Com discurso anti-miséria, líder-fundador da CASA-CE concorre pela segunda vez à Presidência de Angola. Percurso político de Chivukuvuku é marcado por perseguição e longa passagem pela UNITA.
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Abel Epalanga Chivukuvuku, 60 anos de idade, é brigadeiro na reserva e formado em relações internacionais, pela Universidade da África do Sul. Casado com a professora Maria Victoria Chivukuvuku, é pai de 3 filhos. Depois da tentativa falhada nas eleições gerais de 2012, concorre pela segunda vez ao cargo de Presidente de Angola pela lista da organização partidária da qual é o líder-fundador, a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE).
O seu percurso politico é praticamente todo marcado pela passagem pela União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição, onde exerceu diversos cargos - como o de chefe dos serviços secretos militares da entao organizaçao de guerrilha. Foi ainda representante da UNITA junto às Nações Unidas (ONU), encarregado da UNITA para os países da Europa do Leste, deputado e presidente da bancada parlamentar do partido.
Foi preso politico do regime de Luanda, depois de ter escapado de um atentado em 1992 na sequência dos confrontos que se seguiram às eleiçoes, tendo sido alvejado com sete tiros na perna esquerda.
Da UNITA para a CASA-CE
Em 2012, abandonou a UNITA, a cinco meses das eleições gerais, e fundou a sua organização política, CASA-CE, que nesse mesmo ano concorreu às eleições gerais, tendo eleito oito deputados - transformando-se assim na terceira força politica do país. Se for eleito Presidente de Angola no dia 23 de agosto, Chivukuvuku propõe a implantação de uma nova era para os angolanos, que se traduz na erradicação da fome em cinco anos.
"Temos todos de votar numa nova escolha. A mudança abre uma nova era. Uma nova postura governativa e novas prioridades. Continuar com o mesmo Governo, as mesmas pessoas, as mesmas práticas, os mesmos comportamentos e os mesmos vícios, é prejudicar o pais," defende.
"A CASA-CE está decidida a acabar com a fome em cinco anos e a erradicar a pobreza extrema em dez anos. O importante é aplicar os imensos recursos do pais em beneficio dos angolanos," promete o político.
Acabar com a corrupção?
Abel Epalanga Chivukuvuku espera que as eleições gerais a ter lugar no próximo dia 23, sejam livres, justas e transparentes, e que os angolanos não depositem mais os seus votos nos corruptos de sempre.
"A CASA-CE está decida a acabar com a corrupção. Com o assambarcamento do erário público, com o desperdício, com a má governação e com a insensibilidade -caraterísticas básicas do atual Governo," afirma Chivukuvuku.
Chuvukuvuku para OL2 - MP3-Stereo
"Lembrem-se das falências da CAP [Caixa Agro Pecuária], do BESA [Banco do Espírito Santo Angola] e agora do BPC [Banco e Poupança e Crédito], além de outros escandolos financeiros conhecidos. Não há razão para continuar a votar num partido que em 42 anos não foi capaz de resolver os problemas básicos da população," critica o candidato à presidência e líder da CASA-CE.
Controvérsias
Tal como o líder da UNITA, o lider da CASA-CE também fez a declaração dos seus bens, mas não revelou os nomes das empresas nas quais tem interesses.
Se isto poderá ou não causar uma situação de embaraço ao candidato a futuro Presidente de Angola, o certo é que Chivukuvuku promete aos eleitores que não irá desviar nenhum tostão do erário público.
"Prometemos e assumimos o compromisso de que não iremos defraudar o nosso país," garante Abel chivukuvuku.
Além dos negócios em que está envolvido, os seus rendimentos mensais vêm também da sua reforma como brigadeiro, como presidente da CASA-CE, como deputado reformado, e também enquanto membro do Conselho da República.
Angola: Os contrastes de um gigante petrolífero
O "boom" do petróleo ainda não é para todos. Ao mesmo tempo que Angola oferece oportunidades de investimento a empresas nacionais e estrangeiras, mais de um terço da população vive com menos de um dólar por dia.
Foto: DW/R. Krieger
Lama no cotidiano
O bairro Cazenga é o mais populoso de Luanda – ali, vivem mais de 400 mil pessoas numa área de 40 quilômetros quadrados. Em outubro de 2012, chuvas fortes obrigaram muitos habitantes a andar na lama. Do Cazenga saíram muitos políticos do partido governista angolano MPLA. "Uma das prioridades de políticos pobres é a riqueza rápida", diz o economista angolano Fernando Heitor.
