Partido do Renascimento Angolano - Juntos por Angola (PRA-JA) é o novo projeto político do antigo líder da CASA-CE, Abel Chivukuvuku. Político já submeteu legalização do partido ao Tribunal Constitucional.
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À frente do PRA-JA está Abel Chivukuvuku, afastado da liderança da CASA-CE, a terceira maior força política de Angola, em fevereiro deste ano, depois de ser acusado de fazer oposição à própria coligação.
O novo partido surge assim menos de seis meses depois com a promessa de ser uma "alternativa" no "firmamento político" de Angola. Durante a cerimónia da Assembleia Constituinte do PRA-JA, esta sexta-feira (02.08), Abel Chivukuvuku apontou as eleições autárquicas como o primeiro desafio, embora o seu principal foco sejam as eleições gerais de 2022.
"Dedicaremos o ano de 2021 para trabalharmos afincadamente para o nosso crescimento e estarmos preparados para as eleições gerais de 2022, nas quais teremos que ser, para o bem de todos os angolanos, uma alternativa positiva, pacífica, para o nosso país", disse em Luanda perante várias dezenas de apoiantes.
Confiante na legalização
O pedido de formalização do novo partido foi entregue esta sexta-feira no Tribunal Constitucional (TC) de Angola, após um percurso de três quilómetros feito a pé pelo próprio político. À saída, Abel Chivukuvuku manifestou-se "completamente confiante" na legalização do novo partido.
"É a primeira vez na minha vida que faço um partido político, nunca o fiz, e pela primeira vez vou fazê-lo e quero ter também confiança nas instituições da República de Angola", referiu. Segundo o político, para o processo de legalização, que se consubstancia na recolha de assinaturas de suporte, a meta é "largamente ultrapassar a norma legal, que diz que são 7.500".
"Nós vamos apresentar entre 30 mil a 50 mil [assinaturas] para garantir que não haja empecilhos. Terminada esta fase esperaremos também pela legalização do PRA-JA, o que nos levará para a terceira e derradeira que será a institucionalização", avançou.
Bandeira e lema
Antes da deslocação ao TC, foram aprovadas a sigla e a bandeira do novo partido, que escolheu como lema "Servir Angola".
Abel Chivukuvuku funda PRA-JA, um novo projeto político em Angola
Diante de dezenas de apoiantes, Chivukuvuku fez várias promessas, incluindo a de colocar o cidadão angolano no centro do trabalho político.
"Chegou a hora de assumirmos o angolano como a razão de ser de todos os nossos propósitos políticos e da nossa existência como servidores públicos", afirmou. "Assumamos os cidadãos angolanos como a base essencial para a construção, assumamos as nossas crianças muitas vezes deixadas desprotegidas horas a fios pelas corajosas mães zungueiras", acrescentou.
Chivukuvuku realçou ainda que são precisas mudanças de fundo no país "para acabarmos com a fome em Angola, para acabarmos com as crianças fora do sistema de ensino, para acabarmos com a juventude que não tem emprego".
Caso a nova força política seja aprovada pelo Tribunal Constitucional, o primeiro congresso do PRA-JA deverá ser realizado no primeiro trimestre de 2020. Os estatutos do projeto político de Abel Chivukuvuku deverão prever um mandato de presidente de cinco anos, renovável apenas uma vez.
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.