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Desporto

A travagem de Cristiano Ronaldo

Rui Almeida
17 de abril de 2019

Golos, conquistas, recordes: a luta ombro a ombro entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi conhece, a cada dia, novos capítulos. Avançado português da Juventus está fora da Liga dos Campeões.

Ronaldo fora das meias-finais da Champions, oito anos depoisFoto: Reuters/A. Lingria

Depois de oito anos seguidos sempre presente nas meias-finais da Liga dos Campeões, Cristiano Ronaldo vê a sua impressionante série interrompida pela eliminação da Juventus nos quartos-de-final, frente ao Ajax. O avançado português tem na competição uma das suas preferências, mas este ano o conjunto holandês travou a caminhada de Ronaldo e da "vecchia signora" rumo a uma "apetecida" final entre Juventus e Barcelona.

O reencontro de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi era, secretamente, um dos momentos desejados pela UEFA para potenciar ainda mais o encontro decisivo da Liga dos Campeões, esta temporada. Na sua época de estreia na liga italiana, o avançado madeirense deixara de protagonizar os duelos com o astro argentino na liga espanhola, pelo que a possibilidade de voltarem a estar frente a frente, para mais num encontro decisivo da principal prova europeia de clubes, ganhava adeptos a cada eliminatória ultrapassada.

Impressionante série de Ronaldo

Ronaldo tem um currículo impressionante na Champions: nos últimos oito anos, esteve sempre, pelo menos, nas meias-finais, e ganhou a prova por cinco vezes. A sua primeira vitória foi em 2007/2008, com o Manchester United, batendo o Chelsea na marcação de pontapés de grande penalidade. Depois, com o Real Madrid, venceu em 2013/14, no estádio da Luz, em Lisboa (4-1 ao Atlético Madrid, após prolongamento), repetindo triunfos nos três últimos anos com a camisola dos "merengues": em 2015/16, em Milão, de novo sobre o Atlético Madrid, no ano seguinte, em Cardiff, vencendo por 4-1 a Juventus, e a época passada, em Kiev, com o triunfo por 3-1 sobre o Liverpool.

Uma pelo Manchester United, quatro pelo Real Madrid: a mão cheia de CristianoFoto: Reuters/H. McKay

O jogador português, de resto, nunca havia perdido, na sua carreira, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, pelo que o afastamento da noite de ontem ganha ainda mais significado. Para lá de que Lionel Messi parece voltar aos grandes momentos: foi a mola do Barcelona na vitória (3-0) sobre o Manchester United, em Camp Nou, marcando os dois primeiros golos e estando na jogada para o terceiro, de Philippe Coutinho. Na história da rivalidade entre os dois mais marcantes jogadores mundiais dos últimos dez anos, o argentino parece, portanto, levar a melhor esta temporada, em que ambos pretendem voltar a discutir a "Bola de Ouro" e o prémio "The Best", os dois galardões para o melhor futebolista do planeta.

Messi pode festejar mais esta época

Há seis anos que Cristiano Ronaldo é o melhor marcador da Champions League. Embora em 2014/15 tenha "dividido" a proeza com Lionel Messi e Neymar, o português perseguia mais um recorde. Mas será Messi a conseguir ganhar a corrida, este ano. O jogador do Barcelona já marcou dez golos na prova milionária, enquanto Ronaldo se fica pelos seis.

Messi pode juntar Champions e Copa del Rey à liga espanhola, praticamente conquistada pelo BarcelonaFoto: Reuters/S. Perez

Na luta luso-argentina sobram ainda as competições domésticas. E, nesse campo, ambos se irão, certamente, sagrar campeões nacionais. A supremacia do Barcelona na liga espanhola e da Juventus no campeonato italiano é gritante, deixando a concorrência a léguas. Já Messi pode juntar ao título nacional a Copa del Rey: o Barcelona está na final com o Valência, e irá jogá-la em Sevilha no dia 25 de maio. Cristiano Ronaldo não poderá festejar a vitória na Coppa Italia: a Juventus foi eliminada nos quartos-de-final pela Atalanta, de Bérgamo.

Quem se segue a dois extraterrestres?

Números à parte, a geração de Ronaldo e Messi divide-se nas preferências, mas coincide nas evidências: são os dois maiores futebolistas dos últimos dez anos, e a sua rivalidade irá deixar saudades. Cristiano tem já 34 anos (completos em fevereiro), enquanto Messi fará 32 em junho.

Se a diferença de dois anos entre eles pode fazer com que o argentino esteja em competição ate mais tarde, não deixa de ser verdade que ambos caminham para a reta final dos seus trajetos ao mais alto nível. A herança que deixam é pesadíssima. Haverá alguém capaz de a honrar?

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