original de Cesária Évora que, mesmo em 2022, o público continua a pedir e a cantar de lágrimas nos olhos.

"É uma música que me persegue. Já me perseguia em Lisboa. Quando eu me juntei com a Cesária, eu já sabia que ia tocar esse tema. Em 11 anos de concertos, todos os anos, em cerca de 100 concertos por ano, tocava esse tema. E depois quando eu deixo a Cesária e começo a fazer os meus concertos, pedem para tocar a "Sodade". Eu começo a tocar com a Madonna e ela decidiu pôr esse tema no reportório."

Novo álbum a caminho

As parcerias com outros músicos permitiram-lhe viajar, absorver outras culturas, aprender e encontrar o seu próprio estilo. Miroca Paris diz que está a preparar um segundo álbum, ainda sem data de lançamento, que acredita mostrar muito mais a sua personalidade - um reflexo de países, pessoas, cores e muita lusofonia.

"Neste momento, eu já sou mais eu do que era antes. Antes, consumia muito dos outros. Acho que no novo disco vou ser mais eu. Hoje eu inspiro-me muito mais em mim mesmo para compor."

Para além de Sara Tavares, Cesária Évora e Madonna, Miroca Paris tocou com muitas outras vozes ao longo dos últimos anos: Angélique Kidjo, Aline Frazão, Bana, Bonga, Boy Gê Mendes, Camané, Celina Pereira, Cuca Roseta, Nancy Vieira, Teófilo Chantre e Tito Paris.

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