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Angola: Acidentes rodoviários deixam cicatrizes para sempre

José Adalberto
8 de maio de 2023

Os desastres rodoviários são a segunda principal causa de morte em Angola. Só em 2022, morreram nas estradas angolanas 2.999 pessoas. Os acidentes também deixam marcas profundas aos que sobrevivem.

Foto: DW/Nelson Sul d'Angola

Cerca de 50 vítimas de acidentes de viação chegam diariamente ao Centro Ortopédico de Reabilitação Polivalente Dr. António Agostinho Neto, em Luanda.

Beatriz Moniz frequenta este centro na capital angolana há quase um ano. Sofreu um acidente de motorizada que levou à amputação da sua perna esquerda.

"Quando me deram a notícia que seria amputada foi muito triste. Eu não estava a conseguir-me conformar, mas, graças a Deus, com a força de alguns padres, madres e irmãs da Igreja que me deram muita coragem, aí me aceitei", conta.

As pessoas entre os 18 e 47 anos são o grupo populacional que mais morre nas estradas em Angola.

Angola: Acidentes rodoviários deixam cicatrizes para sempre

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A médica Anacleta Kussumba, responsável pelo setor de ortopodesia no centro ortopédico da capital angolana, revela que a instituição recebe, todos os dias, cerca de cinquenta pacientes, vítimas de acidentes rodoviários.

"Eles passam primeiro por consultas, são avaliados pelos médicos fisiatras, médicos de clínica geral, e, depois, vem para aqui, para a área de ortoprotesia. Nós aqui temos fisioterapeutas que preparam os pacientes", diz.

À espera de uma prótese

Anilson Celestino, vítima de um acidente rodoviário, está à espera de uma prótese. "Não sei se conseguirei fazer as coisas que fazia, mas com o apoio da família, amigos e dos doutores estou aqui a contentar-me, porque eu não pensava que estaria em vida", conta à DW.

Beatriz Moniz admite que, após a aquisição de uma prótese, espera também regressar à sua província de origem, o Cuanza Norte, e retomar a sua vida normal. "A prótese vai-me possibilitar fazer o que fazia antes, porque antes estudava, vendia e conseguia sustentar os meus filhos, mas assim não consigo estudar e trabalhar", explica.

Francisco Paciente, presidente da Associação Nova Aliança de Taxistas de Angola (ANATA), indica que, semanalmente, a sua organização regista cerca de cinco acidentes rodoviários. Neste momento, a ANATA, acompanha doze antigos motoristas que ficaram incapacitados na sequência de desastres na estrada.

"Estamos a falar de cerca de doze jovens que tiveram acidentes graves, estão sem os membros superiores ou inferiores, outros estão com objetos metálicos e à espera de cirurgias", precisa.

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