Primeiro-ministro em Bissau é "grande avanço", diz CPLP
Lusa
17 de outubro de 2016
O secretário-executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) considera que o acordo criará condições para retomar ritmo de crescimento na Guiné-Bissau. Murade Murargy espera que não surjam "novo entraves".
Publicidade
O secretário-executivo da CPL), Murade Murargy, afirmou esta segunda-feira (17.10.) que a nomeação de um primeiro-ministro na Guiné-Bissau, conforme decidido na semana passada, será um "grande avanço”, e disse esperar que não surjam "novos entraves” para o fim do impasse político no país.
Sobre este impasse na Guiné-Bissau, Murade Murargy considera que "todas as iniciativas que visam encontrar uma solução definitiva de paz e estabilidade na Guiné-Bissau serão bem-vindas".
Em entrevista à agência de notícias Lusa, o secretário-executivo da CPLP defendeu que a nomeação de um primeiro-ministro de permitirá "criar condições para que a Guiné-Bissau possa retomar o ritmo que já vinha acontecendo aquando das eleições que tiveram lugar há dois anos."
Murargy lembrou no entanto que, no passado, já se chegaram a "conclusões idênticas" e perguntou: "Como encontrar o tal consenso para nomear a pessoa?". O secretário-executivo da CPLP disse ainda esperar que "não surjam novos entraves para que isso aconteça".
Acordos de Conacri
Dirigentes políticos da Guiné-Bissau concordaram, na última sexta-feira (14.10.), nomear um primeiro-ministro de consendo,a definir, que deverá liderar um novo Governo até o final da legislatura (2018).
O entendimento foi alcançado na capital da Guiné-Conacri, onde os dirigentes políticos da Guiné-Bissau estiveram reunidos desde a terça-feira passada (11.10.), sob mediação do Presidente daquele país, Alpha Condé, que representou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O encontro resultou no documento de dez pontos intitulado "Acordos de Conacri”, que foi subscrtito pelos dirigentes de Bissau. O documento, redigido em francês, prevê no primeiro ponto a "escolha consensual", sem prazo definido, de "um primeiro-ministro que tenha a confiança do Presidente da República" e que "deve ficar em funções até às eleições legislativas de 2018".
Impasse político em Bissau
Em janeiro deste ano, um grupo de 15 deputados do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) retirou-se do partido e juntou-se à oposição – o Partido da Renovação Social (PRS) -, constituindo numa nova maioria que formou o atual Governo, empossado pelo Presidente da República.
Entretanto, este Executivo não conseguiu aprovar o seu programa n o Parlamento, nem o Orçamento de Estado para 2016, levando ao atual bloqueio.
O documento subscrito em Conacri prevê que aqueles "15 deputados sejam reintegrados no PAIGC, sem condições, mas em conformidade com as regras em vigor no partido".
De acordo com a Lusa, outros dois pontos acordados nesta segunda-feira em Conacri sublinham "a possibilidade de se nomearem para o Governo inclusivo personalidades independentes e membros da sociedade civil" - sendo que o programa do executivo vai resultar de "uma mesa redonda de diálogo nacional a realizar nos 30 dias seguintes à nomeação do primeiro-ministro".
Eleições gerais na Guiné-Bissau, um marco de esperança
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) de domingo, dia 13 de abril de 2014, na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas.
Foto: DW/João Carlos
Primeira votação desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) deste domingo (13.04.) na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas. Segundo a Comissão Nacional de Eleições, CNE, a taxa de participação no escrutínio foi de 79,4%, a mais alta da história do país.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Guineenses elegem um presidente e 102 deputados
Mais de 770.000 cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais escolheram entre 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrerem à Assembleia Nacional Popular. De acordo com as diferentes missões de observação eleitoral, tanto na capital como no interior foram detetados apenas pequenos problemas que não afetam a votação. A CNE deverá apresentar os resultados definitivos dentro de uma semana.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Quem for eleito "deve ser abraçado por todo o povo", diz Chissano
O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano (à esq.) pediu aos guineenses que estejam prontos para aceitar com "calma" os resultados das eleições gerais. De acordo com o chefe da missão de observadores eleitorais da União Africana, estavam reunidas todas as condições para a realização das eleições na Guiné-Bissau. A UA tem uma equipa de cerca de 60 pessoas a acompanhar as eleições gerais no país.
