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A "revolução" da RENAMO contra a fraude eleitoral

17 de outubro de 2023

Líder da RENAMO, Ossufo Momade, anunciou o início de uma revolução em Moçambique. Milhares de pessoas protestaram em Maputo, Nampula e Quelimane contra os resultados das autárquicas anunciados pelos órgãos eleitorais.

Líder da RENAMO, Ossufo Momade
Foto: Amos Fernando/DW

Maputo parou esta terça-feira (17.10) para testemunhar a manifestação convocada pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

Centenas de pessoas – incluindo jovens, mulheres e idosos – saíram às ruas da capital moçambicana para contestar os resultados intermédios anunciados pelos órgãos eleitorais, que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) na maioria das autarquias.

O líder da RENAMO, Ossufo Momade, anunciou o início de uma "revolução" no país contra a fraude eleitoral: "Através desta revolução – do Rovuma a Maputo, do Zumbo ao Índico – vamos mudar o cenário político", assegurou.

Momade anuncia "revolução" para "mudar cenário político"

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Polícia usa gás lacrimogéneo contra manifestantes

A passeata em Maputo começou na Praça dos Combatentes e percorreu vários bairros até desaguar na sede nacional da RENAMO, na Avenida Ahmed Sekou Touré.

Ossufo Momade desfilou acompanhado por Venâncio Mondlane, o cabeça de lista da RENAMO em Maputo, e por Manuel de Araújo, o candidato do partido em Quelimane.

Ambos se dizem injustiçados nas eleições de 11 de outubro, pois a FRELIMO foi proclamada vencedora nas autarquias onde se candidatavam. A RENAMO contesta os resultados oficiais.

Autárquicas: "Números não batem" em Quelimane

00:58

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Na marcha em Maputo, houve cânticos de vitória e ouviram-se músicas de intervenção social do rapper Azagaia. Os manifestantes repetiram várias vezes "povo no poder".

No entroncamento entre as avenidas Vladimir Lenine e Joaquim Chissano, a polícia fortemente armada tentou dispersar os simpatizantes da RENAMO, lançando gás lacrimogéneo. A marcha seguiu mesmo assim. 

"A democracia não pode morrer em Moçambique. Temos de lutar fortemente", disse um jovem manifestante em declarações à DW.

À frente das sedes da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), os manifestantes aumentaram o tom de contestação, gritando "ladrões".

Um dos cartazes dos manifestantes durante a marcha da RENAMO em Maputo, esta terça-feiraFoto: Amós Fernando /DW

Para além da cidade capital, também houve passeatas nas cidades de Nampula e Quelimane. Em Tete, Manica, Beira e Xai-Xai as marchas previstas foram impedidas pela chuva e pela polícia.

"Revolução" também no apoio à RENAMO

Segundo o analista político Wilker Dias, a "revolução" anunciada hoje pelo líder da RENAMO é uma forma de exercer pressão política sobre "diversos organismos".

Além disso, "é uma revolução para o apoio à própria RENAMO, em termos de popularidade", considera Dias. "Muitos jovens olham para a RENAMO como alternativa política".

No encerramento da marcha na cidade de Maputo, Ossufo Momade apelou aos órgãos de justiça para darem o devido tratamento às denúncias do seu partido sobre fraude eleitoral.

"Se isso não acontecer, nós vamos continuar com a nossa marcha pacífica, ordeira, até que a FRELIMO aceite os resultados", avisou.

Esta terça-feira, a Comissão Nacional de Eleições reconheceu irregularidades nas eleições de 11 de outubro. Mas pediu aos partidos políticos serenidade até à divulgação dos resultados definitivos.

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