Foto: DW/R. Krieger
Dominância do MPLA
Euricleurival Vasco, 27, votou no MPLA nas eleições gerais de agosto de 2012: "É o partido do presidente. Desde a guerra civil, ele tenta deixar o poder, mas a população não deixa". Críticos dizem que José Eduardo dos Santos não cumpriu nenhuma promessa eleitoral, como acesso à água e à eletricidade. Mas o governo lançou um plano de desenvolvimento em novembro para dar esses direitos à população.
Foto: DW/R. Krieger
Economia informal em Angola
Muitos angolanos esperam riqueza do chamado "boom" do petróleo. Mas grande parte da população é ativa na economia informal, como estas vendedoras de bolachas na capital, Luanda. Segundo a ONU, 37% da população vivem com menos de um dólar por dia. Elias Isaac, da organização de defesa dos direitos humanos Open Society, considera este um "contrassenso" entre "crescimento e desenvolvimento".
Foto: DW/R. Krieger
Uma infraestrutura de fachada?
A capital angolana Luanda é considerada uma das cidades mais caras do mundo. Um prato de sopa pode custar cerca de 10 dólares num restaurante, o aluguel de um apartamento mais de cinco mil dólares por mês. A Baía de Luanda é testemunho constante do "boom" do petróleo: guindastes e arranha-céus disputam quem é mais alto.
Foto: DW/Renate Krieger
O "Capitólio" de Angola
Próximo à Baía de Luanda, surge a nova sede do parlamento angolano. O partido governista MPLA vai ocupar a maior parte dos 220 assentos: elegeu 175 deputados em agosto de 2012. Por outro lado, o MPLA perdeu 18 assentos em comparação à eleição de 2008. A UNITA, maior partido da oposição, ganhou 32 assentos em 2012 – mas tem pouco espaço...
Foto: DW/R. Krieger
O presidente no cotidiano de Luanda
…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) "domina tudo": o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.
Foto: DW/R. Krieger
Dormir nos carros
Os engarrafamentos são frequentes em Luanda. Por isso, muitos funcionários que moram em locais mais afastados já partem para a capital angolana de madrugada. Ao chegarem em Luanda, dormem nos carros até a hora de ir trabalhar – juntamente com as crianças que precisam ir à escola. A foto foi tirada às 06:00h da manhã perto do Palácio da Justiça em novembro de 2012.
Foto: DW/R. Krieger
A riqueza em recursos naturais de Angola
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de gás natural. A primeira unidade de produção de LNG – Gás Natural Liquefeito, em inglês – foi construída no Soyo, norte do país, mas ainda está em fase de testes. A fábrica tem uma capacidade de produção de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano.
Foto: DW/Renate Krieger
Para acabar com a dependência do petróleo...
A diversificação da economia poderia ser uma solução, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo angolano criou um fundo soberano do petróleo para investir no país e no estrangeiro, e para ter uma reserva caso haja oscilações no preço do chamado "ouro negro". Uma alternativa, segundo especialistas, poderia ser a agricultura, já que o petróleo só deve durar mais 20 ou 30 anos.
Foto: DW/R. Krieger
Angola atrai estrangeiros
Vêem-se muitas placas em chinês e empresas chinesas em Angola. Os chineses são a maior comunidade estrangeira no país. Em seguida, vêm os portugueses, que em parte fogem à crise económica europeia. Depois, os brasileiros, por causa da proximidade cultural. Todos querem uma parte da riqueza angolana ou investem na reconstrução do país.
Foto: DW/R. Krieger
Homem X Asfalto
Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir "no homem e não no asfalto". Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.
Foto: DW/Renate Krieger
Para onde vai o dinheiro?
O que aconteceu com 32 mil milhões de dólares lucrados pela empresa petrolífera estatal angolana Sonangol entre 2007 e 2011? Um relatório do FMI constatou, em 2011, que faltava essa soma nos cofres públicos. A Sonangol diz ter investido o dinheiro em infraestrutura. Elias Isaac, da Open Society, diz que o governo disponibiliza mais informações – o que "não é sinônimo de transparência".