Foto: DW/Braima Darame
"Paz, paz" foram as palavras do chefe das forças armadas guineenses
O general António Indjai, que liderou o golpe de Estado que em 2012 interrompeu as eleições presidenciais na Guiné-Bissau, lançou pombas brancas depois de votar este domingo em Bissau. Para as eleições, Indjai trocou o uniforme por uma túnica branca. A impunidade do exército é considerado um dos grandes problemas do país e uma reforma é considerada tarefa urgente do novo Presidente.
Foto: DW/Braima Darame
Bissau parou no último dia de campanha eleitoral
Na sexta-feira (11.04.), comércio e instituições da capital guineense fecharam as portas durante a tarde e milhares de cidadãos saíram às ruas para celebrar a democracia. De forma a evitar confrontos entre apoiantes dos diferentes candidatos e partidos, mais de 2.000 homens das forças de defesa e segurança garantiram a segurança através de barreiras entre os espaços ocupados pelos candidatos.
Foto: DW/Braima Darame
Campanha marcada por "desobediência à disciplina dos partidos"
As clivagens no seio dos partidos guineenses foram notórias durante a campanha eleitoral: tanto dirigentes, como militantes dos diferentes partidos apoiaram candidatos de outros quadrantes. Nos comícios viram-se também apoiantes com adereços do partido que apoiam nas legislativas e com material de um candidato presidencial de outra força. A dissidência foi mais vincada entre os jovens.
Foto: DW/Braima Darame
Ramos-Horta pediu ao partido vencedor que inclua as outras forças políticas
Para José Ramos-Horta, desde o golpe de Estado de abril de 2012 na Guiné-Bissau passaram dois anos difíceis em que se abriram muitas feridas. Segundo o representante da ONU em Bissau, as sanções impostas ao país só poderão ser aliviadas através de “um ato eleitoral que não deixe dúvidas à comunidade internacional” quanto à sua transparência.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Amos Sawyer quer integração e desenvolvimento sustentado na Guiné-Bissau
O chefe da missão de observadores eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, CEDEAO, pediu aos líderes dos partidos guineenses que estejam “prontos para fazer sacrifícios em prol do país”. O ex-Presidente interino da Libéria lidera a missão de 220 observadores que a CEDEAO enviou para acompanhar as eleições gerais na Guiné-Bissau.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Serifo Nhamadjo quer "o mundo a aplaudir as eleições" na Guiné-Bissau
Numa mensagem aos guineenses no último dia de campanha, o presidente de transição apelou à participação em massa no escrutínio: "o mundo está de olhos postos em nós”, disse Nhamadjo, referindo que a população deve votar “em liberdade e consciência”. As eleições são um dos últimos passos no período de transição política que o país vive desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Morte de Kumba Ialá gerou preocupação entre políticos e população
De acordo com fontes familiares, Kumba Ialá morreu devido a doença cardíaca a 4 de abril passado. Segundo o seu médico particular e sobrinho, Kumba "pediu para ser sepultado só depois da vitória de Nuno Gomes Nabiam", candidato presidencial que apoiava. Recentemente, o representante da ONU em Bissau, José Ramos-Horta, apelou para que “não haja aproveitamento político” da morte do ex-Presidente.
Foto: DW/B. Darame
Cidadãos guineenses na diáspora depositam confiança nos seus futuros governantes
Apesar de reclamações pela lentidão com que decorreu a votação por limitação de urnas, a comunidade guineense em Portugal participou com entusiasmo nas eleições. Os futuros dirigentes da Guiné-Bissau terão a responsabilidade de criar condições para o regresso dos que foram obrigados a deixar o país devido à instabilidade política.