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SociedadeSão Tomé e Príncipe

Acordo CPLP: São Tomé e Príncipe irá perder população jovem?

26 de dezembro de 2021

Entra em vigor, no dia 1 de janeiro de 2022, o acordo de livre circulação entre quatro países da CPLP. Sociólogo ouvido pela DW alerta que poderá representar uma diminuição da população jovem em São Tomé e Príncipe.

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Foto: João Carlos/DW

Faltam poucos dias para a entrada em vigor do acordo "histórico” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, (CPLP), que permite a livre circulação entre os país que compõem a comunidade.

Para já, o acordo abrange apenas Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e a Guiné-Bissau, países que já entregaram ao secretariado-executivo da organização os instrumentos de ratificação.

O acordo foi alcançado na cimeira de Luanda, em julho passado, como explica o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, que esteve de visita a SãoTomé e Príncipe.

 "Gostaria de congratular-me por termos sido dos três primeiros países que contribuíram para que o acordo de mobilidade no âmbito da CPLP entre em pleno vigor no próximo dia 1 de janeiro".

Alívio para a juventude

O acordo de mobilidade, há muito aguardado, representa, segundo António Costa, "uma enorme responsabilidade para o futuro das novas gerações”. Mas significa também um alívio para a juventude.

Centenas de estudantes são-tomenses anualmente tentam estudar em Portugal mas muitas vezes sem sucesso devido às exigências do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Primeiro-ministro português, António Costa, e Jorge Bom JesusFoto: Graça Ramusel/DW

 "O problema da concessão de vistos aos estudantes de São Tomé, para Portugal, não voltará a colocar-se. Este é um exemplo de grande passo em frente que damos com este acordo de mobilidade".

Por isso, Jorge Bom Jesus, primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, considera o acordo de mobilidade alcançado pela CPLP como sendo o início de uma nova era para a organização com vinte e cinco anos de existência.

"O que vai permitir ultrapassar esta ‘CPLP das reuniões', dos grandes fóruns, muito institucional, para uma ‘CPLP das pessoas', sobretudo nós que temos uma juventude, é bastante importante esta interação entre jovens dos nossos espaços comunitários", salientou.

Sociólogo deixa alerta

Ouvido pela DW África, o sociólogo Olívio Diogo, congratula-se com o acordo de livre circulação, mas alerta que poderá representar uma diminuição da população jovem em São Tomé e Príncipe.

Teme que possam servir para repovoar os concelhos desabitados em Portugal, comprometendo, assim, o desenvolvimento do arquipélago lusófono de 200 mil habitantes.

"O que vai acontecer é que Portugal irá receber esses estudantes, que vão para concelhos que têm menos habitantes. E São Tomé e Príncipe que é um país muito pequeno, com 200 mil habitantes, entra numa avalanche para enviar estudantes. Daí que a economia portuguesa aumentará a sua mão-de-obra, aumentará o pagamento dos impostos laborais que existem. Em contrapartida, nós, em São Tomé e Príncipe, teremos uma fuga maciça da juventude, mão de obra ativa", afirma.

Também Moçambique já ratificou o acordo de mobilidade, enquanto Angola já o fez aprovar no Parlamento.

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