A situação dos direitos humanos na Gâmbia é “muito má”
22 de julho de 2011Na Gâmbia, o dia 22 de julho é o dia da liberdade. Um título irónico num país que viola, diariamente, os direitos humanos. Tawanda Hondora, vice-diretor para África da Amnistia Internacional, considera a situação no país “extremamente perigosa”.
que é “hipócrita para o presidente da Gâmbia celebrar o dia da liberdade quando há centenas de pessoas que estão detidas, muitas outras no exílio, simplesmente porque expressaram um ponto de vista que é diferente daquele que é expresso pelas autoridades” do país.
Em relatório divulgado, esta sexta-feira, a Amnistia Internacional apela àquele país da África Ocidental para que páre com as violações dos direitos humanos.
Situação inaceitável para os jornalistas
Esses abusos são particularmente graves para jornalistas, políticos da oposição e seus apoiantes que, de acordo com Tawanda Hondora, “correm diariamente o risco de serem detidos”. O responsável para África da Amnistia Internacional explica que muitos jornalistas da Gâmbia são acusados de traição e detidos em prisões onde sofrem torturas. Situação que é “absolutamente inaceitável” condena Hondara.
No país, não existe liberdade de expressão nem de imprensa. Há jornalistas da Gâmbia exilados no estrangeiro. Aqueles que ficam no país e levantam a voz contra o governo são detidos e muitas vezes torturados nas prisões. Tawanda Hondora considera que “os jornalistas que tentam falar algo contra o governo são perseguidos”.
Ainda esta terça-feira, três jornalistas e membros do partido da oposição que vivem no estrangeiro, incluindo o ex-presidente da União de Imprensa da Gâmbia, Ndey Tapha Sosseh, foram foram acusados de traição à revelia, porque as autoridades, alegadamente, terem distribuido t-shirts com um logotipo em que dizia “Fim à ditadura na Gâmbia”. Outros quatro jornalistas tinham já sido presos em junho e permanecem sob custódia na Gâmbia, onde a traição pode ser punida com a pena de morte.
Apelo internacional
O relatório da Amnistia Internacional aponta que, naquele país da África Ocidental, limitado a norte e a sul pelo Senegal, as execuções extrajudiciais são habitualmente utilizadas, assim como a tortura como meio de obter confissões. As autoridades raramente fazem investigações dos casos de abusos de direitos humanos e abstem-se de chamar à justiça responsáveis de abusos.
A Gâmbia é presidida com mão de ferro por Yahya Jemus Jammeh, que assumiu o poder num golpe de Estado em 1994.
Uma vez que o país parece impenetrável à voz das organizações internacionais, Tawanda Hondora apela a actuação dos países que têm boas relações com a Gâmbia.
O vice-director da Amnistia Internacional para África defende que, nas suas relações e acordos com a Gâmbia, países como a Alemanha, o Reino Unido ou os Estados Unidos devem levar “para cima da mesa assuntos relacionados com os direitos humanos. E devem conseguir obter o compromisso por parte das autoridades da Gâmbia para parar de atacar jornalistas, de perseguir pessoas que pertençam à oposição”. Só assim é possível continuar a lutar para que as pessoas no país “possam exercer livremente os seus direitos cívicos e politicos”, remata Hondora.
Autora: Glória Sousa
Edição: António Rocha